terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

03 de fevereiro de 1914

Quem é que quando joga a poeira se levanta? É O SANTA!!!

Recife no início do século XX tinha uma novidade que aos poucos foi se popularizando cada vez mais - o foot-ball - esporte criado pelos ingleses que já conquistava o futuro país do futebol. Na Veneza Brasileira o esporte mais popular na época era o remo, esse sim considerado esporte de homem, tanto que algumas agremiações foram meio reticentes às solicitações de inserção da prática ludopédica por parte de seus atletas.

Porém, longe destes clubes da aristocracia surgiam campos de futebol nas várzeas que ainda existiam aos montes pela cidade e assim o povo começou a tomar gosto pelo novo esporte. E foi deste mesmo povo que surgiu a ideia, vinda de um grupo que costumava jogar no pátio de uma igreja no bairro da Boa Vista, de fundar um novo clube, que desde sua origem já se desenhava diferente dos demais existentes, tanto que o mesmo seria batizado com o nome do pátio da igreja onde os membros se reuniam para jogar bola. Assim a Igreja no Pátio de Santa Cruz viu nascer o Santa Cruz Futebol Clube.

Para aqueles menos familiarizados suas cores são o preto, o branco e o vermelho. Da composição destas cores na camisa se escolheu o animal símbolo que se tornaria a alcunha do clube: a cobra-coral.

O clube que sempre se notabilizou por ser o clube das multidões tem hoje o seu dia de celebração. É o dia dos frevos de Capiba e Nelson Ferreira, eternos tricolores, tocarem mais alegres. O segundo inclusive deixou para a posteridade um hino de exaltação que seria o grito entoado por todos os seus seguidores nos momentos de luta e nas grandes glórias que transformaram o Santa Cruz no Terror do Nordeste:

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A camisa coral já foi honrada e defendida por grandes craques do futebol brasileiro. Só como exemplo é possível citar Tará, Zequinha, Nunes, Givanildo, Ramón, Fumanchu, Levir Culpi, Zé do Carmo, Ricardo Rocha, Rivaldo, Marcelo Ramos, entre outros que apesar de não estarem citados aqui estarão sempre nas mentes e coração do povo que empurra o time às vitórias e em cada partida lota o Colosso do Arruda batendo recordes e recordes de público.

Esse povo, gente humilde sempre exaltada nas poesias sobre aquele que é o Mais Querido das multidões tem passado por momentos de provação. E é neste momento que eles parafraseiam Euclides da Cunha demonstrando que "o tricolor é antes de tudo um forte". Mesmo na dificuldade a torcida não abandona o time, aliás a massa tricolor é mais do que uma torcida, é uma força tão unida que é até difícil descrevê-la com palavras comuns pois é ela quem constrói o clube, cada um com sua pequena contribuição que, somada aos outros, formam um gigante.

Já ouvi diversos adjetivos pejorativos por conta da origem humilde do Santa Cruz, alguns até beirando o preconceito (como a de uma torcedora rival que depreciou o Santa por sua sede estar localizada próximo a "favelas" como a mesma se referiu). Mal sabem eles da força que emana deste povo que os poderes econômicos e sociais esqueceram e que, de certa forma, transformaram o Mais Querido num símbolo de resistência e garra.

No dia de seu aniversário de 95 anos o Santa Cruz celebra o novo voo da fênix coral. Confirmação das palavras de Alexandre Carvalho, um dos fundadores. Quando em seus primórdios alguns tiveram a infeliz idéia de desistir do clube, o mesmo afirmou e imortalizou:

O SANTA CRUZ NASCEU E VAI VIVER ETERNAMENTE!

Juntemos mais esta vitória.

Atualização: O Mais Querido ganhou como presente de aniversário o frevo de rua Vulcão Tricolor, composto pelo Maestro Forró em homenagem ao tricolor Nelson Ferrira, que ficou devendo esta homenagem em sua discografia. Nelson dizia que o Santa Cruz não poderia ser homenageado por um frevo qualquer, tinha que ser algo especial, porém o mesmo faleceu sem concretizar sua obra.

Clique abaixo para ouvir.

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Um comentário:

  1. Excelente, Clébio!
    História e presente, amor eterno ao Mais Querido!

    Abraços, Paulo Aguiar

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