segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Sobre sacos de doces


Para muita gente deve ter passado despercebida a data de Cosme e Damião, comemorado ontem, mas foi engraçado que para mim não passou. Fiquei com este pensamento dia inteiro, o que contribuiu para que eu ficasse mais observador com relação ao movimento do dia ensolarado de domingo.

Ao sair de casa e olhar para a rua de manhã tudo me parece monotonamente normal, o máximo que presencio de movimentação pueril é uma meia dúzia de garotos jogando bola na praça onde outrora ficava uma parquinho que era o ponto de encontro da meninada para... correr atrás de Cosme e Damião.

Eu, se estivesse na "aurora da minha vida", já estaria devidamente municiado no início da manhã com sacolas de supermercado e montando uma rede de informantes para descobrir os pontos onde haveria distribuição de doces, seja dentro do prédio, seja nas imediações. E eram muitos pontos, muitos mesmo, aparecendo o dia inteiro, e as casas onde houvessem pessoas distribuindo saquinhos atraiam as crianças como se um saco de açúcar caísse perto de um formigueiro.

Com trocadilho, por favor.

No início da noite era chegada a hora de fazer a contabilidade, meu recorde foi batido quando eu tinha dez anos, onde consegui encher três(!) sacos de supermercado com guloseimas cheias de glicose - balas, pirulitos, doces de abóbora, banana, amendoim, marron glacê, paçoca, pé-de-moleque, pipoca doce, etc. Festa para a criançada e para as cáries.

Ontem o dia pacato ilustrava a mudança dos tempos, acho que não só as crianças mas também os adultos - pelo menos no lugar onde moro - não tem mais aquela participação tão ativa na comemoração do dia, que diga-se de passagem, apesar de ser em homenagem a santos católicos, a tradição da distribuição de doces tem origem afro-brasileira, no candomblé e na umbanda, que associam os gêmeos com os ibejis.

Hoje peguei o jornal e vi reportagens que dão a entender que a tradição está mais viva do que nunca, apesar de que, se for do jeito como eu vi há algum tempo atrás no Lago Norte a distribuição parecia mais entrega de cestas básicas. Seja como for pelo visto é a minha vizinhança que está ficando sem alma.

Para saber mais sobre os santos clique aqui.

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