sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Um real por um sonho

Foto: Chico Porto/ JC Imagem

Fazendo coro aos colegas Tawid e Maura abro espaço para reproduzir matéria veiculada hoje no Diário de Pernambuco sobre a campanha Um real por um sonho e parte da matéria do Jornal do Commercio sobre o caso.

A emoção de ser solidário

Solidariedade // Jogadores do Náutico e do Santa Cruz vestem a camisa da campanha "Um real por um sonho" para ajudar a pequena Clara a fazer tratamento na China

Ana Paula Santos // Diario
anapaula.pe@diariosassociados.com.br


O Clássicos das Emoções já começou para alguns atletas do Náutico e Santa Cruz. Ontem à tarde, na sede alvirrubra, Eduardo, Vagner, Kuki e os tricolores André Zuba, Bilica e Wagner vestiram a mesma camisa: a da solidariedade.

Alvirrubros e tricolores se uiniram em torno da causa da pequena Clara. Foto: Juliana Leitão/DP/D.A Press
No peito, eles exibiam, sensibilizados, uma foto da criança Clara Costa Pereira, de um ano e quatro meses, que possui paralisia cerebral. Adversários no próximo domingo, quando se enfrentam pela sétima rodada do Pernambucano, eles abraçaram a campanha "Um real por um sonho", que os pais da menina criaram com o intuito de arrecadar verba que possibilite viagem para tratamento na China, com células tronco.

As camisas que os atletas dos dois clubes entrarão em campo no domingo vão estar autografadas e vão ser leiloadas no site de Clara (www.umrealporumsonho.com.br). Antes de passarem adiante o caso da garotinha, os atletas tomaram conhecimento do que é a paralisia cerebral, através de uma conversa com Carlos Edimar e Aline, pais da pequena. "Estou documentando tudo. Hoje ela não tem noção do que está sendo feito por ela, mas no futuro vai entender", adiantou Carlos, que ficou feliz com a receptividade dos clubes. "Não achei que fosse ser tão fácil. De imediato, eles se prontificaram a colaborar", acrescentou.

Por causa da paralisia cerebral, Clarinha teve sério comprometimento motor. Faz sessões diárias de fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia. O sorriso é espontâneo, porém, aleatório, mas cativou o volante coral Wagner, que não se cansou de fazer carinho nela. "Olha aí, tá vendo, ela não para de olhar para mim. Gostou do pretinho, não foi!", brincou. O goleiro timbu, Eduardo, não quis se arriscar a tomá-la nos braços. No entanto, falou da importância de atletas se engajarem em campanhas como esta. "Quando estava jogando em Belo Horizonte participei de campanha semelhante e isso me marcou para o resto da vida. Saí do treino e fui visitar umas crianças que tinham câncer em uma instituição chamada Madre de Deus. Pôxa, cheguei lá reclamando de cansaço. De repente, me deparei com a molecada rindo à toa e jogando vídeo game. Aquilo me desmontou", relembrou o camisa 1 alvirrubro.

O atacante Kuki, do Náutico, já se intitula embaixador de ações solidárias. Desde que chegou ao Náutico, em 2001, ele reserva um tempo para apoiar eventos e campanhas beneficentes. "Sempre procuro ajudar. Nós, que temos influência com o torcedor, precisamos dar essa contribuição", declarou Kuki.

No domingo, uma imensa faixa será exposta no estádio. Urnas para doação também vão estar espalhadas pelos Aflitos. Os pais de Clara esperam arrecadar o montante (cerca de US$ 80 mil) até abril. "O caso dela pede urgência. Ajudaria muito se ela se submetesse às aplicações antes mesmo de completar dois anos", frisou Aline.

- Mais informações sobre como ajudar Clara podem ser feitas pelos números 3249-3131 ou 8850-4603

Timbus e tricolores em causa nobre

Náutico e Santa Cruz fazem há 93 anos o famoso Clássico das Emoções. Porém, a partida do próximo domingo entre os dois tradicionais rivais nos Aflitos poderá ser chamada de o Clássico da Solidariedade. Quando entrarem em campo, alvirrubros e tricolores estarão unidos em prol da pequena Clara, de um ano e quatro meses, que nasceu com paralisia cerebral e luta para realizar um tratamento com células-tronco em uma clínica especializada em Pequim, na China. O custo do tratamento, incluindo voo para o país asiático e hospedagem, é de U$S 40 mil (cerca de R$ 92 mil).

Antes da partida, os jogadores dos dois times entrarão em campo vestindo a camiseta da campanha “Um real por um sonho”, promovida pelos pais de Clara e que já arrecadou até o momento cerca de R$ 53 mil. As camisas, com o número dos atletas e devidamente autografadas, serão leiloadas posteriormente no site www.umrealporumsonho.com.br. Os torcedores também poderão ajudar. Nas entradas das duas torcidas serão colocadas urnas para arrecadação de dinheiro.

Ontem, os alvirrubros Eduardo, Vágner e Kuki, e os tricolores André Zuba, Bilica e Wágner aderiram à campanha e conheceram a história de pequena pernambucana. “Já participei de outras causas como essa e é sempre gratificante. Esperamos poder contribuir para o tratamento da Clarinha”, afirmou o tricolor Bilica. “No meio do nosso dia a dia, recheado de competição, é tocante poder ajudar em uma causa tão nobre. Sempre fico muito feliz quando posso ajudar nesse tipo de campanha”, completou o goleiro timbu Eduardo.

O CASO

Clara Costa Pereira teve um parto complicado. A falta de oxigenação no cérebro da menina causou um dano neurológico. Clara passou 18 dias na UTI. “Na internet achei informações sobre o tratamento com células-tronco desenvolvido na China. Depois entrei em contato com familiares de pessoas que passaram pelo tratamento e a evolução que elas tiveram. O ideal é que Clara inicie esse tratamento antes de completar dois anos (em setembro)”, destaca o pai, Carlos Edmar Pereira.

A corrente para conseguir o dinheiro necessário para o início do tratamento iniciou no dia 19 de agosto. Analista de sistemas, Carlos criou e alimenta quase que diariamente o site www.umrealporumsonho.com.br, onde o internauta pode conhecer detalhes do caso de Clara e fazer sua doação. Além disso, poderá adquirir a camisa da campanha, ao custo de R$ 15 cada, acompanhar um gráfico com a evolução das arrecadações e saber sobre casos de outras crianças que se beneficiaram com o tratamento com células-tronco.

No orkut também há uma comunidade da campanha, que leva o mesmo nome do site. “Já foi visitado por mais de 100 mil pessoas, de mais de 70 países, de todos os continentes”, revela Carlos. “Já conseguimos a ajuda de muita gente, mas quanto maior a mobilização, melhor. Espero que o torcedor mostre seu lado solidário neste clássico”, completa a mãe, Aline Costa Pereira.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Ainda O Rancho da Goiabada


Eu juro que morrendo de vontade de colocar textos novos, garanto que assunto é o que não me falta, mas tem me dado uma dó danada de jogar este excelente vídeo da Elis Regina para trás.

Nem sabia que outras pessoas haviam gravado esta música, pois não conheço outra gravação a não ser a da Elis, mas se João Bosco e Aldir Blanc compuseram provavelmente devem tê-la cantado também. Além disso minhas pesquisas apontaram para uma versão interpretada pelo Quarteto em Cy que merecerá posterior averiguação.

A primeira vez que tive contato com esta música está fazendo exatamente 10 anos. Minha mãe é consultora da Natura e na época também vendia produtos d'O Boticário. Na época ambas ofereciam como brindes, tanto a clientes quanto a revendedoras, CDs de música com alguma temática. No caso específico da Natura o CD era para quem comprasse o perfume Biografia, tanto o masculino como o recém lançado Biografia para Mulher. Eram coletâneas de músicas consagradas da MPB que tinham o propósito de traduzir, respectivamente, a alma masculina e a feminina (agora se conseguiram aí é outra história). O Rancho da Goiabada aparecia na terceira faixa do CD masculino.

Por curiosidade comecei a ouvir os CDs um a um e, numa era pré-Google, me interessei em escrever em folhas de caderno a letra das músicas que me interessavam mais, talvez com o objetivo de destrinchar e compreender a mensagem que a música de tantas feras da música brasileira queriam passar. Foi nessa época com meus 16 anos que tive meu primeiro contato com composições como O Bêbado e a Equilibrista (João Bosco), Todo Azul do Mar (Flávio Venturini), As Vitrines (Chico Buarque), Andar com Fé (Gilberto Gil) e Luísa (Tom Jobim e Edu Lobo), entre outras.

E ontem a noite em minha "reunião de pauta" me lembrei de quando extraí a letra d'O Rancho naquela oportunidade. Minha interpretação da letra continua a mesma passada uma década depois, retrata pessoas simples que sofrem por sua lida mas que para serem felizes não almejam muito a não ser as coisas simples da vida, e eles aproveitam essas coisas simples ao máximo, pois muitas vezes nem isso se pode ter. E você aí reclamando do trabalho, da rotina, do carro, do apartamento, da balada, do seu time de futebol, etc. etc...


Voltando a música, a mesma foi gravada por Elis como vimos. A mesma é parte integrante do álbum Transversal do Tempo, lançado em 1978 pela Philips. É a quarta faixa onde a principal faixa é a primeira: Fascinação.

Por ora fico por aqui. Sempre que puder trarei momentos como este para dividir com vocês. Agora se este texto te deu fome, segue uma receita de goiabada para fazer em casa. Ou de goiabada cascão se você preferir fidelidade à música.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O Rancho da Goiabada

Hoje acordei com a cabeça meio em turbulência devido a alguns acontecimentos, sentimentos daqueles que nos perturbam e nos deixam inquietos.

Qual não foi minha surpresa ao encontrar um remédio tão fácil de administrar quanto de se ter acesso, e sem contra-indicações: um banho de cultura.

Me enriqueci culturalmente fuçando alguns atigos interessantes sobre teatro e música. Uma das "doses" que tomei foram desta pérola abaixo.

Elis Regina em seu auge interpretando magistralmente a música O Rancho da Goiabada, composição inspirada de João Bosco e Aldir Blanc, para um especial da TV Bandeirantes na década de 70.

Agora divido este momento com vocês:

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Ora, raios!


Numa dessas noites da semana passada parecia que Deus resolveu mandar um dilúvio e esqueceu de avisar a Noé, tamanha a quantidade de água que caía àquela hora. E se muita água não era suficiente caía também cada relâmpago de estremecer as estruturas de qualquer construção. Sinceramente não me lembrava de presenciar raios caindo tão perto de minha casa.

Já era tarde, hora de dormir. Me revolvia na cama na tentativa de adormecer em definitivo, mas mesmo de olhos fechados e com as janelas cobertas pelas cortinas do quarto era possível sentir as pálpebras serem atravessadas pelo clarão dos raios, ao qual logo começava a contar o tempo que levaria para que viesse o estrondo do trovão. A maioria deles vinham tímidos como quem faz primeiro um reconhecimento do terreno ou quem quer fazer charme, logo após vêm o estampido imponente, típico de filmes de terror.

A força daquele espetáculo da natureza, por mais tenebroso que a nossa imaginação faça o mesmo parecer, me impressionou naquela noite. Passou pela minha cabeça pequenos filmes de nossos antepassados aterrorizados com tal cena, imaginando que estavam sendo castigados pelos deuses por algum erro de conduta.

Praticamente todas as civilizações conhecidas interpretam os relâmpagos como mensagens divinas, principalmente como demonstrações de ira com algo que tenha sido praticado na terra. Notadamente o exemplo mais comum vem da antiguidade clássica onde Zeus era a personificação do deus supremo dos céus e da terra e senhor do tempo, dos raios e trovões, os mesmos sendo enviados como suas advertências. O detalhe fica por conta de que quem forjava seus raios era Hefesto, seu filho com Hera.

Agora a ciência (sempre ela) tem a sua explicação pronta pra estragar a nossa imaginação. Segundo a Wikipédia:

"Um raio é uma descarga elétrica que se produz entre o contato de nuvens de chuva ou entre uma destas nuvens e a terra. A descarga é visível a olho nu, com trajetórias sinuosas e de ramificações irregulares às vezes com muitos quilômetros de distância até o solo. Esse fenômeno é conhecido como relâmpago. Ocorre também uma onda sonora chamada trovão."

Entre a mitologia e a ciência existe a realidade cruel dos raios. Segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), no ano passado 75 pessoas morreram por conta de descargas elétricas em tempestades, um recorde da década. Contra isso vale a pena seguir as recomendações de sempre: Não se abrigar perto de árvores e nem ficar próximo a tomadas, se possível desligar aparelhos elétricos para evitar panes.

E uma curiosidade: ao contrário do que se costuma divulgar, carros não protegem as pessoas de descargas por conta dos pneus, mas por serem ambientes totalmente fechados, por isso mesmo quiosques e marquises não são locais 100% seguros para se abrigar. Também por conta disso não é seguro andar de moto ou bicicleta em tempestades.

Eu não consigo imaginar como fica uma pessoa atingida por um raio, e prefiro continuar sem saber como é.

Alheio a tudo isso prefiro ficar comtemplando este espetáculo sempre quando posso. Quem somos nós para tentar deter esta demonstração de força da natureza?

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Amante Profissional - Parte 2


Antes de mais nada quero responder a Sil a pergunta que a mesma me fez quanto a regravação da música Amante profissional. Pelo que eu pesquisei a música foi regravada pela banda Dibob, e me recuso a contar o atentado que o Latino cometeu ao também gravar a música, só espero que ele não tenha tido a audácia de fazer um clipe com ela.

Agora três perguntas valendo pra todo mundo colocar aí nos comentários:

1 - Você que está lendo este texto agora, se lembra quando foi a última vez que você foi a uma loja de discos pra comprar um CD? E se lembra de qual foi?

2 - Qual foi a última vez que você viu algum músico ou conjunto desses mais famosos lançando algum trabalho novo?

3 - Você tem idéia de quantos arquivos em mp3 você tem no total? (incluindo os que estejam em mídias externas como iPods, mp3 players, pen drives, etc.)

Agora vou responder minhas próprias perguntas como se estivesse formulando a mim mesmo.

R1 - Se não me engano foi em Setembro do ano passado, no auge da minha caça às músicas de aberturas de novelas da Globo. O CD em questão foi o da novela Uma Rosa Com Amor, que foi exibida entre 1972 e 1973, e comprei para extrair apenas uma música - a da abertura, claro.

R2 - Acho que a última que vi foi a Vanessa da Mata lançando um CD, mas não me pergunte o nome que eu não vou lembrar mesmo.

R3 - Só a coletânea das músicas de novelas dão quase 300 músicas, com um pouco mais de 400 músicas na minha coleção de "atrocidades" e podemos arredondar para uma 700 arquivos, o equivalente a uns 50 CDs*.

Tudo isso é pra bater numa tecla que deve estar até funda: a indústria fonográfica está entrando em colapso. Não vou ficar aprofundando aqui nos sintomas nem nas causas, mas vou dar umas pinceladas nas consequências de um modo geral.

Todo mundo sabe que um CD já há muito tempo deixou de ter um preço atrativo, some-se a isso o fato de que a tecnologia de reprodução de mídias deixou de ser exclusividade industrial e já está acessível em qualquer PC do mais simples. Então alguém compra o CD original, faz um enesilhão de cópias e vende na rua. O incauto chega em casa, converte todas as músicas para mp3 de modo a poder ouvir também em seu iPod junto com as músicas que ele baixou na Internet via programas de compartilhamento, onde as músicas que você tem também ficam disponíveis para troca e etc. etc. etc.

Mas o principal de tudo, a maioria das músicas baixadas e compartilhadas são coletâneas. As próprias gravadoras já notam isso desde o início da década, é só observar a quantidade de séries que já foram lançadas desde então (focus, millenium, bis, identidade, para sempre, etc.). A chance de ter músicas que você gosta em uma coletânea são infinitamente maiores do que em um trabalho novo, afinal é uma coletânea não é mesmo? E hoje ninguém quer correr riscos de ter a obra encalhada: nem o artista, nem a gravadora e muito menos as lojas.

As lojas, é mesmo, onde é que as lojas foram parar mesmo? No caso de Brasília o sinal vermelho foi acionado quando a Discoteca 2001 fechou as portas, e olha que ela tinha diversas filiais mas num cenário desses quem é que consegue sobreviver? Só a Discodil, que se especializou em CDs remasterizados e - vejam só - coletâneas. Até o cinema percebeu isso, só quer filmar aquilo que é certeza de sucesso, e tome continuações de Indiana Jones, Rocky Balboa, Batman, Super-Homem, Homem-Aranha, marcas já consolidadas e com menos chance de fracassar do que trabalhos novos que são uma incógnita.

Voltando à questão dos riscos, se passa a ser mais jogo lançar coletâneas, paulatinamente as portas para novos trabalhos vão se fechando, e toda aquela efervescência que citei na parte 1 fica só na nostalgia, isso quando não nos acomodamos com o novo modus operandi. Recentemente o jornal Campus da UnB, fez uma reportagem sobre este panorama e os efeitos sobre as rádios, que teoricamente não daria espaço a divulgação de novas bandas. O caso mais emblemático foi o da Clube FM (antiga 105) que respondeu de cara "que só tocava sucesso".

E como se alcança o sucesso se te dizem que só se abre espaço para o que já é sucesso? Talvez tentando identificar a origem desses tais sucessos. A maioria vêm de novelas, elas sempre foram célebres em produzir hits tocando sua "trilha sonora original" dia após dia para o povão ter a sua história favorita embalada pela canção do mocinho. Agora feche todas as outras portas, se já não for assim não demorará para que a entrada em uma trilha sonora acabe se tornando um comércio envolvendo altas cifras.

O ciclo se fecha com os artistas já consagrados no meio de toda essa crise. E o que eles estão fazendo atualmente? Nos shows só se ouve os sucessos das antigas, tudo o que Renato Russo mais temia ("senão fica aquele monte de gente pedindo 'toca Ainda é Cedo!'"), e em "novos" trabalhos o que mais se vê são regravações e mais regravações, a maioria acaba por detonar as gravações originais, mas há as exceções claro, o que não pode é essa exaustão de trabalhos repetidos.

Será que um dia conseguiremos sair desse cenário e promover uma nova revolução de ideias (sem acento agora)?

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O "meme" dos sete pecados capitais

Precisa dizer mais?

Recebi meu primeiro "meme" pra responder neste curto período de blogueiro, cortesia da Sil que fez o favor de me deixar praticamente sem ter pra quem passar (brincadeirinha hein?). Demorei um pouco pra dar a resposta por conta dos últimos textos, o da "Viplan" mesmo não podia esperar hehehe...

Bom, chega de enrolação. Lá vai as regras:

1) Gula: consiste em comer além do necessário e a toda hora;
2) Avareza: é a cobiça de bens materiais e dinheiro;
3) Inveja: desejar atributos, status, posse e habilidades de outra pessoa;
4) Ira: é a junção dos sentimentos de raiva, ódio, rancor que às vezes é incontrolável;
5) Soberba: é caracterizado pela falta de humildade de uma pessoa, alguém que se acha auto-suficiente;
6) Luxúria: apego aos prazeres carnais;
7) Preguiça: aversão a qualquer tipo de trabalho ou esforço físico.

Regras:

- Passar para 8 blogs
- Avisar e Linkar os blogs escolhidos
- Publicar suas respostas no blog

Lá vão minhas respostas:

1) Gula: quem olha pra mim percebe logo de cara que passo longe desse pecado, pra falar a verdade o pecado seria fazer o oposto disso, mas sem me desviar as porcarias que mais como sem enjoar são biscoitos recheados (que não sejam de chocolate), farofitos em geral (cheetos, doritos, até mico's de vez em quando) e pipoca, de preferência salgada e temperada. Se não tiver tempero a gente taca tempero pra carne que fica uma beleza.

2) Avareza: o negócio é cobiça a bens materiais porque o orçamento nem permite guardar quantias consideráveis. Costumava com mais voracidade colecionar camisas de times as quais tenho muita dificuldade em me desfazer delas. Atualmente compro bem menos mas agora por questões de ideologia dou preferência para clubes esquecidos e/ou desconhecidos - um contraponto a esse povo de modinha que compra camisa do Real Madrid, do Milan, do Manchester...

3) Inveja: de quem consegue tocar qualquer instrumento musical. Não sei que neura que eu tenho de achar que tocar violão ou baixo (meu desejo) é tão complicado quanto pilotar um foguete.

4) Ira: não é difícil me deixar irado, é só você fazer parte de uma empresa que te atende tão mal que parece estar mal-intencionada em te passar a perna e ganhar em cima de você, ou então me dispensar tratamento diferenciado sem justificativa plausível. Ah também detesto que me chamem de "amigo", parece soar como falsidade.

5) Soberba: não sei se isto se encaixa, mas infelizmente pra mim é difícil admitir erros, principalmente de pessoas que ficam urubuzando na espreita só esperando um deslize que seja, prontos pra te jogarem na cara ou apontar o dedo em tom de acusação como se tivesse cometido uma atrocidade imperdoável.

6) Luxúria: se é pra destacar "sensações do corpo" o que dizer do prazer de dormir atéééééééé não sei que horas naqueles dias frios e de chuva fina.

7) Preguiça: por incrível que pareça tenho uma enorme preguiça... de escrever(!) e de colocar no papel minhas idéias e apontamentos (lembra que minhas agendas nunca passam do mês de fevereiro)?

Bom, é isso. Repasso a bola agora para a Anna Angélica. É só uma mas é quem me sobrou.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Projeto de city tour em BSB

Bem que podia ser num desse aqui da nossa amada Viplan: e aí, vai encarar? - Foto: Wéverton Leonardo

Fiquei sabendo recentemente que o Governo do Distrito Federal pretende instalar ônibus panorâmicos para que turistas possam fazer um city tour pela capital federal.

Um city tour em Brasilia??? Que percusso ele faria? vejamos...

1 – Praça dos 3 Poderes: tudo abandonado e sujo...

2 - Congresso Nacional: mas na segunda e na sexta tá completamente deserta, e quando é feriado então? vixi...

3 - Catedral: mas vai estacionar onde? na Esplanada? ah e cuidado com as goteiras...

4 – Teatro Nacional: naquele restaurante que tem lá em cima... ah não, ta fechado. Ah mas tem o mosaico do Athos Bulcão... ih, tá em obras já tem um tempão...

5 - Torre: fechada, elevadores quebrados...

6 – Planetário: se não me engano o único do Brasil com projeção em 360º horizontal e 180º vertical, e depois nos aquários do andar de cima... ih, ta fechado também...

7 – Parque da Cidade: piscina com ondas? fechada... pedalinhos? não... Ana Lídia? interditado...

8 – Biblioteca Nacional: vazia...

9 – Museu da República (vulgo ovo gigante): não, não...

10 - SMU: isso sim! ver um monte de soldados que fingem que cuidam do nosso país e a gente finge que acredita...

11 - Rodoviária: não...

12 – Rodoferroviária: piorou...

13 – Ponte JK: aaaa.. essa sim =)

Difícil né???

Eu tenho um city tour mais pobretão mas que faz sucesso...

1 – Pastelão e caldo de cana na Viçosa

2 – Uma breve passada na Praça dos 3 Poderes (só pra ver se o Lula está lá...)

3 – Ponte JK: pra comer cachorro quente

4 – Píer 21: roupas da moda, nike shoks, comida cara e pessoas bonitas...

5 – Zoológico: uma passadinha só...

6 – Feira do Guará: tome roupas =)

7 – Paradinha num Giraffas pra Milk Shake de morango, porque de ovomaltine é no Bobs, mas ele não do DF, o Giraffas é =)

8 – Feira dos Importados: quinquilharias importadas baratas XD

9 – Eixo Monumental, paradinha na Torre pra comprar lembrancinha...

10 – W3 Norte, Setor Comercial Norte, prédios bonitos...

11 – 107 Sul, Pizzaria Dom Bosco: com seu único sabor, queijo (uma dupla e um mate por favor...)

12 – UnB: se alguém quiser puxar um, é a hora... se não, pode comprar alguma coisa dos hippies...

13 – Rodoviária de novo, finalizando com um belo Rodoburguer! ói que delicia...

Aí em vez de comprar ônibus novo, bota o povão pra andar de grande circular mesmo hehehe...

Contribuição do colega busólogo Wéverton com alguns pitacos meus.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A tal da Obamamania.


Nelson Mandela disse certa vez: "Você sabe que ficou realmente famoso quando vira personagem de quadrinhos". Sendo assim, Barack Obama, que hoje será o 44º homem a ocupar a presidência dos Estados Unidos logo que pegar as chaves da casa nova (a branca) com o antigo inquilino George W. Bush, deu recentemente um passo que acredito eu presidente nenhum jamais havia dado.

Desde que Obama foi eleito, foram veiculadas inúmeras notícias sobre sua popularidade e todas as expectativas e esperanças que surgiam acerca do novo governo que estava para começar, esperança essa que fez com que muita gente tentasse auferir alguns trocados lançando tudo quanto é tipo de bugiganga que estivesse vinculada ao futuro presidente. Pelo que andei apurando acho que só faltou leiloarem no eBay alguma cueca usada por ele.

Confesso que não estava dando muita bola pro noticiário, e nem daria mesmo que se desse mais destaque pro que seria o usual - que é a composição do novo governo e as políticas que estariam pra ser implementadas - em vez do que realmente ocorreu que foi dar ênfase ao fenômeno pop que Obama se tornou. A política internacional nunca foi de me atrair mesmo.

Mas como dizem, uma imagem vale mais do que mil palavras, e foi só quando visualizei esta imagem acima na Folha de São Paulo - Obama na capa da revista do Homem-Aranha - que caiu a ficha (quase uma bigorna) das proporções que as coisas tomaram. Realmente algo de diferente está acontecendo ou está para acontecer.

Por que eu acho isso? Bom, que eu saiba nenhum outro presidente foi retratado assim como ele mesmo em qualquer tipo de publicação, que dirá como elemento principal da mesma. Político até onde eu sei só é retratado em charge, e quando algum aparece em histórias em quadrinhos é em versão parodiada e/ou satirizada, tal qual em uma charge, a típica caricatura iconoclasta que é tudo que o homem público procura dia após dia evitar.


Ainda estou tentando por claro em idéias o que este fenômeno quer retratar, mas já fica claro a quabra de paradigmas, não só na imagem que se tem do presidente que está tomando posse hoje mas também no tipo de política que Obama planeja por em prática assim que ele e toda sua equipe for efetivada no cargo. Suas origens por si só já não o permite agir como seus "antecessores ex-combatentes do Vietnã" fizeram durante anos na Casa branca, é só observar a sua postura que realmente passa a imagem de um estadista, e não a de um cowboy caricato.

É partindo de toda essa mudança anunciada de postura no governo americano que pairam as expectativas do mundo todo, porém devemos ser cautelosos para evitar possíveis desilusões pois já estamos calejados de ver como as pessoas mudam de postura quando se deparam com a realidade que seus cargos a impõem. Só uma coisa parece imutável no momento: é o clamor popular por mudanças que já se observa desde a eleição e que tomou traços mais uniformes depois da mesma, e essa não costuma ser piedosa com quem trai sua confiança, sob pena de Obama sair deste pedestal em que foi colocado e virar "apenas mais um que sentou na cadeira de George Washington".

Enquanto isso fique com as imagens da despedida dos americanos a George W. Bush.

Foto: Chico Mendez/G1

Quem diria que Bush teria como sucessor alguém com o sobrenome Hussein (Barack Hussein Obama II).

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

O dia em que renascemos



Por Samarone Lima (publicado originalmente no Blog do Santinha)

Amigos corais, sem embromação, sem firulas ou detalhismos: Ontem, dia 18 de janeiro de 2009, o Santa Cruz Futebol Clube foi refundado. Um senhor de 95 anos voltou a ser menino.

Preciso recorrer à pequena filha de Inácio, Julia, para explicar tantos sentimentos. Ontem, Julia era a menina mais sorridente de Pernambuco, a mais bela das criaturas. Acompanhei, no final da manhã, a cerimônia oficial de preparação para entrar em campo. Calção do Santa, meia do Santa, camisa do Santa.

Júlia, de apenas seis anos, iria entrar em campo com nosso time.

Ah, meus amigos, não há lirismo maior que esse, não há imagem que retrate tão bem o que vivemos ontem. Uma singela menina com sorriso meigo, protegia nossos atletas de qualquer maldade. Da sociais, seu pai, o velho Inácio, jornalista que já escreveu centenas de matérias para jornais e revistas, um homem que agüenta apertos sem choramingos, não aguentou. Chorou de emoção. O choro do pai que vê a filha com apenas seis anos, inaugurando o gramado do novo clube.

Ontem, até o mais frio dos tricolores sofria de hipersensibilidade, de fantasia, lirismo. A Zona Norte da cidade estava repleta de poetas.

Nas arquibancadas, após a entrada do time, olhei para a torcida. Um homem, de seus 65 anos, chorava de soluçar. Ao lado, possivelmente sua esposa, era o pranto em estado puro. Impossível não sentir uma fisgada no coração.

Ontem, como disse o glorioso Laércio Portela, a torcida do Santa não encontrou o time, mas encontrou a si própria.

Não, amigos, não falarei do jogo. Ganhamos os três pontos. Deixemos aos especialistas as análises, os comentários, as notas. Prefiro falar do espírito que envolve o Santa Cruz e sua Torcida.

Ontem, pela primeira vez, vi um clube respirar paixão, mas aliada ao profissionalismo.

Vi nosso Diego Galdino, junto à entrada, fardado, orientando a torcida. Estava lá, como voluntário, ao lado de um pequeno exército brancaleônico. Todos resolveram arregaçar as mãos e ajudar no que fosse possível. Estavam lá Chiló, Dani, Gerrá, e tantos outros que agora fazem dessa história.

Olhei tudo, anotei tudo. Como sempre, nesses momentos de extrema emoção, de participação do povo, me afasto do turbilhão e passo a observar como se não estivesse lá.

Estou de pé, defronte ao Arruda, são 15h. Os ônibus passam apinhados. Uma multidão vai chegando à sede do nosso clube. Chegam loucos de saudade. Levam bandeiras, bonés, levam filhos nos ombros, mas levam, acima de tudo, esperança. Nosso clube, que passou por tantas humilhações, ao longo dos últimos anos, vai renascendo.

Bebo uma cerveja numa pequena barraca. Passam os amigos, que acenam. Vejo um tricolor discutindo com sua esposa. Daqui a pouco, ela chora. Não sei o motivo da briga, sei que ele diz algumas palavras, depois vai para seu lugar, que é o Arruda. Não, minha querida, isso não é hora de brigar, discutir, reclamar, pedir nada. É hora de embalar a paixão e chegar ao único lugar possível neste momento -as arquibancadas.

Súbito, escuto um urro. É a massa coral, dento do clube. Cantam o hino, invocam o “junta mais essa vitória”.

É um domingo de metáforas. A massa está dentro do clube.

Olho para os ônibus. Bomba do Hemetério; Santa Casa/Encruzilhada; Água Fria; João de Barros; Beberibe/Av. Norte; Alto do Capitão; Aguazinha/Joana Bezerra.

E súbito, amigos, passa o Alto da Bondade.

Só mesmo diante do Arruda, pode passar um Alto da Bondade.

Entro no estádio. Está lá, a graminha verde da esperança. O estádio pintado, bonito, a torcida em estado de graça. Segundo os jornais, éramos 30 mil torcedores.

Trata-se de um engano. Ontem, no Arruda, estavam presentes todos os tricolores mortos, vivos, e os que estão por nascer.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Palavras que tocam



Já prestei aqui ontem as minhas condolências às vítimas do acidente com o ônibus do Brasil de Pelotas, mas somente hoje pude ver a magnitude do ocorrido por meio das reportagens sobre o que ocorreu.

O fato foi bastante mostrado durante todo o dia. Muitas imagens do local onde o ônibus capotou, o resgate aos jogadores e membros da comissão técnica, o velório, a tristeza, o choque, o luto.

Mas as palavras que o ex-presidente do clube Cláudio Montanelli falou em entrevista e que foram ao ar no Jornal Nacional me marcaram de um jeito particularmente diferente:

- Assisti o Cláudio Milar, maior goleador do Brasil (de Pelotas), entrar no Bento Freitas dentro de um caixão! Compreendeu? isso é uma coisa inexplicável. É uma coisa que não se aceita.

Essas palavras pra mim resumiram não só o sentimento que tomou conta de toda Pelotas, mas de todas as pessoas que perdem algum ente querido em tragédias como a de ontem. Mostra também como o destino pode ser cruel em seus acontecimentos pelo quão repentino alguém pode nos deixar já que é uma coisa que nós nunca esperamos e, portanto, nunca estamos preparados para ela.

E isso é porque eram pessoas conhecidas, idolos para aquela cidade, mas quantas pessoas anônimas não passam por um choque tão grande com esse por aí sem nem darmos importância?

Que estas palavras nos façam refletir.

***

Atualização: Em São Paulo aconteceu nova tragédia, o teto da sede da Igreja Renascer em Cristo desabou matando nove pessoas e deixando feridas outras 96.

Novamente o choque toma conta da cidade. Novamente uma frase me chama a atenção, mas desta vez pelo sentido contrário.

O Bispo Estevam e a Bispa Sônia divulgaram uma nota lamentando o ocorrido, declarando solidariedade às vítimas entre outras coisas. Mas arrematam dizendo que deve haver algum propósito de Deus no que aconteceu.

Achei altamente inoportuno esta frase e acho que era a última coisa que os familiares das vítimas, principalmente as fatais, queriam ouvir, além de ficar parecendo que querem se eximir de uma possível responsabilidade ou omissão jogando a culpa em Deus.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Dores do mundo

A casa quase pronta para a festa de domingo - Foto: Coralnet

Por Xico Sá (artigo publicado na Folha de São Paulo de hoje, 16/01/2009 e reproduzido pelo Blog do Santinha)

Amigo torcedor, amigo secador, o Santa Cruz voltou a sucumbir, agora diante do Porto, o impiedoso gavião do agreste, inimigo declarado do projeto Fênix ao qual se agarra, como nunca dantes, o tricolor do Arruda.

Sim, você há de dizer, tanto assunto importante, o Kaká na roda da fortuna dos xeques dos Emirados Árabes, e esse cronista chinfrim a tratar dos arredores do seu quintal.

Tantas câmeras e vigilantes do peso focados, minuto a minuto, na barriga do Ronaldo, e você me sai com time da quarta divisão do Brasileiro.

Quantas contratações importantes no mercado, o Keirrison no palmeiras, o Bolaños no santos, o rodízio à moda européia do são paulo, meu chapa, e você foge para a rua das Moças, bem em frente ao campo do time coral pernambucano.

Com a vênia e o perdão do amigo, retomo o drama do Santa Cruz com a grandeza que merece uma das mais proletárias e passionais torcidas brasileiras. A massa que celebrou no último domingo a primeira vitória em quase seis meses: 0×1 no sete de setembro, em Garanhuns.

Era a arrancada não rumo a Tóquio, como na troça feita pelos torcedores do Sport, mas em busca da honra perdida, ponto inicial do projeto Fênix. Na noite de anteontem em Caruaru, a volta à casa do infortúnio: 4×0 para o Porto. É de amargar, como na letra do frevo de Capiba, tricolor doente.

Entendeu, amigo, como não existe nada mais relevante no momento do que a tragédia vivida pelo Santa?

A depender deste cronista, velho Chico, a dor da gente sai na imprensa, chorada e escandalosa, em caixa alta, como no “Jornal da Morte”, samba levado hoje pela Nação Zumbi e por Roberto Silva em morros de outrora. Vítima de malandragens profissas e diretorias sem amor ao clube, além de uma boa dose dos azares do mundo, o Santa Cruz tenta se reerguer, mas como um Cristo que apanha em público.

Não há como ignorar o lamento negro de um taxista que cruzava outro dia comigo a avenida Agamenon Magalhães: “Meu Santinha, doutor, a gente não merecia esse castigo!”.

Se o folclore atribuía, nos anos 80, infelicidades do Náutico a um boi sonegado a Pai Edu e Xangô - os cartolas prometeram e não cumpriram o sacrifício -, parece que o Santa Cruz, como zombam hoje os próprios fãs do Timbu, ficou devendo uma boiada nos terreiros de Olinda.

É, meu caro tricolor, é mesmo tragicômico, mas domingo, na reinauguração do Colosso do Arruda, com 60 mil almas penadas e resistentes, o time coral tenta outra vez sua bela arrancada. Não há momento mais simbólico do que voltar a um dos estádios mais bonitos do mundo.

Os novos homens do comando, dizem, trabalham pelo projeto Fênix.

Têm o aval e a fé da torcida. Que Nossa Senhora da Conceição, ali do milagroso morro de Casa Amarela, rogue por todos. E que o Central, a patativa de Caruaru, a rival da festa, não esteja em dia de mal-assombro.

É, amigo, tantos assuntos, e você me vem com a dor em preto, vermelho e branco. Entendo, amigo, tem a coisa da grandeza histórica de Pernambuco falando ao mundo. Gracias pela compreensão. E agora dá licença que eu vou ver de novo o espetáculo do Capibaribe e o Beberibe se juntando para formar o Atlântico.

***

Foto: Nauro Júnior - ClickRBS

Aproveito o espaço para registrar aqui minhas condolências à família de Cláudio Millar, jogador vitimado no acidente com o ônibus do Brasil de Pelotas, assim como o zagueiro Régis e o proparador de goleiros Giovani. Que descansem em paz onde estiverem.

Cláudio Milar foi jogador do Santa Cruz no ano de 1999 e participou do time que foi responsável pelo acesso à Série A naquele ano, sendo um dos destaques daquela campanha. Atualmente era um dos maiores ídolos do clube gaúcho, onde fez mais de 100 gols em quatro anos de elenco, e era considerado um dos jogadores que mais se identificavam com o clube e com a torcida.

Quero também prestar minha solidariedade ao Brasil de Pelotas e toda a torcida xavante. Que todos consigam superar esta tragédia e dar a volta por cima.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O estranho limbo do mês de janeiro

Cadê todo mundo???

Em Brasília tem pairado uma clima meio estranho.

Não, não estou me referindo ao súbito calor que se abateu sobre a cidade, tão estranho que presenciei um desses relógios de rua que marcam a temperatura registrando 32°C! Às 8 da manhã!!! E pra piorar mais ainda um deles estava marcando 25°C hoje no mesmo horário. Acho que isso é um sinal que estes relógios são tão confiáveis quanto horóscopo de jornal.

Estou me referindo a este clima de pós-reveillon. Brasília fica meio estranha com o vazio que se abate sobre as repartições públicas (e empresas privada também, por que não?) nesse mês do ano e que acaba se refletindo sobre vários aspectos da vida da cidade. Janeiro acabou se institucionalizando de vez como o mês das férias e da curtição, mas será que este clima é extensivo à Capital Federal?

Por sua natureza propagada pelo senso comum a resposta é um simples e direto não. Mas antes de conclusões precipitadas prefiro desenvolver este texto para obter uma resposta mais bem abalizada.

Por exemplo, interrompa agora a leitura deste texto e vá atrás da escala de férias de seu local de trabalho (isso, claro, se você tiver acesso fácil a mesma). Bom, agora que você voltou as atenções aqui ao computador já deve ter percebido que a maioria dos seus colegas de trabalho pediu seu descanso pra este período do ano. Se o lugar que você trabalha for divido em setores interdependentes (ou seja, a ausência do colega do lado não necessariamente te atola ainda mais de serviço) verá esse processo ainda mais nítido.

A explicação é de certa forma óbvia: janeiro é o mês em que as crianças e adolescentes estão no meio das férias - depois do natal e do reveillon, onde ficamos pra nos reunir com a família, e antes do carnaval, que divide opiniões quanto à sua importância. Seja como for a petizada adora viajar, adora ao quadrado viajar para lugares que tem praia e adora ao cubo ou até à quarta potência viajar para lugares que tem praia no período que a babá eletrônica está bombardeando o tempo todo que as praias estão bombando (sem trocadilho, por favor). Lembram? Mês de sol, praia, calor e muita gente bonita. É o mês do verão e os adultos que compram esta idéia (ou que tiveram filhos que a compraram) já tão curtindo o calçadão de Copacabana faz tempo.

Tem também as universidades de todo o país que estão de férias, e universitário que se preze não vai ficar morgando em casa, ainda mais se ele morar em Brasília.

Ah mas alguém pode estar estudando pra concurso, quaaaaaaaaase não tem isso por aqui não é mesmo? Não possuo estatísticas que indiquem como anda a frequencia dos cursinhos preparatórios mas concurseiros assumidos com quem tenho conversado tem me confidenciado que escolheram justamente este mês para dar uma descansada, mas bem rapidinha pois parece que já tem provas no mês que vem ou é no outro, não sei.

O resultado desta equação obtemos quando levamos em consideração o óbvio ululante de que Brasília não tem praia nem coisa que o valha. Isso inclusive remete ao que me referi no texto A mágica do fim de tarde sobre o Lago Paranoá. Pra finalizar, este povo prefere ira pra Balneário Camboriú ou pra Água Mineral? Pronto, o resultado disso é metade da cidade praticamente "abandonando o navio".

E se você preenche todos esses requisitos e pra piorar não é daqui de Brasília. Tá fazendo o que aqui ainda?

O que sobra pra quem fica são avenidas quase sem congestionamentos, ônibus mais vazios e mais tempo ocioso no trabalho e fora dele pra completar o clima de marasmo. Em compensação não parece ter muita coisa interessante pra fazer pra ocupar esse tempo que anda sobrando, afinal não dá pra sair do trabalho assim e não se tem muitas opções de lazer interessantes por aqui nessa época do ano (até elas tão na praia), e mesmo que tivesse, boa parte da turma que a gente conhece está viajando. Resumindo, estamos vivendo um período praticamente perdido, a maior das provas de que no Brasil, principalmente em Brasília, o ano só começa depois do carnaval. E o principal de tudo, a cidade a princípio está definitamente alijada do clima de curtição de janeiro, isto por ação e obra de seus próprios habitantes.

Aos que ficaram meus desejos de boa sorte, e que no ano que vêm vocês consigam encaixar suas férias por este período de farra, isso enquanto as pessoas não aprenderem a valorizar o descanso em outras épocas do ano.

P.S.: Este é o primeiro texto deste blog que exigiu adequação às novas normas da língua portuguesa. E viva o fim do trema!

domingo, 11 de janeiro de 2009

É hora de torcer pelo Santa Cruz

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Amanhã, começa uma nova caminhada na história do Santa Cruz Futebol Clube, time do povo, o mais querido das multidões. Tão maltratado por aqueles que o usurparam mas que agora tem tudo para ser recolocado nos trilhos da vitória.

Amanhã começa o Campeonato Pernambucano de 2009. O Santa estréia contra o Sete de Setembro no estádio Gigante do Agreste, em Garanhuns.

Sobre este novo momento na história transcrevo texto brilhantemente escrito por Luis Augusto Simon para o Blog do Menon:

***

Todo cidadão de bem, decente, cabra macho e que gosta de futebol como símbolo de paixão popular, tem obrigação de escutar pelas ondas de rádio, a estréia do Santa Cruz contra o Sete de Setembro de Garanhuns, no domingo, pela primeira rodada do campeonato pernambucano.

Não é apenas um jogo. É o primeiro passo de um dos times mais populares do Brasil para escapar do poço que parece não ter fim. O Santa Cruz, que disputou a Série A em 2006 (tão pouco tempo, né?), precisa fazer um bom campeonato pernambucano para conseguir uma vaga na....SÉRIE D.

Isso mesmo. A incompetência seguida de dirigentes cobrou o seu preço e o Santa, dono do Arrudão, dono de uma torcida fanática e numerosa e um dos grandes de Pernambuco luta para não acabar.

Fundado em 1914 por garotos que jogavam perto da Igreja de Santa Cruz, o Santa sempre foi um dos grandes do Nordeste. Na década de 70, dominava. Ganhou o Norte-Nordeste em 1967 e 24 vezes do campeonato pernambucano, o Santa revelou jogadores como Givanildo, Luciano, Ramón, Nunes e Ricardo Rocha.

Agora, sob nova direção, tem André Zuba, Sandro e Marcelo Ramos como destaques. E para provar que é um time titular já foram vendidos 5 mil ingressos para o jogo de amanhã. O estádio do Sete de Setembro, com capacidade para 8 mil pessoas, vai lotar.

Vamos, Santa!!!! Ou você prefere os Barueris da vida?

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Amante Profissional - Parte 1


Quarta-feira à noite, estou eu no computador quando começo a baixar músicas em MP3 via Emule. Pra variar estou ouvindo minhas atrocidades musicais (atrocidade é só uma forma de expressão, não quer dizer que a música é ruim). De repente ouço um grito vindo da sala - é meu irmão Rodrigo fazendo um pedido:

Rodrigo: - Toca "Amante Profissional"!

Eu: - Hein?

R: - É, a que você baixou ontem!

Eu: - Você tá querendo ouvir Herva Doce???

É isso mesmo que vocês leram: Herva Doce. E a música é a que vocês estão pensando mesmo, aquela do "Moreno alto, bonito e sensual e blá blá blá". Mas é daí, o que é que isso tem de mais não é mesmo?

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Bom, nada, a não ser o fato de que o Rodrigo tem 19 anos! E convenhamos, a banda em questão já tinha caído no ostracismo antes mesmo dele nascer, além da música em questão só ter tido o seu sucesso relâmpago quatro anos antes dele nascer. E convenhamos, não é uma banda muito difundida, tanto que muita gente que viveu na época nem se lembra da existência da mesma.

Pra quem não sabe a banda Herva Doce é um grupo músical surgido nos anos 80, cujo maior sucesso (o referido aí de cima) foi gravado no ano de 1985. Faz parte de mais uma daquelas bandas que tiveram um sucesso efêmero com uma música só, no máximo duas, como Magazine, Metrô, Absyntho, etc.

O pedido deve ter sido feito em um momento dele de egotrip. Opa! Egotrip? É outra banda efêmera da época (Coragem pra enfrentar/Frente a frente eu comigo/Como se enfrenta um irmão no exército inimigo) e logo me lembro de Mandala, novela que foi frutífera em lançar hits da época: Um Dia Um Adeus, A Paz, Bobos da Corte, Preconceito e o maior de todos - O Amor e o Poder (Como uma deusaaaaa...).

Recuperei a(s) música(s), como havia dito, por meio do Emule, um programa de compartilhamento de arquivos que remete ao antigo Napster. Tudo nele funciona como num intercâmbio de arquivos de mídia que podem interessar tanto a nós como a outros usuários, tanto que é possível encontrar todo tipo de música por lá, o que torna um atrativo a parte essa caça arqueológica já que você sabe que fatalmente você vai encontrar aquela música. Acredite: por mais rara e esdrúxula que possa ser, com certeza mais alguém tem a música que você gosta.

Algumas pesquisas foram mais interessantes pelos erros encontrados no nome do arquivo. O mais claro deles é o da música Ligeiramente Grávida. Por incrível que pareça a mesma é atribuída na maioria das ocorrências à Blitz, mas você também pode encontrá-la atribuída ao Magazine, ao Dr. Silvana e Cia.(!) e até ao grupo Grafite (Mamma-má, Mamma Maria-má, Mamma-má...). Ah sim e ao grupo que realmente compôs a música - o Espírito da Coisa. Acho que só faltaram atribuir a música à Gang 90 & Absurdettes.

Outros casos clássicos são: Mordida de Amor (versão tupiniquim de Love Bites do Def Leppard) que você encontra tanto gravada pelo Yahoo como "gravada" pelo Rádio Táxi, Ursinho Blau-Blau que é "dividida" entre o Absyntho (ou a só o Silvinho) e o João Penca & Seus Miquinhos Amestrados, e Grilo na Cuca que "ganhou" uma versão do Gilliard além da do Dudu França. Há também "trocas de autorias" como Biafra cantando Meu Mel e Marquinhos Moura cantando Sonho de Ícaro (que só pra constar, o certo é o contrário, se bem que a segunda ganhou um monte de "pais da criança").

O mais interessante disso tudo e que tem me empolgado é o tanto que estas músicas estão sendo difundidas. A década de 80 foi de grande profusão na música e foi quando o Pop/Rock Nacional formulou suas bases. Além disso os jovens da época se sentiram encorajados a produzir músicas e se lançarem para apresentar suas composições, foi a profusão de fitas demo de bandas de garagem, e isso só foi possível porque as rádios e as gravadoras davam o estímulo necessário para que houvesse novas produções, seja com programas abertos a novas bandas, shows, concursos e festivais de música amplamente divulgados (e eram muitos) além de selos que davam oportunidade de gravação a bandas que tinham algum potencial, seja lançando singles e LPs próprios, seja participando de coletâneas.

O Herva Doce mesmo trilhou este caminho: mandou uma fita com quatro músicas pra Rádio Cidade do Rio e uma delas foi colocada na programação. No ano seguinte os caras já estavam abrindo o show dos mascarados do Kiss no Maracanã, o que não é pouca coisa.

No próximo texto da série vou fazer um comparativo com o panorama atual da música brasileira (e da mundial também, por que não? Afinal esse espaço é pra ser livre para escrever pra qualquer lado certo?).

***

Atualização: achei uma página que tem um link que supostamente disponibiliza o download do LP Amante Profissional, gravado pela RCA em 1985. Eu digo supostamente porque essas páginas de compartilhamento costumam ser burocráticas demais.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

BBBizarros


Hoje tinha em mente elaborar outros textos. Porém quando vi este post do Antônio Tabet percebi que ele tinha lido meus pensamentos (que eu espero que sejam de mais pessoas). Por isto reproduzo o mesmo aqui:

"Hoje foram anunciados os 18 escolhidos para a nova edição do 'Big Brother Brasil'. Há quem ame o programa, há quem odeie e há, principalmente, aqueles que dizem que odeiam, mas não conseguem ficar sem falar no assunto. Estão aí as redes sociais não me deixam mentir. Israel pode mandar tropas à vontade para a Faixa de Gaza e os executivos da Apple podem anunciar o gadget do século que, na hora “H” mesmo, a maioria dos pseudofashionistas e geeks de bidê só fala dos vovôs do BBB. O resto está mais interessado no destino de Flora na novela das oito. E todos eles “odeiam a Globo”. Ahã.

Enfim, será a nona edição do reality show. Um cálculo rápido mostra que o destino quase certo dos participantes é o ostracismo ou a mediocridade. Foram 113 participantes até hoje e apenas dois conseguiram emplacar uma carreira relevante: Sabrina Sato e Grazielli Massafera. Os outros, na melhor das hipóteses, viram celebridades do bairro ou ganham um 'Kibe de Ouro' no fim do ano. E isso independe do ano de exibição ou do desempenho no programa. Ou você está a par das novidades acerca da empreitada artística do Rafinha, o último campeão?

Pois é. As chances de um BBB chegar ao estrelato são de 1,77%. Quase as mesmas de uma austríaca parir gêmeos enquanto você lê esse post. Contudo, 100% deles têm direito aos seus “15 minutos de fama” e, entre outras coisas, dão as caras (literalmente) para a seção “BBBizarro”.

Como você já sabe, a colaboração dos leitores será fundamental. Ainda mais agora com mais participantes. Haja olho clínico e pesquisa! Por isso, mande um e-mail para bbbizarro@gmail.com e capriche nas suas sugestões de somas, subtrações, multiplicações ou divisões. Mas lembre-se: quanto mais completa a dica, melhor. Links e imagens ajudam. O resultado a gente verá por aqui em breve.

Ah! Para servir de aperitivo e/ou inspiração, clique aqui para ver a versão do ano passado…"

***

Minhas fontes já andaram apurando algumas informações e chegaram até mim notícias de que a Globo ou tá tirando uma com a nossa cara ou resolveu assumir de vez a cara de pau. Uma das tais participantes, que está inclusive sendo alçada como "a representante de Pernambuco" pelos meios de imprensa, principalmente pelo pe360graus (pertencente à Globo Nordeste), é colocada como "estudante de direito" só pra enganar os incautos de que ela é gente como a gente.

Porém todos os meios omitem do currículo dela a profissão de "Miss Pernambuco". Além disso a futura BBB participou do concurso de Musa do Brasileirão em 2007 promovido pela Globo.com (vejam só), e como musa da coisa pra piorar. A reportagem ainda cita que por conta do concurso a mesma ganhou uma bolsa de estudos na faculdade onde estuda.

Realmente é uma grande contribuição para a ciência participar de um concurso desses.

Seja como for a minha crítica não fica para o programa em si, mas para a mensagem que a mesma passa a milhões de brasileiros, além da falta de transparência nas "regras do jogo" e na produção do programa. Mas tudo bem, acho mesmo que até aquele povo que manda vídeo pra Globo pra participar do BBB sabe que tudo ali funciona na base do pistolão.

***

Atualização: Parece que Israel e o Hamas decidiram tirar um descanso, e provavelmente pra assistir o BBB, pois há duas notícias no Uol, duas no Terra e SETE notícias no site da Globo falando só sobre isso, sendo que no último todas estão no topo em grande destaque.

E já andaram fuçando o currículo do resto dos participantes, acharam outra miss (ops, professora). Quem sabe isso não tira o Miss Brasil do ostracismo.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

A mágica do fim de tarde


Agora neste momento são 16 horas e 57 minutos. Vou fazer um desafio a mim mesmo para ver quanto tempo levo para concluir o distinto texto, incluindo inclusive (essa foi boa) as interupções que sei que não serão poucas.

Primeiro texto de 2009. Até agora tudo calmo, tanto que até celebridade indo à padaria tá virando notícia, afinal de contas quem quer saber de guerra na Faixa de Gaza e crise econômica global né?

Mas vamos para de enrolar e vamos logo ao que interessa, Vim digitar aqui porque quero falar de uma coisa que desde os primórdios de minha existência representa um momento especial do dia, talvez pelo fato de sua essência ser diferente de outros momentos: o pôr do sol.

O dia passa todinho azul ou todinho cinza, e num dado momento tudo fica em tons vermelhos, róseos, laranjas e azuis de tudo quanto é intensidade como se tivesse surgido no céu uma aquarela chinesa. E aqui no mundo dos mortais o que é que estamos fazendo? Saindo do trabalho, da escola, do curso, da vida cotidiana, de algum lugar qualquer de onde nos dirigimos para algum lugar em que voltamos a ser nós mesmos. É a hora que chegamos em casa e desafrouxamos os nós, tiramos o paletó e a gravata que nos é imposto usar durante o dia para vestirmos aquilo que nos faz sentir mais confortável. É a hora que reencontramos os amigos para tomar um chope, conversar, debater, divagar e trocar o barulho de bateção de teclas pela da música que mais gostamos. É a hora em que voltamos a ser nós mesmos, seja quem "nós mesmos" formos.

Acho ques tenho voltado a perceber isso por causa das minhas determinações de férias que incrivelmente estou conseguindo concretizar. Já devorei dois livros de Érico Veríssimo e quando chego em casa tenho ouvido muita bossa nova, música daqueles que souberam sintetizar como ningúem todo esse clima de descontração que o fim de tarde nos passa.

Tenho que destacar mais uma daquelas músicas que me marcam (e que certamente marcou muita gente) e que tem todo esse clima: "Tarde em Itapoã", que foi brilhantemente escrita pelas quatro mãos de Vinícius de Morais e Toquinho, que foi honrosamente defendida por inúmeros intérpretes e que tive a felicidade de conferir recentemente em uma versão drum 'n bass feita pelo grupo Kaleidoscópio, que inseriu uma batida moderna à música sem tirar aquele bafo de maresia que a letra e a melodia carregam.

"Ah, mas Brasília não tem praia" dirão alguns, mas e daí? A praia é só mais uma composição. A natureza é bela e rica o suficiente para nos fornecer elementos à altura, talvez isso é que tenha levado Lúcio Costa a dizer que "o céu é o mar de Brasília". Particularmente acho que não precisaríamos abstrair tanto, bastava que se democratizasse o acesso ao Lago Paranoá. Imagine o mesmo aberto à banhistas que pudessem desfrutar de quiosques e bares, ideias para se reunir com amigos aproveitando a brisa que bate vindo do lago. Imagine o quanto isso não renderia para o turismo, a economia e o bem-estar de Brasília. Agora imagine quantas pessoas têm o pensamento mesquinho de que o lago foi feito para que pessoas endinheiradas fechassem seu naco de orla para deleite pessoal, afinal se eu posso montar uma prainha particular aqui em casa pra poder estacionar minha lancha por que dividiria este espaço com desconhecidos? Aqui tem tão pouca margem não é mesmo?

Mas voltando ao pensamento inicial, acho que estes momentos de descontração devem ser bastante valorizados pois é a "hora feliz" que temos para sermos nós mesmos e para sermos criativos naquilo que gostamos, e assim evoluirmos como pessoas e não como máquinas de estudar e trabalhar. Lembremos que quando buscamos nossas lembranças e a repassamos aos outros lembramos bem mais dos momentos de lazer e descanso do que dos momentos de trabalho, agora se você está invertendo esta equação é bom soar o alarme e voltar a ser você mesmo e não ser uma engrenagem da empresa ou um acumulador de apostilas.

Seja feliz e se permita ser feliz do jeito que você gosta, não estou pregando pra ninguém que é ruim trabalhar, mas sim que deixemos espaço em nossas vidas para exercitar nossa vontade. Desfrute este momento mágico de transição, do encontro do dia com a noite, sem remorso algum.

Você não terá seu salário descontado e nem marcará menos questões no concurso por isso.

Agora são 17:48, e termino de escrever mais uma vez mirando no que vi e acertando no que não vi. Ainda bem. Com isso aproveitei bem meu fim de tarde.