domingo, 16 de agosto de 2009

Perigo! Democracia ameaçada!

Arte: Angeli

Por mais que a assertiva acima pareça exagerada, a História nos mostra em vários episódios que não o parece pensar assim. Não vou agora listar fatos históricos relacionados ao que vou descrever abaixo, mas não será difícil puxá-los a memória.

Já é possível ver em alguns blogs e no twitter pessoas defendendo o fechamento do Congresso Nacional sob o argumento da ineficiência da casa e dos constantes casos de corrupção que descobrimos (ou não) quase que diariamente.

Não vou negar aqui a existência - e forte - dos argumentos acima, há muito mais sintomas que mostram que o legislativo brasileiro é inoperante e desvirtuado: a maioria dos nobres políticos nem devem saber a verdadeira essência do trabalho deles. Mas daí a defender o fechamento da casa me parece uma atitude deveras promíscua, o Congresso não é como uma batedeira velha que você pode optar se deseja mandar consertar ou jogar fora.

Já virou lugar comum dizer que o legislativo é reflexo do povo que o elegeu. Se eles tratam do dinheiro público como se não tivesse dono e, portanto, acham que podem utilizar em benefício próprio, seja pessoal ou eleitoral, a culpa é da cultura que está enraizada na política brasileira desde o vereador lá do interiorzão até o presidente da república, e que nós, por nossa passividade em não se engajar políticamente, não nutre vontade nenhuma de discutir os destinos da nação e buscar soluções para mudança de tal cultura, etc., permitindo assim que chegássemos a esse ponto tão baixo.

Percebam que os atores políticos são sempre os mesmos desde até muito tempo antes da ditadura. Há pouca renovação e quando há são por pessoas ligadas de alguma forma aos velhos oligarcas de sempre. Não há mais ideologias, grandes projetos em debate, nem os partidos tem mais correntes ideológicas - hoje servem somente para abrigar quem quer disputar uma vaga em qualquer esfera (municipal, estadual e federal) e a definição de esquerda e direita perdeu o sentido: é a pessoa que ocupa o poder que define quem é aliado ou quem é inimigo.

Agora propor que se feche o Senado e a Câmara também não dá. Proposta semelhante ocorre com mais força aqui no Distrito Federal no que diz respeito a fechar a Câmara Legislativa, que tem figuras políticas e casos muito piores do que na esfera federal - o que faz cair o argumento dos brasilienses de que os ladrões vem de fora. Mas as casas são essenciais para que tenhamos melhorias na nação, nós é que não damos importância a isso na hora de votar.

Protestos são válidos como estes que estão começando a engatinhar pelo país, os protestos do sábado já tiveram maior visibilidade, mas não é o suficiente. No ano que vem temos não só que votar mais consciente (de preferência não votando nas figurinhas manjadas de sempre) mas temos que defender e pregar com firmeza e eficácia que mais pessoas façam o mesmo, pois a maioria da população brasileira ainda é fácil de doutrinar para que votem em quem os donos do poder desejarem.

Se interessar por mudanças, e não só querê-las, é o primeiro passo para a longa jornada que levará a moralização e a eficiência das instituições políticas. Tomar decisões radicais como fechar o congresso e/ou um congresso enfraquecido foi o primeiro passo que levou diversos povos à um regime de exceção.

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