quarta-feira, 16 de junho de 2010

A vuvuzela


O mundo definitivamente está ficando mais chato, e olha que eu já me cansei de falar isto aqui no blog. E para que mas uma vez esta minha assertiva se mostre verdadeira está aí a copa do mundo deste ano a servir de exemplo com tantos jogos beirando ao bocejo. Nem o jogo do Brasil escapou.

Elejam o símbolo maior desta copa e todos se lembrarão da recém afamada vuvuzela. Esta simpátca corneta existe há anos e sempre foi objeto de vendas em época de copa do mundo, desde sempre. Sua complexidade para ser manuseado (é ruim de soprar se não se pegar o jeito) fez com que a mesma sempre passasse despercebida, nem mesmo lhe davam uma denominação. Aí não mais que de repente, na Copa das Confederações do ano passado, aparecem vários sul-africanos soprando vuvuzelas a plenos pulmões formando uma zuada ensurdecedora. Logo as mesmas foram apresentadas ao mundo como o objeto que simbolizava o jeito com que aquele povo torcia nos estádios.

A vuvuzela faz barulho. Muito. E por conta disso os organizadores da copa já cogitaram inúmeras vezes vetar a utilização das cornetas nos estádios. Sempre o apelo popular e a simbologia que o negócio tomou fazem com que os engravatados desistam de tais pretensões. Futebol combina com alegria, manifestação espontânea, celebração (como pede o nome da bola Jabulani). Se é para criar restrições tolhe-se os excessos, aquilo que compromete o espetáculo. A vuvuzela o engrandece. É como a olla mexicana em 1986.

Os jogadores reclamam, mas eles andam tão "estrelas metrossexuais de comercial" que já não dá mais para levar a sério o que eles falam, pois tudo parece ser ruim e incômodo. A imprensa também reclama, mas se a torcida não se manifesta ela também reclama pois o telespectador precisa "sentir" o calor do estádio. Estádio mudo e frio é transmissão sem graça e desinteressante. É preciso que a TV venda emoção.

Aqui no Brasil finalmente o objeto se tornou popular. Há também outros tipos de cornetas e buzinas barulhentas para quem quer fazer barulho sem forçar os pulmões. Objetos que sempre surgem na época da copa e que, por conta disso, ninguém pode chegar e dizer que a barulheira é coisa de agora. Já vi muita gente reclamando do barulho que esá se fazendo nesta copa mas o barulho sempre fez parte da celebração e não é só agora que alguém vai se sentir incomodado. Deve-se, porém, como sempre, prevalecer o bom senso e respeitar alguns limites como hora, proximidade e opção - nem todo mundo quer festejar, e buzinar na direção do seu vizinho que não gosta de futebol é desrespeitoso, ou seja, tem que ficar cada um no seu quadrado nestas horas.

Reclamr, proibir, banir, o que seja não vai resolver nem ajudar em nada. Temos que parabenizar a África do Sul por ter achado um jeito divertido (por mais barulhento que seja) de celebrar a copa em seu país e deixá-los curtir seus momentos de alegria. O mundo já anda muito regrado e comedido nos últimos tempos, e querer que a torcida de futebol se comporte como se estivesse assitindo tênis não é nada legal. Acaba que a vuvuzela vai ser o fiel da balança a definir o que é mais importante: a festa que a copa proporciona ou o retorno financeiro que ela vai trazer.

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