segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Não vai ser aqui


Agora que os ânimos midiáticos se arrefeceram com relação à escolha do Rio de Janeiro para ser a sede das Olimpíadas de 2016 acho que posso escrever alguma coisa sobre o fato. Ainda quero conhecer melhor o projeto de preparação para as olimpíadas só para ver onde entrarão os projetos de infraestrutura.

Mas uma coisa salta os olhos e muita gente já passa a se perguntar, por que esta insistência em que a sede de todo e qualquer evento deste porte seja obrigatoriamente no Rio de Janeiro? É um dado até interessante para uma candidatura que usou como argumento o ineditismo de uma olimpíada na América do Sul mas que nega o ineditismo de qualquer coisa para o resto do país.

Olhem os EUA: segundo os brasileiros que estavam em Copenhague aquele país já havia sediado olimpíadas demais (foram quatro vezes), porém as mesmas foram em Saint Louis, Atlanta e duas vezes em Los Angeles, já no Brasil se houvesse dez oportunidades de sermos sede, nas dez ela seria no Rio. Há concentrações semelhantes - Londres vai sediar o evento pela terceira vez em 2012, porém compare o tamanho do Reino Unido com o do Brasil - o certo seria comparar com países com dimensões e diversidade semelhantes a nossa como os próprios EUA e a Espanha, que levaram a candidatura de Chicago e Madri, lugares que nunca receberam jogos deste porte.

Não sei se esta poderia ser uma explicação para tamanha concentração, mas toda a estrutura esportiva brasileira se concentra no Rio de Janeiro, independente do esporte. Só para tomar os dois esportes mais populares do Brasil, o vôlei construiu seu centro de treinamento... no Rio. O futebol está construindo sua nova sede e seu novo centro de treinamento... no Rio. A única exceção que conheço é a Ginástica Artística que tem centro de treinamento em Aracaju. Quem tiver maiores informações sobre outros exemplos de concentração (ou exceções) pode colocar nos comentários.

Outra pergunta que se faz é: O COB se faz presente em algum outro estado que não seja no Rio de Janeiro? O COB promove alguma coisa, qualquer que seja, fora do Rio de Janeiro? Há desenvolvimento de atletas olímpicos fora do Rio de Janeiro? Sim, pode-se dizer que há em São Paulo (a cidade, bem mais que o estado), mas fora isso pode até ter alguma coisa mas alguém ouve falar?

Depois reclamam que um país deste tamanho ganhe poucas medalhas em olimpíada, se formos parar pra pensar, ganha o proporcional ao tamanho do território onde acontece essa concentração, ou seja, do Rio e de São Paulo (as cidades, não os estados).

Se querem deixar mesmo um legado para o Brasil (e não só para o Rio) o maior de todos seria usar os jogos para promover atividades esportivas e garimpar valores em todos os pontos do Brasil, desenvolvendo estrutura desportiva suficiente para que isto aconteça. Ganhamos uma oportunidade única e não podemos desperdiçá-la como foi feito no Pan, que por falar nisso, pareceu que foi realizado muito mais para dizer que o Rio podia receber uma olimpíada do que para promover o esporte no país. Mas ao que tudo indica mais uma vez o egoísmo vai prevalecer em pindorama e a Olimpíada será usada pra transformar o Rio em sala de estar para turistas, escondendo o resto da cozinha e da área de serviço, leia-se o resto do Brasil (menos São Paulo, esse pode ficar como escritório).

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