segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

A mágica do fim de tarde


Agora neste momento são 16 horas e 57 minutos. Vou fazer um desafio a mim mesmo para ver quanto tempo levo para concluir o distinto texto, incluindo inclusive (essa foi boa) as interupções que sei que não serão poucas.

Primeiro texto de 2009. Até agora tudo calmo, tanto que até celebridade indo à padaria tá virando notícia, afinal de contas quem quer saber de guerra na Faixa de Gaza e crise econômica global né?

Mas vamos para de enrolar e vamos logo ao que interessa, Vim digitar aqui porque quero falar de uma coisa que desde os primórdios de minha existência representa um momento especial do dia, talvez pelo fato de sua essência ser diferente de outros momentos: o pôr do sol.

O dia passa todinho azul ou todinho cinza, e num dado momento tudo fica em tons vermelhos, róseos, laranjas e azuis de tudo quanto é intensidade como se tivesse surgido no céu uma aquarela chinesa. E aqui no mundo dos mortais o que é que estamos fazendo? Saindo do trabalho, da escola, do curso, da vida cotidiana, de algum lugar qualquer de onde nos dirigimos para algum lugar em que voltamos a ser nós mesmos. É a hora que chegamos em casa e desafrouxamos os nós, tiramos o paletó e a gravata que nos é imposto usar durante o dia para vestirmos aquilo que nos faz sentir mais confortável. É a hora que reencontramos os amigos para tomar um chope, conversar, debater, divagar e trocar o barulho de bateção de teclas pela da música que mais gostamos. É a hora em que voltamos a ser nós mesmos, seja quem "nós mesmos" formos.

Acho ques tenho voltado a perceber isso por causa das minhas determinações de férias que incrivelmente estou conseguindo concretizar. Já devorei dois livros de Érico Veríssimo e quando chego em casa tenho ouvido muita bossa nova, música daqueles que souberam sintetizar como ningúem todo esse clima de descontração que o fim de tarde nos passa.

Tenho que destacar mais uma daquelas músicas que me marcam (e que certamente marcou muita gente) e que tem todo esse clima: "Tarde em Itapoã", que foi brilhantemente escrita pelas quatro mãos de Vinícius de Morais e Toquinho, que foi honrosamente defendida por inúmeros intérpretes e que tive a felicidade de conferir recentemente em uma versão drum 'n bass feita pelo grupo Kaleidoscópio, que inseriu uma batida moderna à música sem tirar aquele bafo de maresia que a letra e a melodia carregam.

"Ah, mas Brasília não tem praia" dirão alguns, mas e daí? A praia é só mais uma composição. A natureza é bela e rica o suficiente para nos fornecer elementos à altura, talvez isso é que tenha levado Lúcio Costa a dizer que "o céu é o mar de Brasília". Particularmente acho que não precisaríamos abstrair tanto, bastava que se democratizasse o acesso ao Lago Paranoá. Imagine o mesmo aberto à banhistas que pudessem desfrutar de quiosques e bares, ideias para se reunir com amigos aproveitando a brisa que bate vindo do lago. Imagine o quanto isso não renderia para o turismo, a economia e o bem-estar de Brasília. Agora imagine quantas pessoas têm o pensamento mesquinho de que o lago foi feito para que pessoas endinheiradas fechassem seu naco de orla para deleite pessoal, afinal se eu posso montar uma prainha particular aqui em casa pra poder estacionar minha lancha por que dividiria este espaço com desconhecidos? Aqui tem tão pouca margem não é mesmo?

Mas voltando ao pensamento inicial, acho que estes momentos de descontração devem ser bastante valorizados pois é a "hora feliz" que temos para sermos nós mesmos e para sermos criativos naquilo que gostamos, e assim evoluirmos como pessoas e não como máquinas de estudar e trabalhar. Lembremos que quando buscamos nossas lembranças e a repassamos aos outros lembramos bem mais dos momentos de lazer e descanso do que dos momentos de trabalho, agora se você está invertendo esta equação é bom soar o alarme e voltar a ser você mesmo e não ser uma engrenagem da empresa ou um acumulador de apostilas.

Seja feliz e se permita ser feliz do jeito que você gosta, não estou pregando pra ninguém que é ruim trabalhar, mas sim que deixemos espaço em nossas vidas para exercitar nossa vontade. Desfrute este momento mágico de transição, do encontro do dia com a noite, sem remorso algum.

Você não terá seu salário descontado e nem marcará menos questões no concurso por isso.

Agora são 17:48, e termino de escrever mais uma vez mirando no que vi e acertando no que não vi. Ainda bem. Com isso aproveitei bem meu fim de tarde.

2 comentários:

  1. Eu simplesmente AMO o pôr-do-sol!
    Aqui em Belém tem até a praia(de rio ou de mar, vc escolhe), pra compor o cenário, mas sabe de uma coisa? Brasília ñ precisa de praia, pq Brasília tem o mais bonito céu que eu já conheci...

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  2. Puxa, Clébio, não sabia que você escreve tão bem, viu. Tô saboreando teus textos. Vê se posta por aqui com mais frequencia (sem trema, vivaaaaa!!!)
    Ah, aproveitei um comentário teu no meu blog e fiz o post de hoje, dá uma olhada lá.
    E é isso aí: o Lago é todos, não só de quem tem lanchas!
    Beijão!

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