segunda-feira, 23 de março de 2009

"E aê mano, firmeza?"

Fonte: Wikipedia

Aeroporto de Cumbica, Guarulhos, região metropolitana de São Paulo, 17:27 do dia 20 de março de 2009.

No momento acima citado realizei, deslumbrado e olhando para baixo logo que o avião ultrapassou a barreira de nuvens, um sonho que alimentava desde pequeno: conhecer a capital paulista.

Como sou um cara que acha que tem pouco assunto mas acaba escrevendo relatos gigantescos não se assustem se o texto acabar ficando grande demais, maior até do que a minha permanência em São Paulo, se é que isto pode ser chamado de permanência. Para melhor compreensão é melhor chamar de passagem, mas não foi uma passagenzinha qualquer como vocês verão.

Foto: Isaac Matos/Onibus In Brasil

A Ida

Para início de conversa merece nota a invasão do Aeroporto de Brasília por pessoas vestindo preto da cabeça aos pés. Não, não era a debandada de políticos como um colega meu em Curitiba palpitou, mas a chegada do Iron Maiden no seu "aviãozinho": um Boeing 757 personalizado com o Eddie na cauda.

O "aviãozinho" dos caras.

Ah sim, meu destino final era Curitiba, onde participaria de uma exposição no dia seguinte, mas marquei a passagem para Guarulhos porque estava usando milhas promocionais, se tivesse optado por ir direto gastaria o dobro no programa de milhagem. Sendo assim o Luciano, colega meu de Campinas, iria encontrar comigo na Rodoviária do Tietê e já havia inclusive adiantado a compra da minha passagem no DD da Eucatur às 22:15 (por que estou entrando em detalhes neste ponto? vocês logo vão saber). Agora só precisava me deslocar entre o aeroporto e a rodoviária, porém estava numa cidade que não conhecia, nunca tinha sequer passado perto, e era "somente" a maior região metropolitana da América do Sul, pra não dizer do Hemisfério Sul inteiro.

Mas tem um jeito direto de ir de um ponto a outro - um ônibus executivo que custa a "bagatela" de R$ 30,00(!) - tudo isso pra fazer um percurso que deve demorar no máximo meia hora, mas que deve ter demorado uns 45 a 50 minutos - não marquei a hora da chegada - por ter tido a honra de ser apresentado a uma das "atrações turísticas" de São Paulo: o engarrafamento na Marginal Tietê. Ainda no aeroporto perguntei no guichê de informações turísticas se não tinha um jeito mais módico de chegar lá. Ter até tem, mas do jeito que o camarada me explicou parecia coisa de aventura do Indiana Jones com o detalhe que eu estava carregando uma mala, e só na volta é que descobri que não era esse bicho todo de sete cabeças.

Vencido o engarrafamento, desço no Tietê. Na hora de pegar a bagagem embaixo do ônibus olho pra lado e sou pego pela surpresa - do meu lado estava a Daiane dos Santos, que por eu ter sido um dos primeiros a entrar no ônibus não havia percebido que a mesma embarcou depois no mesmo veículo. Bom, quis respeitar a privacidade dos outros e tentei não dar bola pro fato para assim tratá-la como uma pessoa normal, e não agir como uma tiete desvairada. Porém acabei me deslumbrando mesmo foi com o terminal, onde pisava pela primeira vez, e ao que Daiane me flagra nesta situação ouço dela um "tás perdido também?"

Daiane estava com mais dois colegas que havia conhecido no ônibus na mesma situação que ela, querendo descobrir onde comprava passagens para seus respectivos destinos. Adivinha qual era o destino dela? Isso mesmo, Curitiba. Ela queria comprar a passagem para o primeiro horário que aparecesse e inclusive me chamou para comprar no mesmo ônibus, porém...

...bom, leiam o que eu escrevi no quinto parágrafo acima, por isso os detalhes.

Passei a hora e meia que rodamos pelo Tietê antes do embarque do povo esperando o Luciano chegar e nada dele, mesmo assim só deu tempo da gente lanchar pois a todo instante alguém parava a gente para pedir autógrafo ou para tirar uma foto com ela (incrível como parece que todo mundo hoje em dia anda com uma câmera digital a tiracolo).

Bom, nós também somos filhos de Deus.

Já que chegou a hora do embarque da Daiane e nada do Luciano aparecer optei por não fazer esta desfeita com ele e me despedi da mesma quando ela embarcou no ônibus da Cometa. Só a título de curiosidade, a mala era quase do mesmo tamanho que a dona, bom, acho que vocês já tinham percebido isso pela foto acima.

Encontro o Luciano no mesmo box que a Daiane embarcou. E aos poucos os outros busólogos vão chegando e formando o grupo que iria para Curitiba. Aos poucos se forma o clima de descontração que marcou toda a viagem: os velhos debates, pessoas perguntando como anda o transporte em Brasília, a troca de fotos, etc. Até que chega 22:15. É hora de encerrar esta parte da história, tão intensa que com certeza deixei escapar detalhes importantes, para contar a outra parte desta "passagem".

Foto: Busscar/Divulgação

A Volta

Realizei mais uma das minhas vontades que era viajar pela Viação Cometa, o que me custou a companhia dos meus colegas na volta, já tão fatigados da dita companhia e deslumbrados pelo DD da concorrência. Restou-me esperar que os mesmos chegassem no ônibus que saiu 20 minutos depois do meu.

Em Curitiba ma deram detalhes de como não pagar os R$ 30,00 novamente, e de um jeito mais compreensível do que o que me passaram em Guarulhos. Tinha que pegar o metrô ali mesmo no Tietê até a Estação da Praça da Sé e baldear para pegar outro trem que fosse para a Estação Tatuapé, lá tem o tal coletivo que vai até o Aeroporto de Cumbica. Juntando tudo temos metrô => R$ 2,55 + ônibus => R$ 3,60 = R$ 6,15. E nem dói.

Isso pode parecer irrelevante mas pode ser útil para algum desavisado que quiser fazer o mesmo trajeto.

No primeiro trecho (até a Sé) tive a companhia da companheira Marisa, busóloga que conheço de longa data assim como o Luciano e que veio me contando mais detalhes sobre a cidade. Todas as vezes que nos encontramos foi assim, ela me falando sobre São Paulo e eu falando sobre Brasília.

Chegando na Sé me despeço, ela seguiria até o Jabaquara. Quando subo para o andar onde pega o trem para o Tatuapé algo me inquieta. De súbito desvio da fila do trem e saio da estação. Pra quê? Simples, meu caro: fazer algo que me fizesse dizer que realmente conheci São Paulo, mesmo sendo 6:30 da manhã. E subi as escadas que dão para a praça como quem descobre um mundo novo.


Posso dizer com todas as letras que a Igreja da Sé foi a maior igreja com a qual já tive contato. Mas não foi só isso, dali a curiosidade me levou até o Pátio do Colégio, local de nascimento de Piratininga e parei no Viaduto da Boa Vista. E que vista! deu para ter uma boa panorâmica da cidade. Afora isso destaque para o pouco movimento das ruas despertando para o domingo. Aproveitei para tomar café numa lanchonete das redondezas, com o prédio do Banespa, imponente, ao fundo.

Nesse percurso curtinho no qual devo ter ficado por volta de uma única horinha já foi suficiente para me realizar de um sonho antigo, e nisso São Paulo, tão cosmopolita como ela, superou todas as minhas expectativas. Além disso ao parar pensante no Largo da Sé antes de descer de volta para a estação me peguei com aquele gostinho de quero mais. Gosto que vira compromisso de um dia voltar, sem pressa, para poder viver a cidade como ela merece.

Pátio do Colégio: aqui nasceu São Paulo

Agora vocês devem estar se perguntando: Peraê, mas e Curitiba?

Calma, essa já é outra história.

2 comentários:

  1. Clébio, adorei tua narrativa e compartilhei contigo a emoção. Sou suspeita pra falar, mas adoro Sampa, apesar da confusão toda. Planeje ir uma próxima vez sim com mais tempo, é bastante coisa pra gente aproveitar ali: o bairro da Liberdade, oriental, com suas lojas cheias de "coisas diferentes" (um de meus lugares prediletos lá); o italiano Bexiga, a Avenida Paulista, a 25 de março...só de listar mentalmente vários lugares já me dá uma saudade danada.

    Karakavei, que sorte ter a companhia da Daiane dos Santos, hein? Continue com tuas narrativas.

    Beijão!

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  2. Ah, sim: tinha me esquecido de perguntar se você tomou "um chops" e "dois pastel", eheh.
    :)))

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