segunda-feira, 31 de maio de 2010

UnB virou berçário da dengue


Apesar de já ter lido notícias a respeito em jornais ainda não havia presenciado nada que pudesse me deixar em alerta. Mas neste domingo pude ver que a UnB está infestada de mosquitos Aedes aegypti ao participar de uma reunião e presenciar vários exemplares pousando em minha roupa, ou seja, o campus se tornou um ambiente propício em potencial para a proliferação da dengue. Saliente-se que neste ambiente circulam milhares de pessoas todos os dia, o que pode resultar numa epidemia dentro em breve.

Numa área tão vasta deve ser difícil identificar focos de nascedouro e criação de larvas, mas acredito que há planos de ação em, casos assim para frear a proliferação e áreas abertas. No caso da UnB é difícil identificar responsáveis pela proliferação pelo fato de que aparentemente não há edificações e/ou depósitos que possam abrigar água parada de forma artificial como em pneus e garrafas. Quero crer que há solução nestes casos.

Espero com este post iniciar o alerta antes que o caso se torne exclusivamente de saúde pública. Além do que ter que ficar espantando mosquito tão perigoso não é nada agradável.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Doação de sangue.


Ontem, depois de quase uma década, voltei a doar sangue. Antes disso procurei informações sobre as condições e recomendações para antes da doação. Para minha surpresa o site da Fundação Hemocentro de Brasília está fora do ar. E as informações que catei em alguns sites eram muitas vezes conflitantes, o que obviamente não dava crédito às fontes.

Baseado na experiência de ontem e tanto para auxiliar que quer doar como para desmistificar algumas coisas que se costumam dizer sobre doação de sangue no senso comum resolvi usar o espaço para colocar algumas informações sobre o que precisa para ser um doador:

Condições básicas para doação de sangue
  • Gozar de boa saúde (avaliação médica no Hemocentro);
  • Alimentar-se bem antes da doação sem ingerir alimentos gordurosos;
  • Não estar em uso de medicamentos;
  • Ter entre 18 e 65 anos de idade;
  • Pesar acima de 50 quilos;
  • Apresentar documento oficial com foto (carteira de identidade ou profissional ou habilitação ou passaporte);
  • Ter dormido pelo menos 6 horas, com qualidade, na noite anterior à doação;
  • Antes da doação não praticar exercícios físicos;
  • Não ingerir bebida alcoólica nas últimas 24 horas;
  • Caso tenha colocado piercing ou feito tatuagem, só poderá doar sangue após doze meses;
  • No caso de ter realizado endoscopia, só poderá doar sangue após doze meses;
  • Evitar fumar 2 horas antes da doação.
Cuidados após a doação
  • Não dobre o braço onde foi realizada a coleta de sangue por, pelo menos, 15 minutos;
  • Permaneça nas dependências da Fundação Hemocentro no mínimo 20 minutos após o lanche;
  • Não fume nas duas horas seguintes à doação;
  • Alimente-se bem e beba maior quantidade de líquidos nas doze horas seguintes à doação;
  • Dentro de doze horas após a doação evite:
    • Consumir bebidas alcóolicas;
    • Praticar atividades físicas;
    • Dirigir veículos coletivos de grande porte ou motocicletas;
    • Praticar atividades perigosas como mergulho e paraquedismo;
    • Manipular máquinas pesadas de corte ou de serra;
    • Pilotar avião ou helicóptero;
    • Subir em andaimes e escadas.
Intervalo entre doações
  • Mulheres: 90 dias (no máximo 03 doações em 12 meses);
  • Homens: 60 dias (no máximo 04 doações em 12 meses).
Quais os testes realizados após a doação?

Os testes são feitos para detectar as seguintes doenças: sífilis, Chagas, HTLV I/II, hepatite B e C e HIV I/II, além de tipagem ABO e Rh.

Caso Seja convidado a repetir os testes, seu retorno ao Hemocentro será muito importante, mas não há necessidade de preocupação, pois os testes realizados são de triagem e não para diagnóstico, podendo ocorrer resultado falso-positivo.

Não podem doar sangue

Portadores de doenças infecto-contagiosas (Sífilis, AIDS, Chagas, malária, hepatite B ou C); parceiros sexuais de pessoas infectadas pelo HIV (AIDS); pessoas com múltiplos(as) parceiros(as) sexuais; pessoas que mantiveram relação sexual sem o uso de preservativo nos últimos 12 meses; usuários de drogas injetáveis; mulheres: grávidas, amamentando ou que tiveram aborto nos últimos 3 meses.

O candidato a doação deve ser sincero ao responder ás perguntas que lhe são feitas, não omitindo informações importantes, pois disso depende a sua segurança e a de quem vai receber seu sangue.

Fonte: Fundação Hemocentro de Brasília (FHB).

Com estas informações você pode se programar para a doação sem afetar seu dia-a-dia.

Também dizem que para doar sangue precisa estar em jejum, o que não é verdade. Pelo contrário, é necessário estar bem alimentado, excluindo da última alimentação apenas comidas gordurosas, leite, e carnes mal passadas.

Doar sangue faz bem para você que renova seu fluxo e faz bem para quem precisa.

terça-feira, 25 de maio de 2010

O colete

Fácil de usar e não tem este nome à toa.

Um colega de trabalho me mostrou um blogueiro que grava vídeos para colocar no vocêtubo (Flávio Gomes, adorei essa) falando ele mesmo de coisas do cotidiano. Começa falando de Rebolation e de como isso lhe dava vergonha alheia, depois vai emendando assuntos como sobre o jeito de se comportar de pessoas ricas, sobre o emprego dele de colorista de quadrinhos (e oferecendo vagas de emprego) e ensinando coisas prosaicas sobre como fazer café e arroz doce. OU seja, nada com nada.

Mas uma coisa me chamou a atenção além do fato de ele esculhambar (com meu apoio) quem gosta de rebolation. Quando ele foi falar dos ricos com uma definição que eu não faria melhor ele soltou a seguinte pérola:
  • Tem coisas mais importantes do que ser rico, como saber nadar.
Brincadeiras a parte para quem já fez a associação, na mesma hora me lembrei do naufrágio da lancha que ocorreu no lago Paranoá de sexta pra sábado. Garotada, churrascando, bebendo, foi dar um rolé de lancha pra curtir, aposto que com tantas preocupações como estar bonito, impressionar, ninguém deve ter se preocupado em botar coletes salva vidas, afinal barcos dificilmente afundam né? Por que iriam acontecer justo com eles?

Posso estar parecendo cruel mas há de se lembrar que, mesmo tendo somente três coletes para onze pessoas a bordo - o que já são dois erros - o relato dos jovens é de que apenas um dos rapazes o vestiu durante o trajeto e, mesmo assim, logo o tirou, porque na nossa cabeça ter esse tipo de precaução é coisa de gente paranóica e chata, que fica se preocupando com pouca coisa e é regrada demais, que só coloca o cinto no carro porque é obrigado e acha um saco ter que seguir tanta orientação quando vai viajar de avião.

Tantas coisas simples, que se tivesse msido seguidas teriam evitado uma tragédia. Coisas que se repetem todo dia e não aprendemos nunca. Só depois que alguém se machuca ou coisa pior.

Envio meus pêsames à família que perdeu suas duas filhas no Lago Paranoá e lamento que só no próximo fim de semana veremos gente de colete nos barcos que trafegam por suas águas. Depois todo mundo esquece do ocorrido e só quem vai nos lembrar de se preocupar com a segurança será o Batalhão Lacustre da Polícia Militar.

Para quem quiser se orientar pode clicar na imagem ali de cima, imprimir e levar para a embarcação. Não sem antes comprar os coletes em alguma loja náutica.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Lembrem-se do Tetra - Parte 2





17 de julho de 1994. Estádio Rose Bowl, Pasadena, Estados Unidos da América.

Depois de 24 anos de frustrações e descréditos o Brasil voltava a disputar uma final de Copa do Mundo. Estava de volta a confiança em finalmente se conquistar o tão sonhado Tetra, que nunca esteve tão perto de chegar, e mesmo aqueles que haviam desistido de acreditar voltaram a grudar os olhos na tela da TV naquele dia.

Mas alguns fantasmas dos últimos 24 anos vieram assombrar aquela disputa, como bem lembrou Galvão depois do jogo. O primeiro deles estava no vestiário adversário e vestia azul. Era a Itália, algoz do Brasil na Espanha em 1982. A simples lembrança daquela eliminação ainda causa calafrios na nação até hoje. E há de se lembrar do fantasma de 1950 que sempre assombra a seleção quando chega a uma final.

Durante o jogo e por várias vezes tomamos sustos seja com oportunidades perdidas seja com perigo de gol adversário. Passou o primeiro tempo e nada. passou o segundo e nada. O 0 x 0 persistente e o show de gols perdidos invocou outro fantasma, o da eliminação em 1990 em que tomamos um gol perto do fim, restando pouco tempo para se esboçar uma reação.

Veio a prorrogação e a igualdade se persistiu. Chega então um dos fantasmas mais célebres: o de 1986, quando fomos eliminados pela França perdendo pênaltis tanto no tempo regulamentar quanto na disputa final. A disputa começa e chegamos à quinta sequência de cobranças. Roberto Baggio, o melhor do mundo no ano anterior vai para a cobrança e, tal qual Platini em 1986, manda pra fora.


Brasil Quatro Vezes Campeão do Mundo.

O êxtase nas ruas foi tal de um jeito que há muitos anos não se via acontecer no país, e durou até a chegada dos jogadores ao Rio de Janeiro. Contribuiu para isto tanto o hiato de títulos como os contornos dramáticos e hollywoodianos que cercaram a conqusta. Suspense, insistência, superação, drama, suor, etc.


Roberto Baggio acabou tendo sua carreira vitoriosa resumida injustamente por aquele lance, mesmo depois tendo se redimido na copa seguinte. Por isso gostei da entrevista em que ele disse não guardar mágoas do Brasil ou de quem quer que seja e que, seja na América ou na Europa, todos o reconhecem como um vencedor, não como o cara que perdeu aquele pênalti.

E onde eu estava acompanhando isto tudo? Em casa, sentado no tapete da sala em frente á TV. Foi assim em todos os sete jogos daquela campanha, mesmo tendo arriscado perder um dos jogos (Brasil 1 x 1 Suécia) por estar na cadeira do dentista perigosas horas antes do início da tranmissão. E enquanto todos desceram pra rua pra comemorar fiquei ali sozinho porque sabia que veria algo inédito para alguém que tinha 12 anos naquela época: ver o capitão da seleção levantar a taça do mundo.

Era lá, no tapete, que eu estava guardando as mensagens, as imagens e as emoções que marcariam para toda a vida.

E vocês, onde estavam, o que fizeram, o que sentiram?

Lembrem-se do Tetra - Parte 1


Onde você estava na tarde do dia 17 de julho de 1994?

Você lembra pelo menos que dia da semana que foi?

Se não lembra de nada disso vou ajudar-lhe a rememorar. Era um domingo ensolarado com algumas nuvens. Lembro com detalhes precisos daquele dia.

E provavelmente você estava fazendo o mesmo que eu, estava assistindo a final da Copa do Mundo de Futebol daquele ano, pode ter sido nos mais variados lugares: em casa, no bar, na rua assistindo de um telão, não importa, se você era nascido e não era um bebê de colo com certeza você estava ligado no jogo, naquele jogo que acontecia tão longe mas que nos mantinha vidrados com se acontecesse bem na nossa frente.

Você pode até lembrar dos fatos. Claro, está acessível em qualquer documentário, em qualquer enciclopédia, virou até filme (um dos registros mais bem feitos do futebol, diga-se). Em resumo, mesmo quem não era nascido sabe como se desenrolou não só aquele jogo, mas a copa inteira.

Mas será que você se lembra das sensações, da expectativa, dos antecedentes, enfim toda a atmosfera que cercou aquele dia e que envolveu a todos durante aquela copa? Provavelmente não, de tanto que as imagens foram lembradas e exibidas a exaustão nem damos mais tanta importância para a conquista daquela seleção.

Pois então pense: em 1994 o Brasil completava 24 anos sem levar a taça do mundo. Neste hiato formou-se toda uma geração de torcedores que se acostumaram a ver cada tentativa de ser campeão acabar em frustração. As três últimas foram particularmente mais amargas e acabaram por se refletir na copa daquele ano. Por conta das últimas experiências o futebol até ensaiou uma perda de importância, de perda da preferência nacional, ainda mais com o crescimento das equipes de outras modalidades como o vôlei e o basquete. E para piorar o Brasil ainda vivia o luto pela morte de Ayrton Senna que havia ocorrido mês e meio antes do início da Copa.

Nas CNTP não havia motivo aparente para alguém se empolgar com aquela disputa, apenas a eterna esperança a empurrar a torcida na fé de que desta vez levaríamos o tetra, uma fé cega, sem explicação e que pintou as ruas de verde e amarelo, de um jeito de fazer a nós em 2010 morrer de inveja.

Até a Seleção, com muitos remanescentes do fiasco de 90 e com poucos destaques do momento (o mais promissor deles era Ronaldo, o futuro fenômemo), não trazia lá tanta empolgação.

Mas havia ele. Romário.

E ao começar a Copa ele mostrou sem muitos rodeios porque o povo pedia sua convocação desde as eliminatórias do ano, foi gol em todos os jogos da primeira fase, em que ele fez parecer que a seleção passava e passaria fácil por qualquer time que aparecesse pela frente. Mas isso durou pouco. Nos jogos seguintes voltaríamos a ser assombrados por fantasmas que nos desiludiram nas copas anteriores.


Nas oitavas jogo dramático contra os EUA, e com um gol de Bebeto passamos de fase. Nas quartas abrimos 2 x 0 na Holanda e deixamos eles empatarem, se não fosse aquele gol milimétrico de Branco... E na semi o goleiro Ravelli, da Suécia, pegava até pensamento, até que uma hora Romário voou o suficiente para ficar mais alto que os grandalhões nórdicos e cabecear tranquilo pro gol, daí pra frente o resto é história.

Quer dizer, é uma história que vou relembrar no próximo texto, para que todos possam sentir novamente o que aquele dia 17 de julho de 1994 significou.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

60 anos de Formula 1

Do blog Jalopnik Brasil (com adaptações).

Há 60 anos, no dia 13 de maio de 1950, 21 pilotos alinharam no grid de largada do autódromo de Silverstone para dar início ao primeiro GP da história do Campeonato Mundial de Fórmula 1.

O vencedor da corrida foi Giuseppe Farina, com um dos quatro Alfa Romeo 158 levados da Itália para a Inglaterra. Em segundo lugar chegou seu compatriota Luigi Fagioli com outro dos Alfa 158 da equipe da fábrica, marcando também a primeira dobradinha da história.

O pódio ainda seria completado por um terceiro Alfa Romeo, conduzido pelo inglês Reg Parnell. A superioridade destes três quadriflogi os colocou duas voltas à frente dos Talbot da quarta e quinta posições.

A Ferrari, que viria a se tornar a maior vencedora de GPs, não participou desta corrida e fez sua estreia no mundial somente na corrida seguinte, o GP de Mônaco.

Entre os 200 mil espectadores que assistiram o nascimento do campeonato estavam o Rei George VI e sua filha, a então princesa Elizabeth, aos quais os pilotos foram apresentados um a um. Foi a única vez que um monarca esteve presente em uma corrida britânica.

Abaixo vídeo da primeira corrida de F1 da história.

Curtinhas - "Dialogue"

Arte do cartunista Ian Marsden - http://blog.marsdencartoons.com/

Un des directeurs a reçu une lettre dans une enveloppe carrée, en plastique et indiscernables. Quand il reçoit des mains de l'agent, le directeur demande:

- Qu'est que c'est?

- Je ne sais pais: le fonctionnaire a répondu.

Bien que l'employé se retire, le directeur a remercié avec un "merci". "De rien", a répondu à nouveau le fonctionnaire.

Lorsqu'il ouvre la porte, un autre employé demande:

- O que que era aquele envelope?

- Sei lá?

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Sobre os valores da sociedade e o posto da 214 Sul



Poderia muito bem cair no lugar comum de analisar o episódio da agressão ao oficial do exército pelo gerente do posto da 214 Sul junto com seus "amigos" apenas pelo lado da selvageria, analisando apenas as imagens que foram tão fartamente divulgadas na mídia que nem precisam ser detalhadas novamente, porém quem lê este blog com frequência sabe que isto não é do meu feitio. Prefiro muito mais contextualizar, ou imaginar como o cenário do episódio se desenhou, pois querendo ou não os agressores fazem parte de um perfil de pessoas que sempre foi comum na sociedade, e que em muitas situações são muito valorizados.

Não tinha dado muita atenção ao caso até a Sil me mandar o link de um blog que está fazendo uma campanha de boicote ao posto da 214 Sul, que pelo que se viu já tem um histórico de perturbação do silêncio. Só a partir daí é que procurei ler as notícias com calma e tomar ciência do que havia acontecido.

Um grupo de "playboys" ouvindo som alto (música eletrônica ou sertanejo "universitário") e tomando todas num posto de gasolina, quer vida mais vazia que esta? Pois então ande um pouco por aí que você acha fácil. Vamos procurar sim, mas vamos se ater apenas as classes mais instruídas - as de despossuídos já sofrem consequências demais. Eu consigo ver pessoas com mentalidades parecidas no posto da 214 sul, na porta do Pier 21, nas festas e barzinhos do Pontão ou em qualquer lugar na beira do Lago, vejo até mesmo na frente das escolas da W4. Em todos estes locais é possível ver o garotão que quer ser o fodão da turma e a menina que quer causar por onde passa, que tira fotos pro orkut para alimentar um narcisismo cada vez mais forte entre a juventude, tudo para ser aceito e admirado pelos demais, ou, como se diz em filmes americanos, ser popular.

Daniel Benquerer, gerente do posto e um dos agressores, em foto de seu fotolog (já cancelado pelo mesmo).

Todas estas pessoas que conversam sobre baladas, pegação, e que acham que não existe mundo além disso, partem da premissa de quem respeita normas é um mané que está perdendo a oportunidade de se divertir - lembrem-se que levar vantagem em tudo é uma mentalidade bem típica deste país e, principalmente, desta cidade - leia-se: se você não cumpre as leis é porque você está acima delas, não porque você é um criminoso. Para estes, os chatos que reclamam da zona que estas pessoas provocam merecem zombaria e, como foi o caso, a agressão - "eu tô querendo me divertir e aquele chato não deixa".

O que eu quis dizer é que, simplesmente protestar, promover boicotes, esbravejar na mídia, etc. é querer tomar uma aspirina para combater um câncer. Temos que avaliar a criação que damos aos nossos filhos e os valores que cultivamos e demonstramos entre os nossos para que possamos sim deixar de presenciar cenas como esta, mas de maneira deifiniva, mesmo que a longo prazo.

Respeito ao próximo não é se subjugar ao outro, é convidá-lo para uma convivência harmoniosa.

sábado, 15 de maio de 2010

A nova rodoviária

Visual externo do novo terminal à noite.

Se já não bastasse uma gestação de, numa estimativa otimista, 15 anos para que alguém se propusesse a pôr a mão na massa para construir a nova rodoviária de Brasília, a sua (finalmente) inauguração tem tido contornos mambembes. Ah e vale ressaltar que a iniciativa da construção NÃO foi do governo, mas sim da Socicam, empresa de administração de terminais que liderará o Consórcio Novo Terminal, responsável pela administração do prédio.

A nova rodoviária foi construída para substiuir as operações da Rodoferroviária, e não da Rodoviária do Plano Piloto como muitos incrivelmente imaginam- coisa operacionalmente inviável. Receberá as linhas interestaduais de Brasília em uma plataforma com três vezes mais boxes do que no terminal antigo, que será desativado para abrigar a sede do DFtrans. O projeto desta mudança é antigo, remonta do primeiro governo Roriz e só saiu do papel por iniciativa privada, seguindo uma tendência que ocorre em outras cidades brasileiras como Campinas e Campo Grande.

E eis que a data de inauguração e início de operações é marcada para o dia 10 de maio (segunda passada). A estrutura física está toda prontinha, os boxes já podem receber os ônibus, tudo muito chique mas...

Aos 45 do segundo tempo o DFtrans e a ANTT acabam com a festa ao não liberar o terminal para operar. Dizem que um dos motivos é que a sala de operações dos dois órgãos não era satisfatórios, além disso alega-se não haver linhas que liguem o novo terminal e a divulgação foi falha. Tirando a questão das linhas que não procede ( o que falta é apenas uma ligação direta da Rodoviária - que já conta com o metrô) os outros motivos foram erros grosseiros que confundiram os passageiros que tinham embarque programado para esta semana, afinal de contas quanto tempo a ANTT teve para vistoriar o espaço que lhe cabia?

Ai virou uma confusão dos diabos pois, apesar de o governador ter sido comuicado no dia 19 do mês passado as empresas só foram comunicadas semana passada, depois de já terem vendido passagens direcionando os passageiros para o novo terminal, obrigando os ônibus a passarem nos dois lugares.

Ônibus já circulando no pátio ainda empoeirado do terminal.

Da parte da Socicam, empresa que admiistra o consórcio, não faltou empenho. Conversando com os representantes da empresa, os mesmos alegaram que muitas das execuções feitas na área esbarraram em obras nos arredores que são de responsabilidade do governo mais que ainda estão por fazer. Realmente algumas dificuldades ficam evidentes - os ônibus por exemplo são obrigados a sair por uma via de mão dupla que eles ocupam toda ela na hora de fazer uma curva.

Dentro do terminal a estrutura total está pronta, mas tanto as lojas como os guichês das empresas estão em fase de acabamento, mais um fator de inviabilização das operações. Mas não há nada de se reclamar do que foi feito, a construção é de primeira e para quem olha o grande espaço do vão central tem a falsa impressão de que o terminal é menor do que realmente é, mas ainda há muito por fazer mesmo depois de estar em funcionamento total. Pontos positivos são a iluminação tanto externa como interna, a estrutura dos guichês, o espaço de varanda no estilo próximo do de aeroportos para que parentes se despeçam (somente passageiros com bilhete terão acesso às plataformas) e o imenso painel com uma foto super panorâmica do Plano Piloto para fazer com que qualquer um esqueça a imundície da Rodoferroviária.

Áres de guichês recebendo os preparativos finais.

Saguão principal.

Painel da foto panorâmica do Plano Piloto: Do Alvorada ao SMU.

Enfim, tenho que dar o braço a torcer. Sempre fui a favor de que se pegasse o terminal antigo e se ampliasse como já foi feito em outras cidades. Defendia isso pelo fator de centralidade que a Rodoferroviária contém (está no fim do Eixo Monumental). Da rodoviária nova teria feito uma estrutura maior e mais completa para suprir a demanda de pasageiros que queiram fazer compras de última hora ou refeições antes do embarque, mas fato consumado, torço para que a mudança se concretize logo, da comunidade busológica partirá a disposição de contribuir para que se ofereça uma estrutura ainda melhor e mais eficiente.


Reportagem do DFTV sobre os problemas do primeiro dia.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Começou a copa


Não é por acaso que o técnico Dunga escolheu o dia 11 de maio para revelar a lista de jogadores convocados para disputar a copa deste ano. Desta data até o início do torneio vão se passar exatamente um mês. E neste mês que vai se passar, mais precisamente a partir de ontem, o Brasil vai viver efetivamente sob o clima de preparação para a copa do mundo (que agora tem que se falar que é da FIFATM).


Dunga vai repetir a fórmula que levou a seleção da qual ele era o capitão em 1994, e de maneira mais metódica do que a que foi moldada pela cartilha de Carlos Alberto Parreira. Um mar de volantes que lembra mais um grid de F1 do que um meio de campo de um time de futebol. Preparem-se para aturar um Brasil que vai jogar em cima de contra-ataques.


Agora a escalação é o tema do momento nas rodas de conversas. Quase todos lamentando as ausências dos meninos do Santos e muitos falando de Adriano com aquele ar de "bem feito". O certo é que vai ser duro aturar alguns nomes como Elano, Ramires, Felipe Melo, Gilberto...


O time que vai para a África do Sul confirma mais uma vez o fenômeno que vem acontecendo desde depois do penta: o distanciamento entre a seleção brasileira e a torcida brasileira. O time passou a ter o hábito de contar com figuras pouco ou nem um pouco conhecidas do público em geral - jogadores que atuam na europa e que pouco são citados como destaques nos jornais. Não há mais aqueles jogadores vestindo a camisa amarela que dariam gosto de ver em campo jogando. O negócio ficou burocrático.


Mas em uma semana todo mundo para de xingar o Dunga e começa a criar aquele clima de "pra frente Brasil", como em toda copa faz mesmo quando a seleção não empolga nos nomes. Agora que vai dar uma pontada de vontade de ver esse time tomar um vareio da Argentina e/ou da Espanha, ah vai.

domingo, 9 de maio de 2010

O mundo não é maternal


Por Martha Medeiros

É bom ter mãe quando se é criança, e também é bom quando se é adulto.

Quando se é adolescente a gente pensa que viveria melhor sem ela, mas é um erro de cálculo.

Mãe é bom em qualquer idade. Sem ela, ficamos órfãos de tudo, já que o mundo lá fora não é nem um pouco maternal conosco.

O mundo não se importa se estamos desagasalhados e passando fome.

Não liga se virarmos a noite na rua, não dá a mínima se estamos acompanhados por maus elementos. O mundo quer defender o seu, não o nosso.
O mundo quer que a gente fique horas no telefone, torrando dinheiro.

Quer que a gente case logo e compre um apartamento que vai nos deixar endividados por vinte anos. O mundo quer que a gente ande na moda, que a gente troque de carro, que a gente tenha boa aparência e estoure o cartão de crédito.

Mãe também quer que a gente tenha boa aparência, mas está mais preocupada com o nosso banho, com os nossos dentes e nossos ouvidos, com a nossa limpeza interna: não quer que a gente se drogue, que a gente fume, que a gente beba.

O mundo nos olha superficialmente. Não consegue enxergar através. Não detecta nossa tristeza, nosso queixo que treme, nosso abatimento. O mundo quer que sejamos lindos, sarados e vitoriosos para enfeitar ele próprio, como se fôssemos objetos de decoração do planeta. O mundo não tira nossa febre, não penteia nosso cabelo, não oferece um pedaço de bolo feito em casa.

O mundo quer nosso voto, mas não quer atender nossas necessidades. O mundo, quando não concorda com a gente, nos pune, nos rotula, nos exclui. O mundo não tem doçura, não tem paciência, não pára para nos ouvir.

O mundo pergunta quantos eletrodomésticos temos em casa e qual é o nosso grau de instrução, mas não sabe nada dos nossos medos de infância, das nossas notas no colégio, de como foi duro arranjar o primeiro emprego.

Para o mundo, quem menos corre, voa. Quem não se comunica se estrumbica. Quem com ferro fere, com ferro será ferido.

O mundo não quer saber de indivíduos, e sim de slogans e estatísticas.

Mãe é de outro mundo. É emocionalmente incorreta: exclusivista, parcial, metida, brigona, insistente, dramática, chega a ser até corruptível se oferecermos em troca alguma atenção. Sofre no lugar da gente, se preocupa com detalhes e tenta adivinhar todas as nossas vontades, enquanto que o mundo propriamente dito exige eficiência máxima, seleciona os mais bem-dotados e cobra caro pelo seu tempo.

Mãe é de graça.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

A manipulação e/ou o amadorismo da imprensa esportiva brasileira - parte 2


Pois então senhores, conforme previsto a final do Campeonato Pernambucano foi solenemente desprezada pela emissora oficial do futebol brasileiro (a.k.a. Globo). Apenas a menção do resultado da decisão e no fim a exibição do gol do Sport. E só, sem nem menção no Jornal da Globo ou no dia seguinte no Bom Dia Brasil.

Bom, se o Clube dos 13 quer continuar com essa tática típica do colonialismo inglês vá em frente, agora vou lavar as mãos.

Mas desde já emito o alerta. Daqui a dois anos acontecem as Olimpíadas, e a Record foi quem ganhou os direitos de transmissão. A Globo tem um histórico de ignorar solenemente a existência da Champions League enquanto esta era exibida pela emissora universal. Como? Simples, na hora do Globo Esporte o apresentador falava que o Barcelona foi campeão da Liga dos Campeões da Europa ao vencer o Manchester United por 2 x 0. Ponto, sem gol, sem taça, sem nada.

Quero ver se eles vão ter a cara de pau de ignorar o maior evento esportivo do planeta. Vai ser um atestado de emissora mercantilista, em detrimento da informação. Mas o que esperar de alguém que chama equipes de Fórmula 1 por siglas (RBR, STR, VR1, HRT...) e times de vôlei e de basquete pelo nome da cidade (Brasília, Florianópolis, Osasco, Rio de Janeiro...)? Desinformação pura.

Citei no texto anterior o jornalista Carl Bernstein. Durante sua passagem pelo Brasil ele deu palestras em um encontro em que se discutia as ameaças de censura vividas pela imprensa nos dias de hoje. Nesta entrevista aqui ele dá uma aula de ética jornalística mesmo falando coisas que são elementares para quem trabalha nesta profissão. Neste trecho em particular ele resume o que tenho falado:
"A missão do repórter é lançar luz sobre a realidade. Para mim, o papel da imprensa é antes de tudo compreender que a nossa maior responsabilidade é com o interesse público, não com lucro ou ideologia. O objetivo de ditadores e tiranos que querem controlar a população e não acreditam em liberdade de expressão é induzir a autocensura. Isso dificulta o trabalho dos repórteres, seja nos Estados Unidos da era Bush ou sob o regime de Hugo Chávez na Venezuela."
E que realidade é esta que Bernstein fala? Esta de siglas e/ou cidades escondendo marcas ou de patrocinadores que sustentam o esporte em troca de ter sua marca divulgada na mídia? Esta de apresentadores de mesa redonda lamentando a ausência de clubes tradicionais na elite sem contextualização ou um debate profundo e busca e apresentação de soluções por mais que isso contrarie interesses comerciais e /ou políticos?

Se quisermos podemos expandir toda esta conjuntura das palavras de Bernstein para toda a imprensa brasileira: do caderno de política ao de diversão passando pelos classificados até. Estamos cansados de ver editorias bajulando o poder instituído em troca de algumas moedas advindas de publicidade institucional. Além do mais quem não quer sempre estar em evidência, ter o poder de conqustar corações e mentes nem que seja de maneira forçada. É daí que vemos surgir pseudo-celebridades tendo mais destaque do que pontos e fatos importantes do cotidiano, e aqui Bernstein fala muito bem sobre isso.

Palavras assim soam quixotescas demais, ainda mais se referindo a entidades tão poderosas se comparando a indivíduos. Só a coletividade engajada poderia mudar tal quadro manipulatório, coisa que é pedir demais numa sociedade individualista como a brasileira. Resta o alerta para que se dissemine esse conceito nos meios de discussão.

Mr. Watergate

terça-feira, 4 de maio de 2010

A manipulação e/ou o amadorismo da imprensa esportiva brasileira - parte 1

Vitória tetracampeão baiano, mas se depender da Globo ninguém fica sabendo.

No domingo último vários campeonatos estaduais chegaram ao seu desfecho. A Rede Globo de Televisão, detentora não só da TV Globo aberta mas também dos canais pagos Sportv 1 e 2, Globo News e dos canais de pay-per-view Premiére Futebol Clube, promoveu sua cobertura não só dos jogos decisivos mas também dos bastidores, das comemorações e das entrevistas e comentários em mesas redondas de pós-jogo. Lá estavam as equipes de reportagem registrando as festas de Santos, Grêmio, Atlético Mineiro, Avaí e, em menor escala, Atlético Goianiense, tal como fizeram em semanas anteriores com Coritiba e Botafogo.

Perceberam os estados que fizeram a festa? Se você acompanha futebol com seriedade com certeza notou algumas ausências. Durante a exibição do programa pós-jogo Troca de Passes apareciam os times acima citados erguendo taças, fazendo volta olímpica, dando entrevistas coletivas, tudo aquilo que quem acabou de ver o time ser campeão gosta de ver. Enquanto isso em Salvador, o Bahia vencia o Vitória por 2 x 1, um resultado insuficiente para evitar a conquista do tetracampeonato baiano pelo rubronegro, que ergueu taças, fez volta olímpica, deu entrevistas coletivas, tudo como manda o figurino...

...mas nada disso foi exibido. O tradicional clássico Ba-Vi foi completamente ignorado pela cobertura global, como se falar de campeonato baiano fosse tão desimportante para o público como a segunda divisão do campeonato de bocha de Liechtenstein. Mesma dedicação (no caso ausência dela) foi dada à final do campeonato cearense, onde um público que não deve ter sido menor que 50 mil pessoas viu o Fortaleza bater o Ceará nos pênaltis e também conquistar o tetra estadual, mas alguém viu? Alguém soube com foi?

No canal aberto das Organizações Globo o espaço "nobre" da cobertura são os Gols do Fantástico. É assim desde sempre. Confesso que não assisti os desse domingo mas aposto um doce como a festa de Fortaleza e Vitória foram exibidas como se fossem um jogo qualquer da primeira fase, enquanto os os gols dos outros estaduais do sul mostravam gente erguendo taças, fazendo volta olímpica, dando entrevistas coletivas, etc.

Explica-se: Como citei, há entre os "Canais Globosat" o Premiére Futebol Clube (PFC) que vende pacotes fechados dos campeonatos estaduais. Você pode escolher entre os campeonatos paulista, carioca, mineiro, gaúcho, paranaense, catarinense e goiano. Nenhum campeonato do norte-nordeste, mesmo se sabendo que os clubes baianos, cearenses, paraenses e pernambucanos possuem grandes torcidas que enchem estádios e, consequentemente, consomem ou poderiam consumir audiência de TVs a cabo.

Audiência, esta é a razão de existir de todas as mídias brasileiras, sejam impressas, radiofônicas ou televisivas. A informação (assim como a "melhor versão possível da verdade") fica relegada para segundo plano, tudo para se obter o máximo de lucro possível. No caso da Globo ela vende pacotes dos estaduais do sul, então qualquer informação que não diga respeito aos estaduais do sul (que são os que dão lucro pra emissora carioca) não tem importância, ou pior, podem se configurar como uma ameaça aos lucros da empresa pois um torcedor do Ceará potencialmente não vai comprar os pacotes dos clubes do sul.

E não é só por conta de TV a cabo que se dá esta distorção, também há o fator "Clube dos 13". Os pertencentes a esta patota ganham mais exposição e consequentemente mais dinheiro, aí indiretamente se conquista estes torcedores para que eles consumam produtos dos clubes do sul, que são vencedores de um jeito que o dinheiro mirrado dos clubes do norte nunca permitirá. E como no Brasil só se valoriza e se dá destaque a quem é vencedor... ao perdedor só resta a ridicularização, o escárnio e o ostracismo.

Parte desta marginalização porém encontra nos próprios clubes marginalizados uma causa para acontecer. Ao que parece a maioria deles, para não dizer a totalidade, já se encontra conformada com este status quo. Pode até achar ruim se encontrar em condições tão precárias mas não movem uma palha por mudanças. Até mesmo as federações se mostram pouco preocupadas com o quadro pois entre seus quadros de dirigentes não se encontram pessoas engajadas com a evolução do esporte e da competição, muitos deles são apenas oligarcas vassalos do poder central personificado na figura do eterno Ricardo Teixeira, outro interessado em lucros cada vez mais vultosos vindos de uma seleção cada vez menos brasileira, ou você se identifica com algum dos craques que jogam atualmente como se identificava com Zico, Falcão, Cerezo, Sócrates, Nelinho, Pelé, Gerson, Rivellino...

No próximo texto farei um comparativo da cobertura esportiva brasileira com as declarações feitas por Carl Bernstein em sua recente passagem pelo Brasil. Antes disso haverá a final entre Náutico e Sport pela final do pernambucano. Mais um termômetro para nossa avaliação.

domingo, 2 de maio de 2010

Filosofia de banheiro

Simples e direta.


Foto tirada na parede de um dos banheiros da UnB.