sexta-feira, 30 de abril de 2010

Reunião de condomínio


Terça passada, ao chegar em casa, percebi o hall de entrada do prédio mais iluminado - a senha para que se soubesse que ali houve uma reunião de condomínio. Depois que me toquei que pela época (fim de abril de um ano par) se deduz que aconteceu uma eleição para o novo síndico.

Movido pela curiosidade por mudanças indaguei à minha mãe sobre a reunião. Para minha surpresa ela diz que o quórum foi baixíssimo mesmo sendo dia de eleição e que só teve uma candidata: a síndica atual, que vai para o seu quarto mandato e se tornando a sídica com mais tempo no cargo em toda a história do prédio.

Pode parecer estranho mas o meu prédio, talvez por conta de suas proporçoes - 297 apartamentos - há um histórico de boa, pra não dizer grande, participação dos moradores na vida, digamos, "política"do condomínio. Inclusive estas reuniões e eleiçoes de síndico já renderam muitas histórias para ver que hoje ninguém mais está interessado em participar da gestão do edifício.

Ser síndico inclusive era uma questão de "status", e até mesmo por causa disso já rolou confusão na hora de escolher o candidato vencedor, assim como há relatos de pessoas mal-intencionadas que ocuparam o cargo para levar algum "por fora". Em 1992, por exemplo, me lembro que houve até briga, outros disseram depois (e isso se falou por décadas) que até tiro rolou no meio da discussão. Bom, nunca vi marcas de balas na parede, só sei que o vizinho da frente acabou levando o cargo pelo biênio seguinte, e até onde eu sei ele não iniciou o mandato no hospital.

Sua sucessora foi a síndica Marli. Vencedora de uma eleição em que houve inéditos quatro candidatos, ela ficou conhecida entre nós que vivemos a infância e a adolescência no edíficio como aquela que acabou com os espaços de convivência e lazer dentro do prédio, tudo em nome da paz e do silêncio - sem crianças gritando ou fazendo estardalhaço. Por conta disso muitos de minha geração se renderam à ociosidade e ao sedentarismo, trazendo também a desagregação dos laços de amizade entre os moradores que ficavam cada vez mais entocados em seus apartamentos sem contato com o mundo exterior.

Talvez este tenha sido o ponto de partida para que aos poucos a participação fosse minguando nas reuniões. Telvez tenha havido outras cousas, talvez as causas tenham sido outras. Não cabe a mim tentar decifrar mesmo porque essas são histórias que podem render outros textos.

Agora iremos para mais um novo biênio sem grandes mudanças ou novidades, tão aguardadas a cada novo síndico que tomava posse. E com isso o bom e velho Edifício Rio de Janeiro vai ficando cada vez mais com a cara dessas pessoas de hoje em dia que não se dá bom dia pro vizinho, se é que essas pessoas sabem quem são os seus vizinhos.

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