quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O estranho limbo do mês de janeiro

Cadê todo mundo???

Em Brasília tem pairado uma clima meio estranho.

Não, não estou me referindo ao súbito calor que se abateu sobre a cidade, tão estranho que presenciei um desses relógios de rua que marcam a temperatura registrando 32°C! Às 8 da manhã!!! E pra piorar mais ainda um deles estava marcando 25°C hoje no mesmo horário. Acho que isso é um sinal que estes relógios são tão confiáveis quanto horóscopo de jornal.

Estou me referindo a este clima de pós-reveillon. Brasília fica meio estranha com o vazio que se abate sobre as repartições públicas (e empresas privada também, por que não?) nesse mês do ano e que acaba se refletindo sobre vários aspectos da vida da cidade. Janeiro acabou se institucionalizando de vez como o mês das férias e da curtição, mas será que este clima é extensivo à Capital Federal?

Por sua natureza propagada pelo senso comum a resposta é um simples e direto não. Mas antes de conclusões precipitadas prefiro desenvolver este texto para obter uma resposta mais bem abalizada.

Por exemplo, interrompa agora a leitura deste texto e vá atrás da escala de férias de seu local de trabalho (isso, claro, se você tiver acesso fácil a mesma). Bom, agora que você voltou as atenções aqui ao computador já deve ter percebido que a maioria dos seus colegas de trabalho pediu seu descanso pra este período do ano. Se o lugar que você trabalha for divido em setores interdependentes (ou seja, a ausência do colega do lado não necessariamente te atola ainda mais de serviço) verá esse processo ainda mais nítido.

A explicação é de certa forma óbvia: janeiro é o mês em que as crianças e adolescentes estão no meio das férias - depois do natal e do reveillon, onde ficamos pra nos reunir com a família, e antes do carnaval, que divide opiniões quanto à sua importância. Seja como for a petizada adora viajar, adora ao quadrado viajar para lugares que tem praia e adora ao cubo ou até à quarta potência viajar para lugares que tem praia no período que a babá eletrônica está bombardeando o tempo todo que as praias estão bombando (sem trocadilho, por favor). Lembram? Mês de sol, praia, calor e muita gente bonita. É o mês do verão e os adultos que compram esta idéia (ou que tiveram filhos que a compraram) já tão curtindo o calçadão de Copacabana faz tempo.

Tem também as universidades de todo o país que estão de férias, e universitário que se preze não vai ficar morgando em casa, ainda mais se ele morar em Brasília.

Ah mas alguém pode estar estudando pra concurso, quaaaaaaaaase não tem isso por aqui não é mesmo? Não possuo estatísticas que indiquem como anda a frequencia dos cursinhos preparatórios mas concurseiros assumidos com quem tenho conversado tem me confidenciado que escolheram justamente este mês para dar uma descansada, mas bem rapidinha pois parece que já tem provas no mês que vem ou é no outro, não sei.

O resultado desta equação obtemos quando levamos em consideração o óbvio ululante de que Brasília não tem praia nem coisa que o valha. Isso inclusive remete ao que me referi no texto A mágica do fim de tarde sobre o Lago Paranoá. Pra finalizar, este povo prefere ira pra Balneário Camboriú ou pra Água Mineral? Pronto, o resultado disso é metade da cidade praticamente "abandonando o navio".

E se você preenche todos esses requisitos e pra piorar não é daqui de Brasília. Tá fazendo o que aqui ainda?

O que sobra pra quem fica são avenidas quase sem congestionamentos, ônibus mais vazios e mais tempo ocioso no trabalho e fora dele pra completar o clima de marasmo. Em compensação não parece ter muita coisa interessante pra fazer pra ocupar esse tempo que anda sobrando, afinal não dá pra sair do trabalho assim e não se tem muitas opções de lazer interessantes por aqui nessa época do ano (até elas tão na praia), e mesmo que tivesse, boa parte da turma que a gente conhece está viajando. Resumindo, estamos vivendo um período praticamente perdido, a maior das provas de que no Brasil, principalmente em Brasília, o ano só começa depois do carnaval. E o principal de tudo, a cidade a princípio está definitamente alijada do clima de curtição de janeiro, isto por ação e obra de seus próprios habitantes.

Aos que ficaram meus desejos de boa sorte, e que no ano que vêm vocês consigam encaixar suas férias por este período de farra, isso enquanto as pessoas não aprenderem a valorizar o descanso em outras épocas do ano.

P.S.: Este é o primeiro texto deste blog que exigiu adequação às novas normas da língua portuguesa. E viva o fim do trema!

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