quinta-feira, 9 de julho de 2009

O "pife"

Seu Zé e a nova turma de pifeiros felizes formada neste semestre.

Desde o fim de maio que queria escrever sobre este assunto, mas aí caiu um avião, a gripe suína chegou no brasil, as festas juninas começaram, o Michael Jackson morreu, e por aí foi. Agora finalmente tenho condições de fazer um texto respeitável para falar sobre o pífano.

No fim de maio inciou-se a oficina de pífano oferecida pela Diretoria de Esportes, Arte e Cultura (DEA) da UnB. A mesma ocorre atualmente em todo semestre no Departamento de Música e as aulas são ministradas pelo Seu Zé do Pife.

Seu Zé é agricultor, sempre foi, e, salvo engano meu, mora no Incra 8 (lá pros lados de Brazlândia). Segundo o que ele disse, fabrica seus "pifes" desde pequeno e aprendeu a tocar sozinho na roça em São José do Egito, Pernambuco. Lá participou de bandas rurais e tudo o mais que havia.

Aí veio morar aqui em Brasília, e pelo que me contaram ele pegava os "pifes" que fabricava e levava para vender no campus da UnB, principalmente no Minhocão. Aí alguém ligado à DEA provavelmente propôs que ele ensinasse aos alunos da UnB a tocar o instrumento como atividade extra-curricular, uma oficina como acabou sendo.

Depois de ter perdido o prazo no semestre passado não quis correr riscos desta vez, assim que soube da nova oficina marquei na agenda para ir fazer minha inscrição no dia em que as mesmas fossem abertas. Feito isso aguardei as aulas: seria o primeiro instrumento musical que eu dominaria (e isso não é pouca coisa hehe) e aí conheci seu Zé e tive meu primeiro e hilário contato com o instrumento - não conseguia soprar para sair nota nenhuma. E lá se foi a primeira aula pois perdi a semana inteira até que conseguisse sair o primeiro "lá".

Também depois disso saí tirando tudo de letra. Depois que você aprende a soprar fica fácil tanto aprender as músicas que nos ensinam como tirar outras de ouvido, de lá pra cá já tirei umas três como autodidata. Ao fim das aulas todos faríamos uma apresentação no Udefinho pra botar todo o aprendizado na prática. Rodamos todo o ICC Centro e fechamos fazendo uma alvorada. Depois o show foi todo de Seu Zé e das Juvelinas, um grupo de meninas que tocam com ele.

O exemplo de Seu Zé se tornou emblemático por conta de uma coisa que ele falou na primeira aula e que me marcou: Ele não sabe ler nem escrever, mas mesmo assim ele estava lecionando em uma das maiores universidades do Brasil, e para uma turma de jovens que estava com bastante curiosidade para aprender com ele as lições que a vida lhe trouxe, e que vão muito além do "pife".

Ao Seu Zé, só tenho o que agradecer por mais esta lição que aprendi. De tocar e de viver.

3 comentários:

  1. Ei Clébio , tu és o FLAUTA DE BAMBU do blog do santinha?
    rsrsrs
    abraços

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  2. Legal essa do Pife, Clébio, parabéns! Tocar um instrumento é tudo de bom...e qual será o próximo que você vai aprender? Beijão!

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