segunda-feira, 12 de abril de 2010

Quem é o Estado?


Bom, se um dia a pergunta foi feita a Luís XIV com certeza ele definiu de um jeito como muitos não teriam a coragem de definir nos dias de hoje por uma questão de falsa ética, pois apesar de não admitirem, muitos de nossos governantes agem numa inversão de funções.

Hoje assisti um comentário do Alexandre Garcia no Bom Dia Brasil que foi mais uma voz a cutucar o Estado e sua omissão/deturpação, pois nesta nunca ficou tão nítido que o desinteresse e o jogo de empurra (com a barriga ou pra debaixo do tapete, tanto faz) promoveu tragédias na sociedade.

Nesta oportunidade Alexandre se referiu ao caso dos meninos desaparecidos de Luziânia, que teve sua conclusão de caso com um desfecho trágico e uma sensação de final que poderia ter sido evitado se as funções básicas previstas em lei tivesse msido seguidas a contento. O autor dos assassinatos em série levou apenas uma semana para cometer novos crimes tão logo saiu da prisão, meio que como se confirmasse atestado feito pela justiça de que o recém liberto necessitava de acompanhamento psicológico, coisa que não ocorreu provavelmente porque alguém deve ter pensado "ah mas pra que esse trabalho todo, não deve acontecer nada de mais". Mas aconteceu, e agora?

Mesma coisa ocorreu no Rio de Janeiro. Já virou lugar comum afirmar que as tragédias ocorridas por conta das chuvas (as piores dos últimos anos) se deram por conta de ocupações irregulares dos morros com a conivência passiva de sucessivos governos que hoje se preocupam mais em se esquivar da culpa do que tomar ações efetivas principalmente de prevenção de novas tragédias. O diferencial desta vez é que as palavras vazias de omissão governamental desta vez ganharam nome e sobrenome. O Ministério da Integração Nacional, a quem a Defesa Civil está vinculada, destinou a maior parte de recursos para obras de prevenção de desastres(segundo auditoria do TCU) para a Bahia, estado que por uma "incrível coincidência" é o reduto eleitoral do agora ex-ministro Geddel Vieira Lima que se licenciou do cargo para disputar o governo do estado. Nos últimos quatro anos de gestão foram 133 mi para a Bahia contra 2,3 mi do Rio. O agora deputado se defende dizendo que foi o Rio que as verbas foram destinadas a quem apresentou projetos, e agora?

Foto: Eduardo Naddar/ Agência O Dia

O que fica parecendo é que o motivo que leva os políticos brasileiros a disputar eleições e/ou ocupar cargos no governo é pura e simplesmente aparecer ao máximo pensando na eleição seguinte para se perpetuar no poder enquanto o jogo de interesses assim permitir. Por isso vemos várias obras grandiosas cheias de placas de pretensos "pais da criança" em detrimento de ações governamentais que não permitam colher dividendos políticos já que não dá para se colocar uma placa em resultados subjetivos como programas educacionais, gestão de saúde ou sistemas de transportes - é só ver o caso do Arruda que quis melhorar o transporte público de Brasília apenas obrigando os empresários a comprar veículos novos, pois estes poderiam carregar faixas enaltecendo o "feito" governamental - leia-se do mandatário da vez. É por isso que pintura de ônibus muda a cada nova gestão que entra.

E quando ocorrem grandes catástrofes como o que ocorreu no Rio? Aí sim todo mundo quer tirar o seu da reta. Quem não se lembra do acidente com o voo 3054 da TAM, cuja primeira preocupação do governo foi desvincular o episódio com o caos aéreo que permanecia instalado à época, seja eximindo controladores de voo, seja descartando falhas no grooving da pista de Congonhas, tudo isso antes de se fazer qualquer investigação ou sepultamento das vítimas.

E é por isso que, enquanto vigorar no Brasil esta concepção por parte da classe política de que o estado deve servir ao dono do cargo como vitrine eleitoral, e não como instrumento de transformação social, ainda assistiremos por muitos anos esta patacoada popularesca promovida por prefeitos, governadores, ministros, presidentes, etc.

E daqui a três meses começa a campanha eleitoral, preparem sua paciência e, principalmente, afiem sua capacidade de discernimento.

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