terça-feira, 20 de outubro de 2009

O chopp nosso de cada dia*

Este chopp tá com muito colarinho.

Neste momento são onze horas do dia vinte de outubro do dois milésimo nono** ano da graça.

Estou dentro de um ônibus. Por estes dias meu carro está no conserto para desamassar algumas peças e por isto voltei a utilizar o sistema coletivo da capital federal.

A falta de aparelho de som no meu carro me faz utilizar um celular com caixa de som para tal fim, porém, andando de ônibus, a barulheira e a necessidade de dividir o espaço com outras pessoas inviabilizam tal procedimento então vi a necessidade de usar fones de ouvido. Fui em uma loja lá na rodoviária mesmo e comprei o dito cujo. O que eu não contava é que teria que passar pelo constrangimento de ter que voltar lá mais três vezes por conta de defeitos: primeiro o fone parou de funcionar do nada, depois o seguinte desmontou o acabamento do fone e por fim o botão de atender do terceiro não funcionava. Que ótimo jeito de começar o dia.

O dia ainda me reservou aborrecimentos bem piores do que este, mas não vem ao caso listá-los aqui, um deles em especial a pessoa nem merece consideração, quanto mais que eu gaste este espaço precioso com ela.

Aí vou eu, após o expediente, fazer hora no Conjunto Nacional até a hora de ir para minha aula na faculdade. Parei no Quiosque da Brahma onde uma promoção de dose dupla de copão de 500ml se apresentava tentadora.

Num instante veria os problemas que dão para uma pessoa se ela não sabe degustar o chopp.

Olho pro outro lado do balcão e vejo uma mulher que me olha incessantemente, e sorri. Vou chamá-la aqui de Mariana para preservá-la. Aí ele chama minha atenção e pergunta pra que time eu torço. Logo já estava pedindo para que eu sentasse ao lado dela, mas aí já era visível seu estado de embriaguez. Mesmo assim atendi seu pedido, creio eu, movido pelo desejo de ajudá-la.

Sentando ao lado dela é que vi que a coitada já estava muito, mas muito ébria: ela babava, cuspia no chão, derramava chopp em si mesma tentava fechar o ziper da calça com dificuldade, um estado muito deplorável.

Aí nesta altura do texto você já deve estar criando um estereótipo da mulher que eu estava tentando ajudar não é? Então... neste caso... apague tudo pois vou descrevê-la. Ao contrário do que se pode pensar ela era uma moça jovem, bonita, e de aliança no dedo. mas já estava num estado que já não conseguia falar coisa com coisa.

Tanto eu como outras pessoas que estavam no local tentaram ajudá-la. Apenas eu e um outro senhor que estava lá (que chamarei aqui de Marcos) obtivemos sucesso, e isto foi conseguido porque demos ouvidos ao que ela tentava dizer, assim conseguimos descobrir quem era, onde morava e tudo o mais. os seguranças do shopping já estavam presentes mas preferiram optar pela cautela.

Num dado momento ela deixa o celular cair. Foi a deixa que eu estava esperando para tentar contactar algum familiar que pudesse vir buscá-la. Consegui falar com o cunhado que logo acionou o marido (sim, lembram que eu falei da aliança?) para vir buscá-la.

Porém o shopping fechou e precisávamos retirá-la de lá - tarefa pouco inglória e muito árdua. Tivemos que guiá-la praticamente empurrando para que não tropeçasse e caísse, principalmente para subir a escada, onde a dificuldade triplicou. Fizemos tal trajeto em contato com o sogro pelo celular (usando o fone comprado de manhã, lembram? Afinal eu precisava falar e rebocar a menina ao mesmo tempo) que se informava sobre nosso trajeto com a nora e repassava ao seu filho que estava sem créditos para ligar.

Finalmente encontramos o marido dela próximo à rodoviária. Com muito sufoco conseguimos colocá-la no banco de trás, mesmo com a relutância dela. O marido, já dentro do carro, parecia nervoso com a situação e parecia descontar no Marcos, mas também pode ter sido só impressão minha. Um último contato com o sogro para confirmar o encontro dos dois e a missão está finalizada, debaixo de uma leve garoa que caía.

Da Mariana e do Marcos talvez nunca mais ouça falar, só posso esperar para ela que se recupere bem e que tenha mais cuidado com o que faz.

Qual a lição que se tira dessa história toda? Bom, isso cabe a cada um de vocês. Só digo que presenciar cenas como esta tem muito mais impacto do que qualquer propaganda que venha dizendo no final "aprecie com moderação". Independente disso, seguirei tomando meu chopinho vez ou outra quando as circunstâncias me permitirem, e no fim voltarei na paz, pelas minhas próprias pernas.

*apesar do trocadilho saiba apreciar um bom chopp, de vez em quando apenas.
**sim, 2009º se escreve assim mesmo.

2 comentários:

  1. Caramba, que história, hein...
    Fiquei tentando adivinhar as razões pelas quais a garota bebeu tanto...tomara que ela se cuide bem..

    Sobre teu comentário lá no meu blog, a aeromoça sabia sim que se tratava de um cachorro de pelúcia. Quem não sabia era eu porque de onde estava não tinha como ver quem estava sentado na primeira fileira de poltronas, eheh.

    Beijão!

    Sil
    esquinadasil.blogspot.com

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  2. Gostei muito do post! Parabéns!
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