sexta-feira, 21 de maio de 2010

Lembrem-se do Tetra - Parte 1


Onde você estava na tarde do dia 17 de julho de 1994?

Você lembra pelo menos que dia da semana que foi?

Se não lembra de nada disso vou ajudar-lhe a rememorar. Era um domingo ensolarado com algumas nuvens. Lembro com detalhes precisos daquele dia.

E provavelmente você estava fazendo o mesmo que eu, estava assistindo a final da Copa do Mundo de Futebol daquele ano, pode ter sido nos mais variados lugares: em casa, no bar, na rua assistindo de um telão, não importa, se você era nascido e não era um bebê de colo com certeza você estava ligado no jogo, naquele jogo que acontecia tão longe mas que nos mantinha vidrados com se acontecesse bem na nossa frente.

Você pode até lembrar dos fatos. Claro, está acessível em qualquer documentário, em qualquer enciclopédia, virou até filme (um dos registros mais bem feitos do futebol, diga-se). Em resumo, mesmo quem não era nascido sabe como se desenrolou não só aquele jogo, mas a copa inteira.

Mas será que você se lembra das sensações, da expectativa, dos antecedentes, enfim toda a atmosfera que cercou aquele dia e que envolveu a todos durante aquela copa? Provavelmente não, de tanto que as imagens foram lembradas e exibidas a exaustão nem damos mais tanta importância para a conquista daquela seleção.

Pois então pense: em 1994 o Brasil completava 24 anos sem levar a taça do mundo. Neste hiato formou-se toda uma geração de torcedores que se acostumaram a ver cada tentativa de ser campeão acabar em frustração. As três últimas foram particularmente mais amargas e acabaram por se refletir na copa daquele ano. Por conta das últimas experiências o futebol até ensaiou uma perda de importância, de perda da preferência nacional, ainda mais com o crescimento das equipes de outras modalidades como o vôlei e o basquete. E para piorar o Brasil ainda vivia o luto pela morte de Ayrton Senna que havia ocorrido mês e meio antes do início da Copa.

Nas CNTP não havia motivo aparente para alguém se empolgar com aquela disputa, apenas a eterna esperança a empurrar a torcida na fé de que desta vez levaríamos o tetra, uma fé cega, sem explicação e que pintou as ruas de verde e amarelo, de um jeito de fazer a nós em 2010 morrer de inveja.

Até a Seleção, com muitos remanescentes do fiasco de 90 e com poucos destaques do momento (o mais promissor deles era Ronaldo, o futuro fenômemo), não trazia lá tanta empolgação.

Mas havia ele. Romário.

E ao começar a Copa ele mostrou sem muitos rodeios porque o povo pedia sua convocação desde as eliminatórias do ano, foi gol em todos os jogos da primeira fase, em que ele fez parecer que a seleção passava e passaria fácil por qualquer time que aparecesse pela frente. Mas isso durou pouco. Nos jogos seguintes voltaríamos a ser assombrados por fantasmas que nos desiludiram nas copas anteriores.


Nas oitavas jogo dramático contra os EUA, e com um gol de Bebeto passamos de fase. Nas quartas abrimos 2 x 0 na Holanda e deixamos eles empatarem, se não fosse aquele gol milimétrico de Branco... E na semi o goleiro Ravelli, da Suécia, pegava até pensamento, até que uma hora Romário voou o suficiente para ficar mais alto que os grandalhões nórdicos e cabecear tranquilo pro gol, daí pra frente o resto é história.

Quer dizer, é uma história que vou relembrar no próximo texto, para que todos possam sentir novamente o que aquele dia 17 de julho de 1994 significou.

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