sábado, 25 de setembro de 2010

Por um dia


Por um dia ignorei os alertas temerosos daqueles que diziam que eu não deveria gastar tanta grana em algo que só duraria uma noite, ignorei e adquiri meu ingresso para o show do Scorpions no Nilson Nelson.

Por um dia lembrei que esta seria a última oportunidade de vê-los tocando diante de meus olhos (está é a turnê de despedida), depois de ter perdido tantas oportunidades. Lembrar os outros deste fato não serviu para comover muita gente próxima.

Por um dia fiquei ouvindo, no rádio, no som, no computador, só as músicas do grupo alemão. Quase cinquenta anos de estrada, noves fora substituições de integrantes não é para qualquer um.

Por um dia saí mais cedo do ensaio da Serenata de Natal (que por sinal ainda está com suas inscrições abertas) que já estava periclitantemente se prolongando a ponto de ameaçar minha chegada ao ginásio em tempo hábil.

Por um dia vi filas gigantescas e ameaçadoras formadas em volta do ginásio, pois os geniais organizadores utilizaram apenas duas entradas para o público que iria para a arquibancada superior mesmo o local possuindo doze entradas disponíveis. E por um dia enfrentei meia hora de fila para conseguir adentrar no recinto.

Por um dia, vi o maior palco já montado no Nilson Nelson (sim, não fui em muitos shows por lá) e me acomodei em cima de uma das entradas ao lado de dois serenateiros que lá encontrei. O local se mostraria providencial para o registro do evento.


Por um dia os integrantes do Scorpions fizeram um show espetacular, mostrando que a idade não afeta a performance dos músicos que ali se apresentavam e levantavam a multidão embalada por Wind of Change, inebriada com velhos sucessos das várias décadas pelas quais a banda passou.

Por um dia também percebi que se quiser gravar o show devo sair de perto de gente desafinada.



Por um dia eu saí de um show onde, ao comer um cachorro quente básico do lado de fora do ginásio conheço o Sr. James, com muitos shows como aquele na bagagem - incluindo o primeiro Rock in Rio conforme ingresso guardado na carteira e exibido pelo mesmo. Este senhor levou a filha Jennifer, de 19 anos, para o primeiro grande show da vida dela. Eles iam voltar para Taguatinga mas não haviam mais ônibus circulando por ali.

Por um dia ofereci carona aos dois e ao longo do caminho fui ouvindo histórias sobre shows antológicos ocorridos não só na capital federal, mas também em outras cidades Brasil afora. Depois de deixar, primeiro a filha na casa da mãe e depois o pai em casa, segui meu caminho rumo ao sono dos vitoriosos.

Por um dia saí do Nilson Nelson ainda com voz (estou ficando treinado nisso) mas com a certeza de que o show valeu cada centavo dispendido para comprar o ingresso. A lógica é a seguinte, o innresso é caro? É, mas o que você vivencia você leva (e registra) para a vida inteira, e perpetua estes feitos por diversar plagas por onde passar.

Azar de quem não quis vivenciar este dia. Por um dia.

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