segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Ora, raios!


Numa dessas noites da semana passada parecia que Deus resolveu mandar um dilúvio e esqueceu de avisar a Noé, tamanha a quantidade de água que caía àquela hora. E se muita água não era suficiente caía também cada relâmpago de estremecer as estruturas de qualquer construção. Sinceramente não me lembrava de presenciar raios caindo tão perto de minha casa.

Já era tarde, hora de dormir. Me revolvia na cama na tentativa de adormecer em definitivo, mas mesmo de olhos fechados e com as janelas cobertas pelas cortinas do quarto era possível sentir as pálpebras serem atravessadas pelo clarão dos raios, ao qual logo começava a contar o tempo que levaria para que viesse o estrondo do trovão. A maioria deles vinham tímidos como quem faz primeiro um reconhecimento do terreno ou quem quer fazer charme, logo após vêm o estampido imponente, típico de filmes de terror.

A força daquele espetáculo da natureza, por mais tenebroso que a nossa imaginação faça o mesmo parecer, me impressionou naquela noite. Passou pela minha cabeça pequenos filmes de nossos antepassados aterrorizados com tal cena, imaginando que estavam sendo castigados pelos deuses por algum erro de conduta.

Praticamente todas as civilizações conhecidas interpretam os relâmpagos como mensagens divinas, principalmente como demonstrações de ira com algo que tenha sido praticado na terra. Notadamente o exemplo mais comum vem da antiguidade clássica onde Zeus era a personificação do deus supremo dos céus e da terra e senhor do tempo, dos raios e trovões, os mesmos sendo enviados como suas advertências. O detalhe fica por conta de que quem forjava seus raios era Hefesto, seu filho com Hera.

Agora a ciência (sempre ela) tem a sua explicação pronta pra estragar a nossa imaginação. Segundo a Wikipédia:

"Um raio é uma descarga elétrica que se produz entre o contato de nuvens de chuva ou entre uma destas nuvens e a terra. A descarga é visível a olho nu, com trajetórias sinuosas e de ramificações irregulares às vezes com muitos quilômetros de distância até o solo. Esse fenômeno é conhecido como relâmpago. Ocorre também uma onda sonora chamada trovão."

Entre a mitologia e a ciência existe a realidade cruel dos raios. Segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), no ano passado 75 pessoas morreram por conta de descargas elétricas em tempestades, um recorde da década. Contra isso vale a pena seguir as recomendações de sempre: Não se abrigar perto de árvores e nem ficar próximo a tomadas, se possível desligar aparelhos elétricos para evitar panes.

E uma curiosidade: ao contrário do que se costuma divulgar, carros não protegem as pessoas de descargas por conta dos pneus, mas por serem ambientes totalmente fechados, por isso mesmo quiosques e marquises não são locais 100% seguros para se abrigar. Também por conta disso não é seguro andar de moto ou bicicleta em tempestades.

Eu não consigo imaginar como fica uma pessoa atingida por um raio, e prefiro continuar sem saber como é.

Alheio a tudo isso prefiro ficar comtemplando este espetáculo sempre quando posso. Quem somos nós para tentar deter esta demonstração de força da natureza?

Um comentário:

  1. Outro dia caiu um temporal tão grande aqui na Asa Norte que fiquei com medo de sair de casa para pegar o bus. Resolvi que subiria de volta pro apartamento e telefonaria avisando que não poderia ir. Morro de medo de raios, apesar de amar chuva e achar lindas essas manifestações da natureza.
    Acabou que eu nem precisaria telefonar, pois depois vim a saber que, por causa da tempestade, a clínica estava sem energia e todas as consultas daquela tarde haviam sido canceladas.
    É só chover forte em Brasília (às vezes nem tão forte assim) que a energia elétrica vai pro espaço...

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