Fotomontagem: Microcontoscos
De novo e novamente. Conseguiram de maneira mais forte do que na eleição anterior trazer à tona velhos preconceitos que se guardam por correntes políticas, e como na eleição anterior usa-se a religião com objetivos políticos. A diferença é que desta vez a questão virou o tema principal do discurso dos candidatos. Se em 2006, à luz da repercussão d'O Código Da Vinci, se falava de uma atuação secreta da Opus Dei na campanha (inclusive acusando Geraldo Alckmin de fazer parte da prelatura) agora o tema do debate se reduziu ao fato de a candidata Dilma Rousseff (e todo o PT por tabela) ser favorável ao aborto.
Como jornalista é uma espécie que não sabe ser plural na temática - já que é polêmica que dá audiência - vários outros temas ficam escanteados como política externa, sistema carcerário, infraestrutura, entre outros que não dão ibope e nem tiram o ibope do adversário. E isso toma uma proporção perigosa quando nos lembramos que vivemos num estado laico, que o é assim porque o estado deve servir a todos independe da escolha da crença religiosa.
E o melhor (ou pior, dependendo do ponto de vista) é ver os candidatos irem a templos, igrejas e afins para tentar conquisar a simpatia dos fiéis, uma forma eficaz na cabeça do candidato já que para eles reuniões e declarações de apoio de líderes religiosos é garatia de que quem frequenta aquele templo vai votar em quem o líder indicar. É como conquistar votos no atacado, bem mais eficaz do que ficar indo de eleitor em eleitor pedindo votos.
Ontem, no debate da Band em que a candidata Weslian Roriz não compareceu, o candidato Agnelo Queiroz acabou por ter que passar por uma sabatina, e aí os jornalistas presentes puderam variar o tema. Se tivesse algum candidato ali dividindo a bancada com Agnelo fatalmente o debate acabaria descambando para a troca de acusações mútuas. Felizmente fomos salvos disso.
Diante de todo este cenário em que políticos estão mais preocupados em vencer e ter poder do que com os temas nacionais que necessitam de posicionamento e atenção, o humor impera e se esbalda como sempre faz com todo tema polêmico e de grande repercussão. Mas não me surpreenderia se a cabine de votação fosse mesmo como na foto acima.
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