sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Procrastinação


Já devem ter percebido que o blog ficou um tempão sem atualizações.

Ultimamente tenho me envolvido em muitos projetos diferentes. Coisas novas estão sendo preparadas para 2010. Além disso a Serenata de Natal está em sua reta final de apresentações aí fica difícil parar no PC para pensar em algo. Inclusive quando paro fico com preguiça de escrever aqui no blog só de pensar que me acostumei a escrever textos longos e não queria quebrar esta linha.

Aliás tenho sentido que espaços como este blog já não se adequam mais ao estilo da internet atual. A informação tem que ser passada de forma mais ágil e a tendência é que tudo se dilua em pequenas idéias lançadas em grandes quantidades. Este é um dos motivos do sucesso que o twitter faz atualmente.

O blog não sofre ameaças de nenhuma natureza. Contraditoriamente dezembro é um mês de muitas tarefas que resultam em menos posts, mas em outra mão as idéias se tornam mais férteis.

Para este ano que está chegando teremos novidades. É tudo o que posso dizer. Até lá aguardem as coisas boas que vês por aí.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Sobre o Rio


Não achei foto que ilustrasse melhor o momento vivido pelo Rio (e pelo Brasil inteiro por tabela) do que esta aqui. Soldados se protegendo. E muitas câmeras atrás.

A sequência de fotos completa está aqui.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Viagem de busão


Do blog Bebida Liberada

Apesar de ser um país interligado por rodovias na maioria de sua extensão, o Brasil conseguiu baratear bastante o custo das passagens de avião. Mas o fato é que grande parcela da população, seja por medo, por falta de grana ou por qualquer outro motivo, já viajou de ônibus. E cabem algumas observações nesta empreitada.A viagem de ônibus começa na compra do bilhete. Minha avó sempre dizia para viajar do lado onde fica o motorista, pois o reflexo do mesmo é se salvar em uma eventual batida. Já meu pai falava que o melhor é no meio do ônibus, pois não sacode tanto e você não fica enjoado. Só que EU sempre quis MESMO era viajar do lado de uma gatinha, mas parece que é como ser entrevistado pelo Ibope: em ambos os casos, nunca fui e não conheço ninguém que tenha realizado o feito. Na maioria das vezes quem sentava ao meu lado era idoso, louco/a querendo puxar assunto ou, uma pessoa (?) muito estranha.

Outra dúvida que sempre tive é se guardo as malas lá em baixo no bagageiro, pois sempre que fiz isso, esqueci algo que precisava e quando não o faço a mala não cabe no espaço destinado a ela dentro do ônibus. Falando da viagem propriamente dita, normalmente começa muito bem. Porém, após alguns minutos sempre tem alguém que invariavelmente vai reclamar do ar condicionado (normalmente uma mulher dizendo que está muito frio).

Quando o trajeto é noturno e você está MORRENDO de sono, invariavelmente se depara com pelo menos um destes seres: o “Cult” que resolve ler alguma coisa de madrugada e acende aquela luzinha; a dupla que julga ser um bom horário para bater um papo; o non-sense que resolve atender o celular pra ganhar um beijinho de boa noite (da mãe/namorada); a criança que não para de chorar ou; o cara que ronca como se fosse um filhote de javali.


Ainda rola a parada do ônibus que se constitui basicamente em alguma do tipo “comeu-morreu” com aquele kibe (“não amigão, é coxinha” e o sujeito espanta as moscas de cima) engordurado ou aquelas lindíssimas onde um folheado custa 15 pratas e um café 10 (acho que é lá que o flanelinha aqui da rua está tomando café…). A viagem, via de regra termina com o sorriso amarelo de algum conhecido, amigo, parente que teve de acordar às 5 da manhã para te buscar na rodoviária e te encontrar todo suado e fedido (porque a menina conseguiu convencer o motorista de que estava muito frio e o ônibus ficou com aquele futum de 50 pessoas respirando).

É, talvez avião tenha mesmo um melhor custo benefício pois a viagem é mais rápida e higiênica. E ainda por cima rola uma birita no serviço de bordo!

P.S.: Em compensação o avião não vai naqueles confins do interior, e é aí que está a graça da viagem de ônibus.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O Festival dos Festivais



Descobri que há 25 anos estava sendo realizado o Festival dos Festivais: o último suspiro do que representou a chamada Era dos Festivais.

Há alguns dias atrás estava eu assistindo (na verdade reassistindo) vídeos das apresentações dos intérpretes escalados, pelo menos os mais famosos atualmente e peguei meu irmão que não era nascido na época para que virássemos críticos musicais. Detalhe: eu era nascido, mas tinha apenas três anos na época do festival. Aí ao descobrir que o festival está comemorando bodas de prata resolvi me aprofundar em todos os vídeos que chegaram até nós via youtube e me deparei com o primeiro dilema, na verdade o dilema que me motivou a escrever este texto despretensioso e que serve de reflexão para toda nossa geração que vive de nostalgia mas que nunca se preocupou com algo essencial: a validade do julgamento de pessoas dos dias atuais.

Num exercício fácil percebemos algo óbvio mas que não levamos em consideração num primeiro momento, e isto vale para pessoas que viveram momentos históricos distintos (leia-se uma distância de no mínimo vinte anos). Não temos valores e pensamentos iguais ao das pessoas que viveram há 25 anos atrás logo não teremos a mesma visão das pessoas de antigamente sobre quais músicas eram boas e quais eram ruins. Pra falar a verdade a tendência seria dizer que nada prestou naquele festival. E aí tem duas coisas a se levar em consideração:

- Apesar de ter conseguido pouquíssimas informações sobre o evento em si, deu pra perceber principalmente pelos vídeos o quanto o festival mostra aos meus contemporâneos no que diz respeito ao contexto cultural vigente na época. Os vídeos quase gritam o que era os anos 80 em todos os aspectos visuais, musicais, gráficos e comportamentais.

- Se por um lado não podemos julgar nem as músicas e nem as preferências da época, podemos fazer um paralelismo: fazer nossas escolhas com os parâmetros atuais e comparar com os da época. Pode não ter fundamento histórico, psicológico e nem educativo, mas é divertido.

E deixando um pouco de fazer divagações falemos agora dos "melhores momentos" daquele que é considerado o último festival de MPB relevante para a história. E apesar de que na época este formato de competição já se encontrava desgastada Deve se considerar que vários cantores que faziam ou passariam a fazer sucesso na época estavam lá defendendo músicas sendo que algumas ficariam eternizadas.

Claro, nem tudo que ficou eternizado foi por conta da qualidade musical. Dois destaques de certa relevância: Pedro Bial, ainda um ilustre desconhecido, brindando o público com uma saraivada de versos "poéticos" em meio a uma música que não diz muita coisa. E um grupo infantil (o que mais havia na época): Os Abelhudos - se apresentando com a música "O Dono da Terra" e pelos relatos que consegui o grupo fez com que a criançada passasse a torcer por eles. Óbvio.

Mas nada foi mais "fail" no festival do que as legendas da transmissão. Para o povo aprender as letras foi uma deseducação pois as legendas sumiam, voltavam, entravam na hora errada e com muitos erros gritantes em comparação com o que estava sendo cantado.

Enfim, depois de três meses passou-se a etapa eliminatória regionalizada e veio a grande final do dia 9 de Novembro de 1985 no Rio de Janeiro, onde se consagraram grandes nomes da época. Rita Lee mesmo se apresentou depois de passar um tempo sumida da mídia.

E sim, Oswaldo Montenegro - o rato de festival - estava lá. E Emílio Santiago também. Até a Rosana "como uma deusa" Fiengo deu as caras por lá.

Meus destaques positivos: Leila Pinheiro. Não sei se ela gravou "Verde" (a música do topo do texto) em estúdio antes ou depois do festival, mas ela é maravilhosa, ótima pedida para ouvir num dia chuvoso de fim do verão. Não à toa Verde ganhou o terceiro lugar do festival. Outro destaque relevante ao meu ver foi

Em segundo lugar ficou "Mira Ira", interpretada por Miriam Mirah. Confesso que não conheço nem música nem intérprete mas a música me agradou e também ao júri que deu a ela o prêmio de melhor arranjo. Quem conhecer pode dar maiores detalhes. E li nos comentários das músicas do festival que a música vencedora causa controvérsias até hoje. Eu mesmo, com a minha cabeça de hoje não consigo entender como Escrito nas Estrelas, com uma letra pavorosa e com uma Tetê Espíndola com um visual mais pavoroso ainda (acho que mesmo para os padrões da época) levou o prêmio maior da competição.

E qual é a desses dois aí fantasiados de coração? Vergonha alheia ao máximo aqui.

Enfim, não vivia a época, só tinha três anos de idade como disse, então não me sinto apto a julgar a decisão e os demais resultados. Mas lembro com clareza o tanto que essa música fez sucesso na época, principalmente no ano seguinte ao do festival. Mas é inegável que sempre que alguém quer zoar uma rodinha de violão tenta imitar os agudos de Tetê:

"CASO DO ACASO BEM MARCADO EM CARTAS DE TARÔ..."

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Orgulho candango

Tentei encontrar uma imagem de uma bandeira real mas não encontrei nenhuma, de modo que vai a da Wikipedia mesmo.

Brasília completou cinquenta anos em 2010, será que já é possível descrever características típicas tanto da cidade como das pessoas que a habitam? Vários e-mails já circularam com características, mas sempre falando de coisas mais abrangentes, relacionadas com o dia a dia, nada que fosse o suficiente para que surgisse o estereótipo que caracterizasse o brasiliense típico.
Imagine como é um típico carioca. Agora um paulista. Agora um mineiro. Agora um gaúcho. Agora um baiano. Agora um cearense. Agora um brasiliense. Provavelmente uma imagem surgiu na sua cabeça em todos os casos. Todos? Tenho quase certeza que na hora de imaginar um brasiliense você fez força e não conseguiu. O brasiliense ainda é uma figura amorfa numa cidade que ainda recebe levas e levas de pessoas que se mudam para cá pelos mais diversos motivos. E até mesmo a cidade se mostra essencialmente heterogênea quando se analiza seu povo, pode comparar até mesmo entre os aspectos físicos dentre as cidades do DF: não temos uma cidade uniforme.

Entre os que nascem aqui são bem poucos ainda os que tem pais e familiares nativos, a maioria esmagadora tem pais nascidos em outros estados e acabam se influenciando pela cultura de outros estados, notadamente gaúchos, mineiros, pernambucanos e até mesmo paraenses, entre outros. Isso resulta num povo que não se enxerga como brasiliense além do que está registrado na certidão de nascimento. São descendentes, não nativos, tal qual aqueles que tem sobrenomes estrangeiros incomuns e se ocupam em fazer árvores genealógicas atrás de antepassados nobres (leiam-se europeus não ibéricos, de preferência teutônicos e/ou italianos).

Outro fenômeno que percebo é que aqueles que nasceram aqui se sentem inferiores àqueles que nasceram em outros estados e vieram para cá. Quem veio trouxe um sotaque, uma cultura, alguns hábitos e coisa e tal. Quem mora aqui e nasceu aqui não tem quase nada do que se orgulhar, não ostenta bandeira no carro, camisetas estilizadas, frases de efeito, nada, tem até vergonha pois nasceu na terra dos corruptos.

Este é outro fenômeno. Brasília é terra de corrupto e de marajá que ganha salário alto trabalhando para político. Esta é a imagem que os que moram em outros estados tem de Brasília - a ilha da fantasia. E não há mais como argumentar com antigamente quando se dizia que os corruptos vinham de outros estados para trabalhar aqui: lembram do mensalão do DEM e de todas as imagens e acontecimentos subsequentes? Fizeram os que aqui nasceram e moram (e votam) morrer de vontade de enfiar a cabeça no buraco de tanta vergonha.

Até mesmo no cenário político, não há ninguém que defenda a cidade com a veemência de quem defende uma bandeira, um povo, mesmo porque quem é esse povo? Como falei acima ele é amorfo, não tem cara, não tem alma. Acorda, trabalha, almoça, janta e dorme, todo santo dia. Não cria, consome tudo modelado e gerado em outros centros, é acomodado. Sua única iniciativa é fazer concurso, aliás, esta é a temática que domina o papo dos nativos hoje em dia.

Para que o brasiliense comce a se reconhecer e a se afirmar como tal a meu ver seria necessário que o cenário cultural, artístico, a princípio, saísse desta pasmaceira generalizada. E para que isto aconteça as pessoas devem iniciar um processo de saída da inércia, buscar e pensar iniciativas inovadoras para agitar a cidade e conquistar o interesse da classe proletária. Outras esferas como a esportiva e a política também serviriam de catalizadores para iniciativas de autoafirmação.

Não cabe a mim, obviamente, exigir que estes fenêmenos aconteçam: eles devem ser espontâneos. Acho até que as pessoas se reconhecerem como candangos é o primeiro passo para que surjam a alma característica da cidade, mas uma alma forte e que faça com que as pessoas não tenham mais vergonha de dizerem que nasceram aqui. E sim, apesar da denominação "candango" ser utilizada para aqueles que foram pioneiros na cidade (tem gente que briga se usar essa palavra em vão) defendo que ela seja estendida e aceita como gentílico de Brasília. A expressão está eternamente associada a capital federal e tem até ares mais épicos do que "brasiliense". Além do mais cidade nenhuma no mundo é definitivamente finalizada, está sempre em formação permanente, de modo que todos que aqui moramos trabalhamos para fazer um pouco mais da cidade e para a cidade. Ela é dinâmica, nunca para, nunca se finaliza.

Então somos sim candangos, e devemos ter orgulho de "construir" uma cidade como esta a cada dia.


Uma boa iniciativa é a do cartunista Gomez. Todo sábado ele tem publicado tirinhas com cenas típicas da cidade. Já é um começo. Dá pra matar um pouco da saudade do Eixinho.


Criação sumida de Humberto Junqueira. Retirada do site do fanzine Dejeto.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Cebolinha cinquentão


Do blog Turma da Mônica Forever

Nesse 24 de outubro, um menininho muito sapeca e extrovertido completou 50 anos. Isso mesmo, cinquenta primaveras.

Em 1960, Cebolinha começou a dar o ar de sua graça e ficou conhecido pelo seu cabelo espetado e sua dislalia (dificuldade de pronunciar a letra "r), em uma tirinha de jornal. Foi baseado em um garoto de Mogi das Cruzes o qual Mauricio conviveu, quando morava na cidade. Esse menino tinha características similares ao Cebolinha que conhecemos.

É um garotinho que adora brincar e se divertir, vive com seus pais, sua irmãzinha e seu cachorro verde, Floquinho, em uma casa no Bairro do Limoeiro. O "Cebô" tem uma "quedinha" pelo poder. Vive fazendo planos para derrotar a Mônica e se tornar o dono da rua, especialmente com seu fiel escudeiro, Cascão. Mesmo que no final das contas, seus planos "infalíveis" falham.



Mas, durante todos esses anos, ele não manteve todas as suas características. Um bom exemplo disso é a sua cabeleira, que já teve mais de 5 fios de cabelo. E, quando surgiu, ainda não desejava derrotar a Mônica, isto porque, caro leitor, ela ainda não existia. Nosso amiguinho é três anos mais velho do que ela.

Porém, desde que ela apareceu (a primeira vez foi em uma tirinha do próprio Cebolinha) ele já levou sua primeira coelhada!

Mesmo não sendo o personagem mais antigo, é um dos mais queridos e conhecidos pelo público em geral. Ao longo dos anos, foi acumulando muitos amiguinhos no bairro do Limoeiro e outras tantas aventuras junto deles, dentro dos gibis, livros, desenhos animados, longa-metragens, teatro entre tantos outros meios.


Junto com outros companheiros, ganhou a sua versão jovem em 2008, junto dela, mais cabelo e graças a sessões com uma fonoaudióloga, agora consegue pronunciar todos os "r". Isto é... Quase sempre.

E na Turma da Mônica Jovem, Cebola (como prefere ser chamado) abandona as tentativas de se tornar o dono da rua e fazer nós nas orelhas do inocente Sansão e passa a fazer planos para dominar o coração da Mônica. Os dois não namoram oficialmente, mas já deram os seus beijinhos.

Durante sua vida, cativou milhares de pessoas, fazendo com que seus fãs deem muitas risadas com as suas peripécias. E ainda fará outras tantas rirem e apreciarem suas histórias. Parabéns, Cebolinha! Desejo mais 50 e 50 e 50 anos de conquistas maravilhosas.

sábado, 23 de outubro de 2010

Pelé 70


Quem vive hoje acompanhando no noticiário a eminência parda que Pelé representa hoje em dia não conseguirá nunca ter a noção exata do que este homem representou para o futebol. Está acima destes que rapidamente se deslumbram com a fama e acabam se perdendo no limbo.

Os que chegam jovens ao século XXI como eu só podem comtemplar o grande jogador pelas imagens de um tempo em preto e branco como a camisa do Santos que ele dignamente representou por tanto tempo, mesmo assim é impossível não se deslumbrar com o mito. Imagine como foi para aqueles que puderam ver ao vivo e a cores.


Parabéns ao Rei.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Os intocáveis


Esta vai para a série "porque que eu nunca havia parado pra assistir esse filme antes?"

Ontem assiti o clássico dos anos 80: "Os Intocáveis" filme que conta a trajetória de Eliott Ness (Kevin Costner) na tentativa de captura de Al Capone (Robert de Niro). Não fica muito atrás de cenas de "Tropa de Elite" e conta "somente" com trilha sonora de Ennio Morricone, autor de trilhas de vários clássicos que envolvem mocinhos e bandidos com tiroteio pra todo lado (sim, e Western Spaghetti também).

E tem Sean Connery, como poderia deixar de citar?

Enfim, fiquem com a trilha sonora do filme para ver se desperta em vocês a vontade de (re)ver o filme.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Stand-up comedy


Nas últimas semanas saí desandando a soltar piadas sobre a candidatura da Dona Weslian via twitter e a retuitá-las quando vinham de outras pessoas. A maioria delas se referia à participação da candidata em debates como uma apresentação de stand-up comedy.

Mas sempre me perguntava: afinal o que raios é uma stand-up comedy?

A definição eu já sabia qual era: o cara se apresenta no palco sozinho e em pé e fica fazendo chistes com fatos e coisas do cotidiano. Olhando assim não parece nada diferente de qualquer conversa de botequim onde os convivas depois de chegarem ao fim da primeira garrafa já se sentem mais soltos para rir da vida. Mas só saber o que significa o termo não adianta de nada, afinal o termo e o tipo de espetáculo entrou definitivamente na moda sendo amplamente divulgado principalmente por humoristas como os do CQC e por novos personagens da cena teatral, então algo de diferente haveria de existir.

Ontem foi o dia de tirar a prova quando recebi o convite para a Terça Comédia da Eighties Pub (sim, rola toda terça-feira) e ontem a atração principal seria o redator "global" de programas como A Grande Família e Os Caras de Pau, Cláudio Gonzaga. Além disso haveria o grupo Falando Nisso que, conforme disseram eles, se apresentam lá toda terça logo já devem ser figurinhas carimbadas do local e conhecido dos frequentadores habituais.

A apresentação não pode servir sozinha como parâmetro para avaliações do gênero, mas confesso a todos vocês: Ri, ri muito, até doer a barriga e ficar com dificuldades de respirar e digo com segurança que não me lembrava qual teria sido a última vez que isto teria me acontecido. Se a média de qualidade da apresentação do grupo for aquela que se vislumbrou ontem a atração semanal é recomendadíssima. Só fica o alerta para a facada que é a consumação dentro do local (uma long neck custa R$ 5,00, fora o couvert de R$ 10,00).

E uma noite como a de ontem ganha um tempero todo especial com uma companhia tão maravilhosa como a da Thuanne.

Eu e Thuanne


Pretendo agora ficar mais atento quando houver atrações do tipo para ter a exata noção do movimento, mas a proposta ficou bem mais clara e permitiu que eu a compreendesse e a aprovasse. Mas em palavras não dá para definir direito, só vendo mesmo. E vou maneirar nas piadas com relação a Dona Weslian para não ofender os comediantes.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Política e religião

Fotomontagem: Microcontoscos

De novo e novamente. Conseguiram de maneira mais forte do que na eleição anterior trazer à tona velhos preconceitos que se guardam por correntes políticas, e como na eleição anterior usa-se a religião com objetivos políticos. A diferença é que desta vez a questão virou o tema principal do discurso dos candidatos. Se em 2006, à luz da repercussão d'O Código Da Vinci, se falava de uma atuação secreta da Opus Dei na campanha (inclusive acusando Geraldo Alckmin de fazer parte da prelatura) agora o tema do debate se reduziu ao fato de a candidata Dilma Rousseff (e todo o PT por tabela) ser favorável ao aborto.

Como jornalista é uma espécie que não sabe ser plural na temática - já que é polêmica que dá audiência - vários outros temas ficam escanteados como política externa, sistema carcerário, infraestrutura, entre outros que não dão ibope e nem tiram o ibope do adversário. E isso toma uma proporção perigosa quando nos lembramos que vivemos num estado laico, que o é assim porque o estado deve servir a todos independe da escolha da crença religiosa.

E o melhor (ou pior, dependendo do ponto de vista) é ver os candidatos irem a templos, igrejas e afins para tentar conquisar a simpatia dos fiéis, uma forma eficaz na cabeça do candidato já que para eles reuniões e declarações de apoio de líderes religiosos é garatia de que quem frequenta aquele templo vai votar em quem o líder indicar. É como conquistar votos no atacado, bem mais eficaz do que ficar indo de eleitor em eleitor pedindo votos.

Ontem, no debate da Band em que a candidata Weslian Roriz não compareceu, o candidato Agnelo Queiroz acabou por ter que passar por uma sabatina, e aí os jornalistas presentes puderam variar o tema. Se tivesse algum candidato ali dividindo a bancada com Agnelo fatalmente o debate acabaria descambando para a troca de acusações mútuas. Felizmente fomos salvos disso.

Diante de todo este cenário em que políticos estão mais preocupados em vencer e ter poder do que com os temas nacionais que necessitam de posicionamento e atenção, o humor impera e se esbalda como sempre faz com todo tema polêmico e de grande repercussão. Mas não me surpreenderia se a cabine de votação fosse mesmo como na foto acima.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Charges proféticas

Já que levantaram o tema lá vai:

Charge: Angeli

Porque é com isso que marqueteiro político se preocupa.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Orkutização (ou “O preconceito sobre a inclusão digital”)


Do site Web Diálogos.

Já tem certo tempo que essa não me entra, mas não importa o período, não importa o grau de instrução, sempre escuto alguém falar que o Twitter e o Facebook estão sofrendo uma “Orkutização”.

Existem dois pontos de vista. Um preconceituoso e outro mais preconceituoso ainda. Um relata o movimento em que os usuários do Orkut começam a descobrir outras redes sociais (usadas majoritariamente pelas classes A e B no Brasil); o outro é o desprezo por esse movimento. Basta dar um click aqui e observar o que estão comentando.

De qualquer forma, a orkutização é geralmente vista do ponto negativo, como se “as massas” menos favorecidas estivessem “invadindo” um território virtual (qualquer comparação com a invasão das favelas não é mera coincidência). Entretanto, essa análise deve ir um pouco mais fundo e levantar o seguinte questionamento: desde quando o orkut se tornou “orkutizado”?

Lançado em 2004, a principio o serviço só funcionava em inglês e logo se tornaria reduto das classes A e B do Brasil. Mas a “orkutização” do Orkut começaria em Abril de 2005, quando o serviço ganhou uma versão brasileira. Percebamos: a orkutização trata-se, na verdade, de uma “Brasificação” do serviço, na verdade. E como as pessoas vêem isso como uma coisa negativa?

O senso de exclusividade que levou, na verdade, à “facebookização” dos usuários das classes A e B do Orkut. Estamos vendo, na verdade, um fluxo de fuga, de escape, não um fluxo de chegada ou de encontro. O verdadeiro fenômeno está na saída dos usuários do Orkut para o Facebook e para o Twitter. Pergunta: quando o Facebook e o Twitter terminarem de se “orkutizar”, será que os usuários antigos migrarão novamente?

Devemos pensa lembrar que a internet “carrega em si a premissa de ser um meio capaz de incluir e abranger todas as expressões culturais, justamente por ser uma rede global de acesso aberto num sistema em que a mente humana assume o poder de produção.”(Castels, 2002). Pierre Lévy (2007) defende também que as tecnologias de Inteligência Coletiva não seriam privilégio das elites, uma vez que os meios seriam democratizados pelos baixos custos de produção e pela facilidade de uso. Devemos parar de ver a “orkutização” como um acontecimento ruim. Para mim, o ruim é a “facebookização” e “twitização” dos usuários antigos.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Notas sobre as eleições

  • Fui convocado novamente para trabalhar nas eleições sendo "rebaixado" para segundo mesário, sendo escalado para minha própria seção. Fui premiado com um dia em que em nenhum momento minha seção deixou de haver fila, e fila em eleição é sinônimo de confusão entre os eleitores. Graças a Deus eu não estava lá nas horas em que o quebra-pau rolou.
  • Andando pela madrugada do dia anterior descobri o modus operandi dos "militantes de aluguel" dos partidos para driblar a fiscalização de boca de urna: eles passam de carro na frente dos colégios eleitorais e jogam na rua as colas e santinhos do candidato. Alguns chegam a parar e jogar os papéis por cima do muro para cair dentro da escola. O resultado nós vimos quando chegamos para iniciar os trabalhos - o local estava uma imundície. E o pior é que muita gente ainda pega o santinho no chão e vota no porcalhão.
  • E acabou que terei que estar lá de volta no dia 31. Está confirmado o segundo turno tanto na disputa para presidente como para governador. Mas Dilma e Agnelo, com uma margem de votos folgadas não precisarão fazer muito esforço para serem eleitos. Aliás é até melhor que não façam muita força mesmo porque dependendo o efeito pode ser é negativo, ou seja, eles poderiam perder votos. Dilma é quem mais deve se preocupar pois terá a Veja, Folha e Estadão em seu encalço.
  • Já no Distrito Federal não há cientista político que arrisque qualquer prognóstico sobre a situação da eleição para governador. É fato que a substituição de Roriz por sua mulher é um fato novo e por isso mesmo não se sabe como será seu desempenhos nestas semanas de campanha. Mas do lado da campanha de Agnelo, mesmo com a votação confortavelmente inédita, é inevitável a ressureição de fantasmas do passado como o de 1998 quando Cristovam perdeu a eleição para um Roriz que criou um tipo humilde e ignorante para quye a massa beneficiária de lotes se identificasse com ele, ou seja, cair matando em cima de Dona Weslian pode ser um suicídio eleitoral. Agora que a campanha entrou no segundo turno toda cautela é necessária, mesmo se sabendo que só uma besteira enormemente monumental tiraria os votos que Agnelo conquistou no primeiro turno. Mas nunca se sabe né?
  • Na votação legislativa tivemos recordistas e quase recordistas. Para o Senado vitória folgada de Cristovam e Rollemberg, enquanto Abadia - mesmo que não fosse impugnada - não chega nem perto da vaga, sendo ultrapassada inclusive pelo seu companheiro de chapa Alberto Fraga. Na câmara federal o time do Lula deu um banho no time de Roriz: emplacou o deputado proporcionalmente mais votado do país e elegeu mais quatro junto com ele, enquanto o lado azul será representado pelos nanicos PMN e PR - ainda que uma destas vagas seja de Jaqueline Roriz acende-se o alerta em PSDB, DEM e até mesmo no PSC que não conseguiu eleger o escudeiro de Roriz, Laerte Bessa.
  • E a nova Câmara Legislativa ao que tudo indica vai ficar cada vez mais com cara de castelo de luxúrias. Houve um vento de mudança? Sim, houve, tão forte quanto uma criança de 4 anos soprando uma velinha de aniversário. Em resumo: com Agaciel Maia, Aylton Gomes, Benedito Domingos, Celina Leão, Liliane Roriz, Raimundo Ribeiro e cia. ilimitada preparem-se para mais um show de horrores nesta legislatura. E como desgraça pouca é bobagem o resultado está sub judice: o resultado final pode mudar dependendo da aplicação ou não da lei da ficha limpa e a entrada ou não dos votos de Benício Tavares.
  • E no resto de pindorama registre-se a lastimosa escolha dos paulistas pela figura de Tiririca para representá-los na Câmara, sua campanha foi tão engraçada quanto ridícula e mostrou o cúmulo a que chega o tal "voto de protesto" ao eleger um semi-analfabeto para um cargo tão importante. Rio de Janeiro e Paraná, não ficaram tão atrás ao elegerem Wagner Montes e Ratinho Júnior respectivamente. Enquanto no Nordeste figuras como Tasso Jereissati, Heráclito Fortes, Marco Maciel, Fernando Collor, César Borges, entre outros são reprovados nas urnas. Assim como Luciana Genro, que foi a oitava mais votada para deputado federal no RS mas não levou a vaga por conta do quociente eleitoral. Terra de contrastes.
  • Agora fiquemos na expectativa pelos debates. Eu particularmente fiquei com pena do Agnelo que não vai ter mais pra quem jogar a bomba de ter que perguntar alguma coisa a Dona Weslian.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Choveu... virou... sabão...


E chegou o período de chuvas. Como tuitou meu irmão ontem, só em Brasília a chuva é considerada um evento social, tão ou mais comentado do que novela das 8 quando chega o fim da estiagem marcado pelas primeiras gotas a cair do céu, aí todo mundo para imediatamente o que está fazendo só para contemplar a tímida precipitação.

Mas foi só sair do trabalho que surgiu o primeiro dos sintomas perigosos da chuva: a pista seca e empoeirada se juntou a água da chuva e ao óleo acumulado do tempo da seca e começaram a fazer os carros aquaplanarem, o meu inclusive derrapou diversas vezes ao se aproximar de quebra-molas.

E como a tendência a partir de agora é as chuvas engrossarem reitero alguns cuidados que se deve ter na hora de dirigir em condições climáticas adversas.
  • Ao dirigir com pouca visibilidade acenda as luzes e o farol baixo para facilitar a visualização por parte dos outros veículos;
  • Além da diminuição natural de velocidade aumente também a distância para o veículo à frente, até mais ou menos uns oito metros;
  • Evite freadas bruscas, inclusive procure sempre frear antes do normal e mais suavemente;
  • Aumente a cautela na hora de fazer curvas, mesmo as mais abertas, para não perder o controle do veículo;
  • Troque o limpador pelo menos uma vez por ano, dê preferência a fazer esta troca ao início do período de chuvas;
  • Tenha um pano para desembaçar o vidro (nunca use as mãos) e deixe o vidro um pouco aberto para ventilar o carro, ou ligue o ventilador ou o ar condicionado para manter uma temperatura amena no carro. Caso já esteja embaçado, inverta o processo jogando água quente;
  • Caso a chuva engrosse consideravelmente não se acanhe em parar o carro e esperar a chuva diminuir.

Estes simples cuidados diminuem desde simples aborrecimentos até evitar graves acidentes. Então atenção ao volante sempre.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

As 10 regras do Futebol de Rua


1. A BOLA
A bola pode ser qualquer coisa remotamente esférica. Até uma bola de futebol serve. No desespero, usa-se qualquer coisa que role, como uma pedra, uma lata vazia ou a merendeira do irmão menor.

2. O GOL
O gol pode ser feito com o que estiver à mão: tijolos, paralelepípedos, camisas emboladas, chinelos, os livros da escola e até o seu irmão menor.

3. O CAMPO
O campo pode ser só até o fio da calçada, calçada e rua, rua e a calçada do outro lado e, nos grandes clássicos, o quarteirão inteiro.

4. DURAÇÃO DO JOGO
O jogo normalmente vira 5 e termina 10, pode durar até a mãe do dono da bola chamar ou escurecer. Nos jogos noturnos, até alguém da vizinhança ameaçar chamar a polícia.

5. FORMAÇÃO DOS TIMES
Varia de 3 a 70 jogadores de cada lado. Ruim vai para o gol. Perneta joga na ponta, esquerda ou a direita, dependendo da perna que faltar. De óculos é meia-armador, para evitar os choques. Gordo é beque.

6. O JUIZ
Não tem juiz.

7. AS INTERRUPÇÕES
No futebol de rua, a partida só pode ser paralisada em 3 eventualidades:
  1. Se a bola entrar por uma janela. Neste caso os jogadores devem esperar 10 minutos pela devolução voluntária da bola. Se isso não ocorrer, os jogadores devem designar voluntários para bater na porta da casa e solicitar a devolução, primeiro com bons modos e depois com ameaças de depredação.
  2. Quando passar na rua qualquer garota gostosa.
  3. Quando passarem veículos pesados. De ônibus para cima. Bicicletas e Fusquinhas podem ser chutados junto com a bola e, se entrar, é Gol.
8. AS SUBSTITUIÇÕES
São permitidas substituições nos casos de:
  1. Um jogador ser carregado para casa pela orelha para fazer lição.
  2. Jogador que arrancou o tampão do dedão do pé. Porém, nestes casos, o mesmo acaba voltando a partida após utilizar aquela aguá santa da torneira do quintal de alguém.
  3. Em caso de atropelamento.
9. AS PENALIDADES
A única falta prevista nas regras do futebol de rua é atirar o adversário dentro do bueiro.
Os casos de litígio serão resolvidos na porrada, prevalece os mais fortes e quem pegar uma pedra antes.

10. A JUSTIÇA ESPORTIVA
Os casos de litígio serão resolvidos na porrada.

QUEM NÃO JOGOU, PERDEU UM DOS MELHORES MOMENTOS DA VIDA.

Via: Barba Longa

Crônica de Luis Fernando Verissimo: Crônicas 6, sétimo volume da coleção “Para Gostar de Ler”

sábado, 25 de setembro de 2010

Por um dia


Por um dia ignorei os alertas temerosos daqueles que diziam que eu não deveria gastar tanta grana em algo que só duraria uma noite, ignorei e adquiri meu ingresso para o show do Scorpions no Nilson Nelson.

Por um dia lembrei que esta seria a última oportunidade de vê-los tocando diante de meus olhos (está é a turnê de despedida), depois de ter perdido tantas oportunidades. Lembrar os outros deste fato não serviu para comover muita gente próxima.

Por um dia fiquei ouvindo, no rádio, no som, no computador, só as músicas do grupo alemão. Quase cinquenta anos de estrada, noves fora substituições de integrantes não é para qualquer um.

Por um dia saí mais cedo do ensaio da Serenata de Natal (que por sinal ainda está com suas inscrições abertas) que já estava periclitantemente se prolongando a ponto de ameaçar minha chegada ao ginásio em tempo hábil.

Por um dia vi filas gigantescas e ameaçadoras formadas em volta do ginásio, pois os geniais organizadores utilizaram apenas duas entradas para o público que iria para a arquibancada superior mesmo o local possuindo doze entradas disponíveis. E por um dia enfrentei meia hora de fila para conseguir adentrar no recinto.

Por um dia, vi o maior palco já montado no Nilson Nelson (sim, não fui em muitos shows por lá) e me acomodei em cima de uma das entradas ao lado de dois serenateiros que lá encontrei. O local se mostraria providencial para o registro do evento.


Por um dia os integrantes do Scorpions fizeram um show espetacular, mostrando que a idade não afeta a performance dos músicos que ali se apresentavam e levantavam a multidão embalada por Wind of Change, inebriada com velhos sucessos das várias décadas pelas quais a banda passou.

Por um dia também percebi que se quiser gravar o show devo sair de perto de gente desafinada.



Por um dia eu saí de um show onde, ao comer um cachorro quente básico do lado de fora do ginásio conheço o Sr. James, com muitos shows como aquele na bagagem - incluindo o primeiro Rock in Rio conforme ingresso guardado na carteira e exibido pelo mesmo. Este senhor levou a filha Jennifer, de 19 anos, para o primeiro grande show da vida dela. Eles iam voltar para Taguatinga mas não haviam mais ônibus circulando por ali.

Por um dia ofereci carona aos dois e ao longo do caminho fui ouvindo histórias sobre shows antológicos ocorridos não só na capital federal, mas também em outras cidades Brasil afora. Depois de deixar, primeiro a filha na casa da mãe e depois o pai em casa, segui meu caminho rumo ao sono dos vitoriosos.

Por um dia saí do Nilson Nelson ainda com voz (estou ficando treinado nisso) mas com a certeza de que o show valeu cada centavo dispendido para comprar o ingresso. A lógica é a seguinte, o innresso é caro? É, mas o que você vivencia você leva (e registra) para a vida inteira, e perpetua estes feitos por diversar plagas por onde passar.

Azar de quem não quis vivenciar este dia. Por um dia.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Consultoria eleitoral

Arte: Glauco.

Ontem meu colega-companheiro-de-kart-e-candidato-a-deputado-distrital Fabrício Rocha foi participar de um debate entre pré-distritais no Grande Colorado, região de Sobradinho. Segundo relatos do mesmo havia dois candidatos à reeleição: Raimundo Ribeiro e Raad Massouh. O primeiro saiu antes da hora, mas antes de sair pôde presenciar o segundo destratando uma espectadora que discordou de suas colocações sobre concurso na PM. Que engraçado, justamente os candidatos mais conhecidos e que já foram eleitos em outros pleitos é que cometem este tipo de gafe, e mesmo assim conseguem sair vitoriosos das urnas.

Isso faz qualquer um se questionar pela enésima vez o que é necessário para eleger um candidato, seja lá para qual cargo for. Usando de sarcasmo ontem, quando me veio a notícia do contratempo no debate respondi ao Fabrício: Desde quando um distrital se elege com idéias? Um distrital se elege é com dinheiro, e isso infelizmente ele (Raad) tem muito. E tem mesmo, Raad é dono de revendedoras de automóveis no SCIA (leia-se, Cidade do Automóvel) e vocês devem imaginar o quanto vender carro dá dinheiro no DF. Sim, podem considerar a Cidade do Automóvel um agradecimento do candidato Roriz (sempre ele) ao apoio ($$$) dado durante suas campanhas. A outra retribuição que Roriz ofereceu a estes empresários pode ser sentida até hoje quando andamos nos Agenores que ainda circulam no Distrito Federal. E se andar no transporte público é uma droga você faz o quê? Pois é.

Exemplos de casos de política (com trocadilho, por favor) são bem comuns, aparecem todo dia no noticiário ou simplesmente se escancaram por aí a ponto de um observador mais atento fazer aquela cara de "agora sim tudo faz sentido". E sem falsa modéstia acompanho o noticiário político há década e meia, por isto chego humildemente até vocês para oferecer meus serviços de consultoria eleitoral.

É isso mesmo aí que vocês leram.

E como é que funciona? Simples, disponilizarei meu formspring para que quem quiser pode entrar lá e me fazer perguntas sobre qualquer candidado que esteja disputando a eleição do DF. Qualquer um, independente de partido (ou de cor, a coisa mais ridícula que inventaram aqui) terá respostas sobre sua índole e seus projetos. Espero que isto sirva com uma ferramenta para ajudar os eleitores a escolher melhor seus candidatos, pois a última legislatura foi um verdadeiro desastre, além do que temos que fazer tudo que está ao nosso alcance para que quem vença seja aquele que tem o melhor dos compromisso e não aquele que investe mais na campanha.

Investimento direto ou indireto, se é que vocês me entendem.

Meu formspring é http://www.formspring.me/clebiojunior

domingo, 19 de setembro de 2010

Is this the end?


- Então acabou?
- Sim. Acabou.
- E você fala isso assim ?
- Assim como ?
- Como se não tivesse acontecido nada. Como se ao invés de termos ficado meses juntos com você dizendo que me amava, você estivesse me perguntado as horas…

(via dreamsdoesntdie)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Serenata de Natal - 30 anos

Foto da edição do último jubileu, em 2005.


Este é um ano de celebração para a Serenata de Natal. O coral está entrando em sua 30ª edição.

E é com grande prazer que a Organização da Serenata de Natal Ano 30 anuncia a abertura do período de inscrições!

Desde 1º de setembro, todos aqueles que quiserem participar de uma iniciativa cultural e solidária, uma tradição da nossa jovem Capital, estão convidados a visitar o site http://www.serenatadenatal.org/ e se inscrever!

Convidem seus amigos que nunca cantaram na Serenata, chamem aquele coralista que não vemos há tempos. Vamos juntos fazer da Serenata de Natal Ano 30 uma bela comemoração!

A inscrição também pode ser feita a partir de hoje nos postos de inscrição em pontos culturais da cidade:

- Açougue Cultural T-Bone (312 Norte);
- Senhoritas Café (408 Norte);
- Café com Letras (203 Sul);
- Caldo Fino (410 Norte) e
- Pizzaria Dom Bosco (107 Sul).

Nos dias 13 a 17 e 20 a 24 de setembro, teremos um posto na Entrada Sul do ICC (“UDFinho”). No dia 24 de setembro pela manhã, estaremos no evento “Recepção aos Calouros”, promovido pela UnB no Centro Comunitário.

Enfim, oportunidade para se inscrever não vai faltar. Participem!

Em 2010, CANTEM CONOSCO!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Cadeira fria


Este último fim de semana estava sendo chamado de "o dia em que Brasília parou". Tudo isto porque realizou-se o "tão sonhado" concurso do MPU, com provas nos dois dias (sábado e domingo) e cargos de nível médio e superior. Falou-se em mais de 700.000 inscritos disputando um número próximo das seiscentas vagas, isso dá quase 1.300 candidatos por vaga(!).

Nas rodas de conversa na cidade não se falava em outra coisa, e se você falasse que não ia fazer todos te olhavam com cara feia. "Folgado", "desocupado", "marajá", provavelmente pensavam alguns. Em resumo se você não foi fazer a prova das duas uma: ou você não quer nada com a vida - algo que as pessoas condenam - ou você está bem de vida, endinheirado, etc. - o que estranhamente as pessoas também condenam porque possuem a mentalidade de que quem consegue ter uma boa renda e boas posses só o consegue de maneira espúria, não o faz de maneira árdua, batalhando todo dia na labuta como esse povo que faz cursinho até de madrugada se matando nos livros fazem. Isso porque esse mesmo pessoal trabalhou o dia inteiro e ganhou somente a merreca para pagar a mensalidade do "preparatório".

Isso me lembra uma coisa. Sim, eu sou um concursado. De nível médio mas sou. Sim, fiz prova para assumir o cargo que estou hoje. Mas confesso a todos aqui que, para o espanto daqueles que trabalham para sustentar o Gran Cursos, eu não estudei nada ou quase nada para fazer estas provas, e olha que já assumi três cargos que exigiam concurso. Provas? Devo ter feito umas cinco ou seis em uma década e a mais emblemática foi a primeira - BRB, 2001 - porque foi a única que paguei cursinho para me preparar a prova. Fui desclassificado por ter negativado a prova de inglês.

Seis meses depois houve o concurso do Banco do Brasil. Só peguei a apostila do BRB e reli. Passei.

E depois de tomar posse percebi nos locais de trabalho por onde passei outro fenômeno deste início de século: a alta rotatividade do quadro de pessoal. Exemplo disso é uma das agências onde trabalhei no BB, onde eu via que metade dos que trabalhavam lá quando cheguei foram embora antes de eu sair de lá, chegava a ser engraçada a quantidade anormal de despedidas que se faziam para cada funcionário que ia embora. Hoje, passados exatos três anos de minha saída descubro que só há lá uma ou duas pessoas que trabalhavam lá quando eu saí, e nenhuma delas estava quando eu entrei. Isso quer dizer que dificilmente as pessoas esquentam a cadeira no local de trabalho, eu mesmo às vezes via gente que estava trabalhando comigo da sala do lado e eu não sabia, ou o fulano que de um dia para o outro pediu as contas e foi embora sem avisar.

Isto tudo é o retrato do que virou o concurso público no Brasil e principalmente em sua capital: uma verdadeira indústria, a ponto de o rorizento já sair por aí prometendo criar a bolsa-concurso caso seja eleito. É claro, este setor tem movimentado muita grana, seja para organizadores como o Cespe como para cursinhos preparatórios que ganham rios de dinheiros com o temor de um mau desempenho e a manutenção de vidas ditas medíocres - sim, é a velha lógica do capitalismo de que sua vida não está boa e que por isto você tem que gastar, comprar, investir, etc. para mudar para uma vida um pouco mais boa, mas não completa pois você precisa sempre viver de tentar melhorar sua vida. As empresas vivem disso.

Só resta torcer para que chegue o dia que as pessoas acordem desta vida de mediocridade e percebam que há vida além do concurso, que existem mil maneiras de vencer na vida com ações voltadas para o empreendedorismo que chega a ser bem mais recompensadoras. Mas o brasileiro, teimoso e esperto (no mau sentido) que é quer mais é viver na mamata para ganhar muito dinheiro fazendo pouco esforço.

E depois se envergonhando de dizer isso para não ser taxado de marajá, pode?

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Crônica da Desmoralização de um Jornal

Publicado Originalmente na Revista Fórum. Por Idelber Avelar.

Muita gente costuma dizer que o século XVIII terminou em 1789, que o século XIX terminou em 1914 e que o século XX terminou em 1991 (ou em 11/09/2001, segundo como se veja a coisa). Claro que não são afirmações a serem tomadas literalmente. São alegorias do movimento real da história.

É neste sentido, alegórico, não literal, que poderíamos dizer que no dia 05 de setembro de 2010, o jornal Folha de S. Paulo morreu no Twitter. Continuará existindo, claro, enquanto suas fontes de financiamento permitirem e enquanto existirem jornalistas dispostos, ou obrigados por necessidade, a se submeter àquilo. Mas ele morreu como veículo de comunicação ao qual se possa atribuir um mínimo farrapo de credibilidade.

O mote foi a assombrosamente mentirosa manchete de ontem, que não guardava qualquer relação com a verdade, ou sequer com a própria matéria: Consumidor pagou R$ 1 bi por falha de Dilma. Quem sabe ABC sobre política, concluiu na hora: a manchete não tinha nada a ver com informação. Era algo para Serra usar em seu programa. Como o jornal morreu, não tem sentido refutá-lo com fatos. Dilma já o fez com elegância:



No meio da tarde de ontem, o Flávio Gomes, especialista em automobilismo, lançou esta, a partir de uma tuitada do @eduu27: Vamos criar o #DilmaFactsByFolha. "Dilma serviu o café de Ronaldo no dia da final da Copa de 1998" via @eduu27. Logo a Cynara Menezes, este atleticano blogueiro e outros tuiteiros começamos a criar outras possíveis manchetes para que a Folha servisse de bandeja ao programa eleitoral do Serra. Sucediam-se hilárias tuitadas como:

@flaviogomes69: Dilma a padre no Sul: "Enche os balõezinhos que dá". #DilmaFactsByFolha

@Lau_Roces A Al-Qaeda era só um grupo de árabes nerds fãs de RPG e aeromodelismo. Até conhecerem a Dilma. #DilmaFactsbyFolha

@alexcastrolll Antes de Dilma mergulhar no Mar Morto, ele não estava nem doente! #DilmaFactsByFolha

@ocachete Folha Informa: Dilma cortou a cabeça do último Highlander #DilmaFactsByFolha

@tuliovianna Dilma embebedou o Jeremias #DilmaFactsByFolha

@ludelfuego Dilma Roussef atirou o pau no gato #DilmaFactsbyFolha

@botecoterapia O fuzil chama-se AK-47 por imposição da Dilma que vetou o AK-45. #DilmaFactsByFolha

@estadodecirco Dilma para John: "Querido, deixa eu te apresentar uma amiga, esta é a Yoko..." #DilmaFactsByFolha

@drrosinha: `Padre irlandês que agarrou maratonista brasileiro em Atenas era filiado ao PT` #DilmaFactsByFolha

@camilalpav Folha revela: Dilma seria dona do circo que separou Dumbo da mãe. #DilmaFactsByFolha

@rayssagon Dilma vendia Marlboro para bebê fumante. #DilmaFactsByFolha

@lelo13: Descoberta a identidade dá louca que gritava "Pedro, me dá meu chip": Era Dilma Rousseff #DilmaFactsByFolha

@la_simas Sociológo Demetrio Magnoli afirma que Dilma era o contato da VPR com os Panteras Negras #DilmaFactsbyFolha

@andersonscampos Repórteres da Folha apuraram junto a moradores do condomínio de Dilma que ela peida no elevador #DilmaFactsByFolha

@eduardohomem41 O Ministério da Saúde adverte: camisinhas da marca Dilma arrebentam! #dilmafactsbyfolha

@jeffrodri Dilma escreveu o rascunho do AI-5. Costa e Silva deu uma amenizada. #DilmaFactsByFolha


Algumas das minhas próprias contribuições foram :

@iavelar Confirmado que Dilma é a autora das receitas médicas de Vanusa.

@iavelar Dilma disse a Bush: "em seis meses você resolve esse negócio no Iraque"

@iavelar Em Jerusalém, 1948, Dilma disse à ONU: "É só repartir isso aqui que dá tudo certo.

@iavelar Dilma disse ao Covas em 89: "chega lá em PoA e diz que torce pro Grêmio e pro Inter, os gaúchos adoram isso"

@iavelar Escavação da Folha revela: Dilma comprou vibrador com dinheiro do mensalão, seduziu Capitu e corneou Bentinho.

@iavelar Confirmado: Dilma Rousseff é culpada pela maior humilhação que a internet já impôs a um jornal

Para quem não conhece o Twitter: o caractere #, quando anteposto a qualquer palavra, a transforma numa “hashtag”, ou seja, num link que te permite encontrar todas as outras mensagens com o mesmo assunto, desde que o internauta se lembre de incluir o # colado à palavra. Programas como o Tweetdeck te permitem ler ao mesmo tempo, em três colunas, as atualizações daqueles a quem tu segues, as menções a ti mesmo por qualquer pessoa e todas as tuitadas que incluem uma determinada hashtag. Eu recomendo.

Em um par de horas, as tuitadas se sucediam numa velocidade frenética, que leitor nenhum conseguia ler na totalidade, com alusões a tudo, desde o Gênesis (Dilma criou intrigas entre Abel e Caim, por exemplo) até a Copa de 50 (Dilma levantou a saia e atrapalhou o goleiro Barbosa). Sem nenhuma coordenação, de forma espontânea e anárquica, sem qualquer orientação da campanha de Dilma ou participação de sua coordenação de internet, o #DilmafactsbyFolha ia subindo nos Trending Topics (a ferramenta que mede a popularidade de um determinado tema no Twitter) até chegar ao topo dos TT brasileiros e ao segundo lugar dos TTs mundiais. O importante site What the Trend repercutiu, com matéria em inglês. No começo da noite, eu já recebia emails de amigos norte-americanos e até o telefonema de um jornal dos EUA, perguntando: What`s #DilmaFactsbyFolha?

Era a Folha de S. Paulo humilhada no Twitter.

Evidentemente, a desonestidade da Folha permite que, na edição de segunda-feira, ela tenha ignorado dezenas ou centenas de milhares de tuitadas que correram o mundo virtual e foram comentadas em redações até aqui nos EUA, mas fizesse alusão a um tuíte de Roberto Jefferson. Tanta distração só pode ser culpa da Dilma.

PS: Se, depois desta, tu ainda não te animas a fazer uma conta no Twitter, eu não sei o que te dizer. Além de usar esta caixa para comentar o que queiras, façamos também duas coisas: selecionar alguns dos tuítes favoritos dos leitores do Biscoito (é só clicar na tag e ir descendo a página) e dirimir dúvidas para quem quer se juntar ao microblog e ainda não sabe como ele funciona. Se você ainda não me segue no Twitter, é só ir lá e clicar no "follow". Estou circulando notícias da campanha com certa regularidade por lá.

***

Só para constar, eu não pretendo votar na Dilma, mas Este tipo de comportamento jornalísitco é lamentável independente do candidato prejudicado/apoiado. Eu mesmo lancei contribuições para o #DilmaFactsByFolha:

@clebiocvjr Dilma jogou sabão na pista de Congonhas quando o avião da TAM atravessou a pista e bateu.

@clebiocvjr Tancredo almoçou com Dilma no dia 14 de março de 1985. Horas depois ele foi internado

@clebiocvjr Dilma é investigada como mandante da morte de John Lennon.

E assim como o Avelar recomendo que criem uma conta no twitter, se você tiver tempo e saco para acompanhar, claro. E caso vocês criem ou já tenham uma conta lá convido-os a me seguir.

Considero um exagero considerar o fato como uma "desmoralização", mas que pegou mal para a Folha, ah isso pegou.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Scorpions - Wind of Change



Hoje recebi a grata notícia de que a banda Scorpions fará show aqui em Brasília no Nilson Nelson.

Para quem não conhece a banda digo que esta é uma oportunidade excelente para fazê-lo. Tenho informações de que esta se trata da turnê de despedida do grupo: depois disso só comprando CD ou baixando MP3, o que todos sabemos que não é a mesma coisa.

Scorpions é a típica banda que todo mundo que tem pelo menos 20 anos conhece as músicas mas não liga nome à pessoa, por isto coloquei este clip clássico de Wind of Change para familiarizar os incautos.

Para quem quiser ir o ingresso mais barato está custando setenta dinheiros, pelo show o preço ainda está em conta. Vou ali quebrar o porquinho e nos encontramos lá no dia 26.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Conto - Meu carro não existe


Bom dia a todos que pararam para ler esta história.

Meu nome é Marcelo, tenho 22 anos e moro com meus pais no Guará, mas acho que estas informações não dizem nada de importante para o que vou contar

Sempre fui do tipo baladeiro, sempre contando os dias pro fim de semana pra curtir balada. Pagode, micarê, mulherada, birita, comigo não tem tempo ruim. E não é me gabando não, mas onde eu marco presença eu causo, fica todo mundo querendo estar por perto de mim, as meninas querendo atenção, e por aí vai. Sou o tipo de cara que faz sucesso onde passa, como se quem tivesse minha companhia fosse um privilegiado.

E para poder aumentar meu cartaz comprei um item que considero básico pra poder ser "o cara", um carro que chame a atenção da galera e que sirva de "matadouro" nas horas vagas (se é que vocês estão me entendendo). Achei, como se tivesse surgido uma ligação feita pelos deuses, um Golf GTI preto, completo e com som potente o suficiente pra chegar nos lugares tocando batidão tão alto que faz meia festa se assustar só pra olhar. Não pensei duas vezes na hora de levá-lo pra casa e começar a ficar louco pra abafar no carango novo.

No primeiro final de semana do carrão novo chamei a galera pra um churras na casa de um colega meu no Lago. A idéia era chegar do início pro meio da festa e botar o carro de porta-malas aberto no meio do gramado pra galera curtir a sonzeira. E sair de lá sabe-se lá que horas.

Eu saía com o carro durante a semana atrás de tunar ainda mais com o carro e percebi que quando passava nas barreiras eletrônicas minha velocidade não era marcada. Passei em vários, várias vezes, e nada. Chegou um momento que decidi que já que não tá marcando vou ignorar e passar reto, sempre achei um saco mesmo ficar freando no meio do caminho... Depois percebi que ninguém me buzinava, ninguém me parava em blitz, ninguém me cobrava estacionamento, parecia uma maravilha que eu não entendia porque estava acontecendo.

Sei que fiquei de bobeira no sábado, tanto que resolvi deixar o carro com a sonzeira ligada do lado de fora, o pessoal ia procurar ver o que era e eu entrava com o carro, bem pra chamar a atenção mesmo. Só que quando cheguei ninguém nem se virou pra olhar, frustrei legal na hora. Deixei o carro fora e chamei o galerê que tava lá dentro pra ver meu carro novo.

Mas todos olharam e disseram que não ouviam nada. Pior, que não viam nada. Disseram inclusive que eu devia ter vindo de ônibus e que tava de história pra fazer média com o pessoal.

Sim, é isso mesmo que você ouviram - ninguém, nem eu , conseguia ver meu carro, ele estava literalmente invisível. Não consigo explicar e nem entender como isso aconteceu, só percebi que não via o carro, mas vi que ainda podia senti-lo, da pior maneira: tropeçando (feio) nele.

Deve ter sido por isso que não estava mais sendo multado nem nada.

Só me restou acostumar à nova realidade, pois pelo menos ainda podia me locomover nele, sem falar que havia gastado uma grana preta nele, além do que não ia conseguir passar pra frente um carro que a pessoa não pudesse ver.

Mas ainda aconteceria vários aborrecimentos, como quando depois consegui convidar ume menina pra sair. Como ela não viu o carro achou que eu estivesse de caô e desistiu de mim dizendo que não queria andar de ônibus. E quando eu contava pra galera? Todo mundo achando que eu estava louco: isso sim me deixava mais louco ainda.

Ter aquele carro já estava perdendo a graça, acabou passando a ser um estorvo também pois as parcelas do financiamento não ficaram nem um pouquinho invisíveis, nem a gasolina que esse carro bebia (e eu achando que Opala era que bebia muito). Até a turma que vivia enchendo minha bola nas festas começou a se afastar daquele cara que inventava que tinha um carro só pra não assumir que tava quebrado e a pé.

De tanta raiva que sentia do abandono que estava passando parei num barzinho um dia desses perto do Ceub e acabei passando um pouco da conta, saindo de lá trocando completamente as pernas, tanto que não lembrava mais aonde estava meu carro. Estava de um jeito que não sabia o que fazer até que bati numa parada de ônibus e encontrei uma menina com um estilo meio largado, tipo roqueirinha revoltada. Pensei em pedir a ela que me ajudasse com o ônibus (pois não fazia idéia de qual pegar) mas percebi que ela estava chorosa, desligada do mundo, parecendo sem vontade - e condições - de querer falar.

Imaginei que pelo jeito dela ela não iria querer me ajudar, então segui reto.

Depois, de manhã, acordei sem me lembrar do que havia acontecido após isso, só me vi acordando num lugar que não conhecia, mas percebi que havia alguém do meu lado: era a menina da parada. Ela me contou que eu havia tropeçado no meio-fio, caído violentamente e ficado desacordado. Ela ficou preocupada e chamou o SAMU. E mesmo com tudo que havia acontecido com ela naquela noite ela se dispôr a ficar de acompanhante. Sim, eu havia recebido os primeiros socorros e agora estava aguardando para ser examinado no Hospital de Base. Enquanto isso ela me contou que o (ex)namorado dela havia decidido trocá-la pela amiga dela sem nem avisá-la, e ela estava ali lamentando a vida quando eu apareci e me acidentei. Ela enxugou as lágrimas e passou a ficar preocupar com o meu estado.

Deve ter sido a primeira vez que alguém havia se importado tanto comigo, sem ser por interesse. Depois de sair do hospital peguei o contato da menina e fiquei de ligar pra gente combinar alguma coisa depois, trocar idéias e coisa e tal. Seja como for, passei um tempo em casa de molho na cama me recuperando e pensando no acontecido. Até que no dia que decidi ligar pra ela para agradecer por tudo saí de casa e olhei pro meu carro invisível, como que me conformando e "agradecendo" a ele por ele ter ficado invisível, sem saber direito porque, mas simplesmente agradecendo. Talvez estivesse sentindo que algo novo estaria para acontecer: estar vendo uma outra pessoa, com um carinho diferente, de um jeito que me fazia um bem que minha vida não costumava me fazer quando meu carro era visível.