segunda-feira, 9 de novembro de 2009
O que o muro tem para nos ensinar
Hoje faz vinte anos que uma falha de comunicação desembocou num símbolo de mudança.
A Alemanha vinha de uma divisão que já durava quarenta anos entre o oeste capitalista e o leste comunista. Para conter a grande migração de alemães orientais para o lado ocidental foi erguido o Muro de Berlim, que segurou este êxodo até aquele dia.
Aquele dia. O dia 9 de novembro. Neste dia foi anunciada pela TV uma decisão de abolir as restrições de viagens de alemães orientais para o Oeste. O povo interpretou aquilo como uma permissão para passar para o outro lado e começou a se aglomerar em frente aos postos de fronteira gritando palavras de ordem para que abrissem passagem para a multidão. Os guardas, que ainda não haviam sido instruídos sobre como proceder quanto a decisão anunciada horas antes, se viram num dilema: abrir os postos ou abrir fogo contra àquela quantidade enorme de gente que só fazia aumentar?
Optou-se pelo primeiro e a partir daí a Alemanhã começou a se unir, acima de qualquer ideologia, seja capitalista, seja comunista.
Desde que findou a segunda guerra mundial e procedeu-se com a divisão da administração do que sobrou da Alemanha os dois blocos, de capitalistas e comunistas, usaram sempre que puderam o território alemão - e principalmente Berlim - como massa de manobra para fazer pressão contra o outro lado. Eventos históricos a parte (quem quiser pode começar a pesquisar aqui), culminou-se na construção do muro por iniciativa do lado comunista.
Os meios de comunicação em geral tendem a criar um maniqueísmo entre a Almanha Ocidental capitalista democrática e boa e a Alemanha Oriental comunista tirânica e má. Não vejo desta maneira. Nehum dos dois lados estava certo ou errado, nem é melhor ou pior do que o outro. Existem muitas nuances que são ignoradas e só a disputa política a nível mundial explica a existência do muro, afinal de contas se americanos e alemães ocidentais tivessem achado ruim a construção do muro eles simplesmente iam lá e derrubavam por iniciativa única deles.
E o que dizer do muro que divide EUA e México? E o entre Israel e a Cisjordânia (como o mundo dá voltas) que ninguém comenta? O moro caiu, mas se ergueram outros, numa prova de que a humanidade não aprende mesmo.
Enfim, o que quero ilustrar, acima de qualquer posição, é a força do povo na hora de querer reivindicar o direito de atravessar o muro, o que deixou os soldados incumbidos de deter tal avanço completamente sem ação.
Por fim decidiu-se abrir. Falou mais alto o bom senso de não tentar promover um genocídio que seria condenado por todo o planeta.
Se em todos os cantos do globo as pessoas deixassem em casa o pensamento individualista de ganhar na vida passando, se necessário, por cima dos outros, e se unissem assim para reivindicar melhorias e vontades coletivas de toda espécie, aí sim o povo mostraria sua verdadeira força e a democracia existiria em sua plenitude.
Os "ossies" se uniram para derrubar o muro. Tá certo que foi para poderem curtir a festa do consumismo no lado ocidental, mas pelo menos se uniram. O coletivo apareceu naquele dia, e quando uma grande multidão quer algo à força não há quem a detenha.
Que aquelas pessoas que se uniram naquele novembro de 1989 nos ensinem a sair do comodismo de nossas cadeiras de escritório. Eles levaram 28 anos. Quanto tempo nós levaremos?
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