quinta-feira, 4 de junho de 2009

20 anos do "rebelde desconhecido"


Como uma data pode fazer com que entremos em reflexão? Talvez o dia de hoje passa traduzir este sentimento para nós.

O dia 4 de junho ficou marcado para a história por um evento que está completando vinte anos: O massacre da Praça da Paz Celestial. Na verdade foi o marco final de quase dois meses de protestos que culminou na inabilidade política de um regime que diz ser representante de um povo, que agora promovia este desafio para que o povo realmente se fizesse representar, e achou que por meio da violência desmedida dissiparia qualquer dissidência. Acabaram por criar um simbolode contestação que ficará por gerações.

Para entender os eventos daqueles dias é preciso entender o contexto histórico de fim dos anos 80, em pleno auge das políticas de abertura promovidas por Gorbachev na vizinha União Soviética, o governo chinês dizia promover reformas mas as mesma não agradavam intelectuais, estudantes, operários e outros setores urbanos, que clamavam por maiores liberdades tanto civis como políticas.

Escultura da "Deusa da Democracia", feita por estudantes de belas artes, a desafiar um dos símbolos do Partido Comunista, a foto de Mao Tsé-Tung.

O momento se mostrou diferenciado e fez com que diversos setores acreditassem que desta vez poderiam fazer alguma diferença e forçar o governo a atender as reivindicações ou até mesmo promover reformas políticas, para completar durante o mês de maio houve uma visita de Gorbachev a Pequim que recebeu cobertura de diversos meios de comunicação do mundo e que fez com que os protestos ocorridos na praça passassem a ter visibilidade global.

Porém o desfecho não foi nada feliz. Visto que todos os esforços do governo em desacreditar o movimento ou até mesmo enganar os manifestantes com ações paliativas não estava dando certo e a praça já estava supostamente ocupada por um milhão de pessoas optou-se por partir pra ignorância e aplicar lei marcial. Pouco a pouco o exército ia ocupando as ruas de Pequim e atacando à queima-roupa até mesmo manifestantes pacíficos. As imagens da repressão correram e chocaram o mundo.

Para a posteridade ficou a imagem do estudante que sozinho parou uma fileira enorme de tanqus, chegando iclusive a subir no da frente e abrir a escotilha talvez para dizer palavras de ordem aos soldados. Uma imagem marcante e cheia de enigmas: Quem era? O que queria? O que disse aos soldados? O que aconteceu com ele depois? Indagações que devem ficar sem resposta e que manterão a mística do episódio.

Foto: Jeff Widener/AP


Por este ângulo dá pra ver que não era uma filinha qualquer.

Mas não devemos analisar apenas a foto ou a sequência, nem devemos resumir tudo a este único momento. Todos os fatos desde o início dos protestos é que são importantes para darmos o verdadeiro valor àqueles que tiveram a coragem de desafiar o autoritarismo daqueles que usam o povo para promover sua fome de poder.

Abaixo seguem alguns vídeos dos protestos, o segundo mostra toda a sequência do "rebelde desconhecido".





Para saber mais: http://pt.wikipedia.org/wiki/Protesto_na_Praça_da_Paz_Celestial_em_1989

Também por conta do dia os comentários deixam de ser moderados, o que dará mais agilidade ao debate, seguindo o caminho contrário do escolhido pela China para lembrar do fato.

Um comentário:

  1. Olá Clébio, excelente a lembrança provocada pelo seu artigo. Mais tarde eu comento, pois agora tenho que resolver alguns assuntos.
    Saudações

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